Moradores da comunidade do Sata, em Guarulhos (região metropolitana de São Paulo), bloquearam com pneus em chamas a rodovia Presidente Dutra, que liga SP ao Rio de Janeiro. A manifestação combativa se iniciou na manhã do dia 31 de janeiro e durou cerca de duas horas. As massas protestavam contra uma ação de despejo movida pela prefeitura que ameaça destruir os lares de pelo menos 33 famílias, e carregavam faixas afirmando que ali residiam há mais de 40 anos.
A prefeitura busca promover desde dezembro do ano passado o despejo das famílias, alegando que a área corre risco de enchentes. Oferece, em troca, um aluguel social de míseros R$ 400 reais, ignorando o fato de o aluguel da cidade de Guarulhos ser o mais caro entre as cidades da região metropolitana de São Paulo, de acordo com pesquisa do ZAP Imóveis. Os moradores realizaram pelo menos três bloqueios da rodovia desde então.
PREFEITURAS LANÇAM MILHARES DE FAMÍLIAS NAS RUAS
Prefeituras da região metropolitana de São Paulo têm despejado milhares de famílias nos últimos anos, deixando-as sem ter onde viver. Mesmo durante a lei de suspensão de despejos durante a pandemia da Covid-19, que vigorou até outubro de 2022, o judiciário do estado de São Paulo era o responsável por mais da metade das das reclamações ajuizadas por descumprimento da decisão.
Em maio de 2022, a prefeitura de Carapicuíba promoveu o despejo de pelo menos 700 moradores da comunidade Vila Municipal. As massas lutaram combativamente pela garantia de sua moradia, promovendo bloqueios com pneus em chamas e enfrentando a covardia das forças de repressão com pedras e paus.
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No mês de agosto, uma reintegração de posse na zona leste de São Paulo deixou dezenas de moradores feridos por disparos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, entre eles mulheres grávidas e um bebê recém nascido. Em novembro, cerca de 100 famílias da Comunidade Maracanã em Santo André protestaram contra a reintegração de posse da comunidade e atearam fogo a dois ônibus.
Enquanto isso, de 2019 até 2022, mais de 10 mil pessoas passaram a viver nas ruas do estado de São Paulo, segundo levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).