No último dia 22/09, o Comitê de Apoio ao jornal A Nova Democracia de São Paulo acompanhou o julgamento dos 18 manifestantes que foram detidos em setembro do ano passado e que estão sendo processados pela “justiça” do estado de SP. O Comitê de apoio também acompanhou a manifestação que aconteceu ao lado de fora do tribunal e conversou com pais e simpatizantes que estavam presentes no local.
Ocorreu na sexta-feira (22/09), a primeira sessão do processo contra 18 ativistas no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, na zona oeste de SP. A denúncia movida pelo Ministério Público (MP) contra os jovens foi aceita pela juíza Cecília Pinheiro da Fonseca, da 3ª Vara Criminal do Fórum Criminal da Barra Funda. Os estudantes estão sendo acusados de associação criminosa e corrupção de menores. Os réus estão respondendo em liberdade ao processo, mas, caso forem julgados culpados, a pena pode chegar até a 4 anos de reclusão.
JUDICIÁRIO: INSTRUMENTO DAS CLASSES DOMINANTES
Dando aval para as crescentes perseguições políticas aos movimentos populares e pessoas que lutam, o judiciário mais uma vez mostra as suas garras contra o livre direito de manifestação e organização, mostrando, mais uma vez, o seu caráter reacionário. Na tentativa de criminalizar os protestos, a “justiça”, através desse processo contra os 18, tenta abrir precedente para que manifestantes sejam processados e julgados pelo simples motivo de protestar.
O julgamento serviu para os acusadores vomitarem todo tipo de calúnia e apresentarem provas forjadas e insuficientes contra os estudantes processados. As testemunhas de acusação são os mesmos policiais que realizaram a detenção de forma arbitrária no dia da manifestação. Tais policiais que acusam os jovens também se contradisseram durante todo o julgamento, sendo que, em vários momentos, deram explicações divergentes de onde partiu a denúncia no dia do protesto e até mesmo entraram em contradição em relação a quem estava no comando da operação. As provas apresentadas também são insuficientes, já que foram apreendidos com os manifestantes vinagres e materiais de primeiros socorros. Materiais esses que são frequentemente usados em manifestações, já que são utilizados para amenizar os efeitos de gás lacrimogêneo, mas, para a juíza que aceitou a denúncia, são materiais que dão indícios de associação criminosa.
CRESCENTE PERSEGUIÇÃO AOS MOVIMENTOS POPULARES E ATIVISTAS
Com os fatos apresentados, fica evidente que a principal motivação do processo é de caráter político, unicamente no sentido de perseguir e criminalizar protestos e tentar intimidar o povo, que está cada vez mais se levantando de forma radicalizada contra todo tipo de exploração e opressão. Vemos também que o principal alvo dessas perseguições é a juventude, por ser justamente a juventude que está nas linhas de frente da luta. A lei “antiterrorismo” aprovada pelo gerenciamento de Dilma Rousseff/PT – que abriu um perigoso precedente contra movimentos populares – é exemplo cabal da crescente racionalização do velho Estado genocida brasileiro.
MANIFESTAÇÃO DE APOIO
Do lado de fora do tribunal, ocorreu uma manifestação em apoio aos jovens acusados injustamente. Contando com a participação de diversos ativistas, familiares e movimentos populares, o ato teve como objetivo esclarecer para a população o caráter farsesco do julgamento, além de fazer pressão pela absolvição dos 18 estudantes. Palavras de ordem como Presos políticos, liberdade já! Lutar não é crime. Vocês vão nos pagar! foram entoadas pelos militantes.
A segunda parte do julgamento está marcada para o dia 10 de outubro e mais uma manifestação está sendo organizada em frente ao tribunal criminal.