SP: Moradores do Parque Novo Mundo se mobilizam contra fechamento de pronto-socorro

Cartaz em ponto de ônibus em frente ao hospital Vermelhinho. Foto: Banco de Dados AND

SP: Moradores do Parque Novo Mundo se mobilizam contra fechamento de pronto-socorro

Os moradores do bairro do Parque Novo Mundo, na Zona Norte de São Paulo, e apoiadores do Jornal A Nova Democracia, estão se mobilizando contra o fechamento do pronto-socorro do Hospital Vereador José Storopolli, conhecido pela comunidade como “Vermelhinho”. O fechamento foi informado na reunião do Conselho Gestor de Supervisão Técnica da Saúde da Subprefeitura de Vila Maria-Vila Guilherme, pela direção do hospital, que argumenta que o local deveria atender apenas casos graves. Ainda assim, a prefeitura não comunicou o fechamento de forma aberta, algo que irá afetar os trabalhadores com os “remanejamentos”, além dos milhares de usuários que dependem do hospital.

É importante ressaltar que o pronto-socorro atendeu uma média de 15 mil pessoas por mês durante o ano passado, das quais em torno de 40% são consideradas graves pelo hospital. Com o fechamento da porta de entrada para o PS, o hospital passará a “solicitar” que os usuários que vão até o hospital por conta própria, sem estar numa situação de vida ou morte, encaminhem-se para a unidade de pronto atendimento (UPA) ou uma das únicas duas UBSs da região, as quais já estão sempre lotadas e são de difícil acesso saindo do hospital.

Entrega de panfletos a crianças em van escolar. Foto: Banco de Dados AND.

Após tomada a decisão, sem ao menos comunicar os conselhos das unidades de saúde que seriam fortemente afetadas, a direção do hospital deu um prazo de 3 meses para a transição, mas enfatizou a necessidade de concluí-la “o mais rápido possível” e que esse prazo ainda era muito longo. Não se sabe se o repasse milionário que a SPDM (entidade que gerencia o hospital) já recebeu para a administração do pronto-socorro será devolvido, já que consta em seu plano de trabalho para esse ano um efetivo de funcionários para essa área do hospital.

O diretor do hospital, em reunião com o conselho gestor de Saúde da região, deixou clara sua intenção de dar um “chá de canseira” nos usuários que não estão em estado de urgência: “o paciente que puder esperar seis horas, vai esperar seis horas” e continua dizendo que “vai chegar a hora que vamos impor barreiras físicas, não deixando o portão tão aberto”. É importante ressaltar que o Hospital José Storopolli passou os últimos 30 anos seguindo o conceito das “portas abertas”, recebendo toda a população necessitada.

Os moradores, revoltados contra o desmonte de mais um serviço público do bairro já precarizado, mobilizam-se para barrar a medida absurda tomada. Após panfletagem pelo bairro e colagem de lambes, eles se organizaram em um comitê para preparar assembleias, manifestações e outras ações contra o fechamento. Na divulgação do grupo do comitê, foi informado por uma usuária do atendimento que havia outro grupo com mais de 300 pessoas se mobilizando para conter as medidas, mas, sem nenhum motivo aparente, foi tirado do ar.

Na atividade de panfletagem e colagem de cartazes, o espanto dos moradores ao se depararem com a notícia era enorme: não conseguiam ver como, na prática, o atendimento da saúde na região conseguiria se sustentar. “Se aquele pronto-socorro não tivesse aberto, eu já teria morrido”, relatou um morador de rua ao ser informado. Uma usuária relatou vir de Caieiras, a cerca de 40 km do hospital, só pela qualidade do atendimento de lá. Quando crianças do bairro foram avisadas, algumas manifestaram: “Não pode isso! Eu nasci lá!”.

Enquanto a divulgação do desmonte era feita na porta do Vermelhinho, um supervisor que trabalha para a OSS que administra o hospital, a SPDM, abordou os moradores, dizendo que havia um engano e que as portas do Pronto Socorro não seriam fechadas. Disse que só o que seria feito era o “referenciamento, passando a informação correta para os usuários” e que “não poderiam negar atendimento”. Quando os moradores questionaram sobre funcionários sendo remanejados, ele alegou que era uma mentira. Quando foi dito a ele que essa informação vinha diretamente da direção do hospital, encerrou o diálogo. A região da Vila Maria é onde a SPDM, famosa pelo descaso com os moradores e demais usuários, fornece o pior salário aos seus “colaboradores”, enquanto os repasses da prefeitura de São Paulo para a SPDM estão na casa dos bilhões.

Entrega de panfleto para moradora do Parque Novo Mundo. Foto: Banco de Dados AND.

Diante dos ataques aos direitos do povo, os moradores afirmaram que a mobilização continuará não só até que a ação seja revertida, mas até que novas UPAs e UBSs sejam construídas na região.

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