Moradores da favela Alba, na zona sul de São Paulo, fizeram no dia 27 de dezembro, um ato combativo em repúdio a morte do adolescente, Kauan Alves de Almeida, de 16 anos, executado após levar um tiro de um policial militar no rosto.
Os protestantes, em repúdio e ódio contra os assassinos, colocaram fogo em caçambas de lixo e bloquearam as ruas da favela com diversos objetos. A polícia lançou bomba de gás lacrimogêneo em direção aos moradores.
Kauan foi baleado no dia 25 de dezembro, na favela Alba, durante uma perseguição policial. Segundo testemunhas, o adolescente já tinha se rendido, e estava com as mãos para cima, quando o militar o baleou. Um vídeo que circula na internet mostra o adolescente caído no asfalto, muito ensanguentado, enquanto amigos desesperados tentavam socorrê-lo.
“Ele se assustou, os policiais pegaram, não teve nem como ele se defender. Na hora que ele levantou a mão para o alto o policial pegou a arma e já atirou no rosto dele. O policial falava ‘sai daqui, sai daqui’, e eu falei: ‘eu não vou, senhor, eu não vou, é meu amigo que está aqui no chão’. E ele: ‘sai daqui logo, menina, vai’. Eu só consegui tirar ele, porque todo mundo se revoltou na festa que estava tendo e o policial conseguiu se abaixar, porque todo mundo estava jogando coisas na polícia”, relatou uma testemunha em entrevista ao monopólio G1.
De acordo com a polícia, houve troca de tiros. Mas as testemunhas desmentem.
Segundo a mãe do jovem, o policial que baleou Kauan já tinha ameaçado-o. “Meu filho não tem arma, tem testemunha. Meu filho não estava com nada, meu filho até levantou as mãos para eles na hora que ele falou ‘perdeu, perdeu, perdeu’. O policial que atirou no meu filho é conhecido. Esse policial seguia meu filho na porta de casa. Esse policial já me intimidou. Esse policial já falou para mim: ‘seu filho vai morrer, você vai reconhecer seu filho no IML’. Então, quando ele viu meu filho, que ele reconheceu ele já foi direto na cabeça do meu filho”, denunciou.
O jovem estava internado no Hospital Saboia e morreu na manhã do dia 27 de dezembro. O outro jovem baleado na ação, Kauan Ferreira, de 19 anos, foi operado e segue internado sob escolta policial. Outro jovem, Caio Rickson Ramos Alves, de 18 anos, foi preso.
Caçambas de lixo em chamas, mostram a revolta dos moradores da Favela Alba. Foto: Reprodução
Viaturas da PM foram até a favela para tentar reprimir os manifestantes, que não se intimidaram frente aos militares. Foto: Reprodução.