Rodoviários votam pela greve durante assembleia da categoria. Foto: Reprodução
Motoristas de ônibus paralisaram o transporte rodoviário da maior metrópole da América Latina, São Paulo, no dia 29 de Junho. Cerca de 6.008 ônibus que atendem 675 linhas diurnas, além de 88 linhas noturnas, não saíram da garagem em meio a mais uma paralisação feita pelos trabalhadores para exigir condições dignas de trabalho. Devido a pressão dos rodoviários, as empresas do transporte e a prefeitura foram cumprir as reivindicações.
A decisão pela paralisação se deu após assembleia realizada no dia 28 de junho, em frente a sede do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), no bairro da Liberdade. A assembleia contou com a participação de 6 mil trabalhadores que aprovaram a paralisação, iniciada às 0h do dia 29/06.
As pautas da greve
Os trabalhadores decidiram pela greve como forma de luta para atender as seguintes reivindicações: hora de almoço remunerada, participação nos lucros e resultados (PLR), adequação de nomenclaturas e plano de carreiras do setor de manutenção, pagamento de 100% das horas extras e outros. Até a greve, as pautas eram sempre ignoradas pelas empresas.
“Já se passaram dois meses das nossas negociações e os patrões mostraram-se intransigentes, pedindo prazos, paciência e protelando decisões. A categoria está estafada dessa enrolação”, afirmou o presidente em exercício do sindicato, Valmir Santana da Paz (Sorriso).
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Essa foi a segunda paralisação dos rodoviários paulistanos em um período de duas semanas. No dia 14/06 após um dia de paralisação, os trabalhadores arrancaram dos patrões direitos como o reajuste salarial imediato de 12,47%. Na paralisação do dia 29/06 conseguiram ampliar suas vitórias e conquistaram o restante dos direitos exigidos.
Para o sindicato, a greve foi a única saída para garantir os direitos dos trabalhadores. “O descaso do SPUrbannuss levou os trabalhadores a fazerem uso da greve, que é a nossa ferramenta de luta. Não tínhamos outro caminho diante de tanto impasse e intransigência”, explicou Sorriso.
‘Justiça’ e prefeito: inimigos dos trabalhadores
Em meio a greve e a luta contra as empresas de transporte, os trabalhadores também tiveram que enfrentar o velho Estado reacionário que através do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) atacou a luta dos rodoviários, considerando a greve “ilegal” e aplicando uma multa diária de R$ 100 mil ao Sindicato.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), inimigo dos trabalhadores, buscou criminalizar os trabalhadores em greve alegando que eles eram “irresponsáveis” e que estavam em “conluio com empresários”.
As acusações de Nunes foram respondidas pelo presidente do sindicato: “Primeiramente, cabe dizer que o prefeito tem agido covardemente, pois sempre terceiriza a sua responsabilidade em dialogar com o sindicato e reconhecer a essencialidade dos trabalhadores em transportes que estão legitimamente reivindicando os seus direitos”, afirmou.
Sorriso também apontou que o prefeito de São Paulo age com desprezo para com os trabalhadores do transporte, que compuseram uma das categorias que continuaram trabalhando em meio a pandemia no país: “Foram mais de 3 mil trabalhadores contaminados e centenas de mortos pela Covid-19. Hoje os trabalhadores que tanto se doaram pedem o mínimo de reconhecimento”, afirmou.
A vitoriosa greve ocorre em meio à crise geral do capitalismo burocrático em nosso país, em que o governo militar genocida de Bolsonaro e generais tenta a todo custo prevenir grandes levantamentos de massas.