No dia 27 de setembro, os moradores do Morro do Amor, em Guarulhos, conquistaram em audiência jurídica a suspensão do processo de despejo movido pelo Estado contra a favela. A audiência foi marcada após uma vigorosa manifestação, realizada no dia 21 de julho, que enfrentou forte repressão, trancou um importante cruzamento da região e conseguiu adiar a remoção marcada para o dia 22 de agosto. No caso, a remoção foi adiada até a data da audiência. O despejo havia sido justificado por supostos “riscos estruturais”, mas estudos realizados pelos moradores junto de pesquisadores comprometidos de importantes universidades paulistas comprovaram que a remoção não é necessária.
Segundo processo do Ministério Público, a área possui riscos estruturais mostrados num estudo aéreo de 2014. Por outro lado, os moradores nunca viram sinais de problema generalizado e colocam que a ação veio por interesse da especulação imobiliária.
Juntos ao Movimento de Luta por Moradia, os trabalhadores conseguiram marcar um estudo sobre a condição do solo realizado por acadêmicos do Laboratório de Justiça Territorial e do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LabJuta, da UFABC, e LabHab, da USP). Desde junho, houve mutirões de limpeza para promover as higiene e segurança do bairro e facilitar a pesquisa, que provou como o conhecimento desenvolvido nas universidades pode e deve ser colocado a serviço do povo.
A partir do estudo, emitiu-se um laudo defendendo que nada indica um risco de deslizamento de terra e que o melhor método para resolver os problemas estruturais localizados está na urbanização e regularização da área. Os próprios moradores já estão cuidando de um pedaço de solo exposto e um outro onde crescem bananeiras (prejudiciais para a firmeza da terra).
Na audiência recente com o juiz da 2ᵃ vara, decidiu-se que a Prefeitura de Guarulhos tem 60 dias para apresentar um estudo próprio. Ao contrário do que sua imprensa aliada vem divulgando, o objetivo do prefeito reacionário Gustavo Costa (PSD) é contrapor o laudo já existente e justificar o despejo, tudo a serviço dos magnatas do ramo imobiliário.