Repercutimos nota assinada pelo Comitê Estudantil de Solidariedade Popular (CESP). Nela é denunciados ataques à educação do governo de Bolsonaro/generais. Os ativistas também fazem a defesa da posição de que o movimento estudantil impulsione trabalhos coletivos como o reforço escolar e outros em meio ao agravamento da situação de genocídio planificado.
O Comitê Estudantil de Solidariedade Popular (CESP), composto por estudantes, professores, moradores do Bairro dos Pimentas e apoiadores, saúda calorosamente todos e todas aqueles que seguem lutando por colocar a universidade a serviço do povo. Temos recebido inúmeras mensagem de apoio online; doações em dinheiro, em materiais; sugestões de atividades; ajuda nas atividades presenciais. Saudamos a todos que dentro das suas condições apoiam as ações de solidariedade popular e classista que temos desenvolvido, pois dessa forma podemos colocar cada vez mais a Universidade à serviço do povo.
Foto: Reprodução
Desde a imposição por parte do MEC da fracassada EaD nas Universidades brasileiras, temos afirmado que esse é o maior ataque privatista dos últimos anos, que junto ao corte de verbas de bilhões de reais anunciado pelo governo federal representa uma ameaça de fechamento das Universidades públicas. Reiteramos diversas vezes que o caminho em defesa do ensino público e gratuito não é o de aceitar a precarização do ensino com essa modalidade falida que é a Educação à Distância e sim o de BOICOTAR O ENSINO REMOTO e COLOCAR A UNIVERSIDADE A SERVIÇO DO POVO, pois em meio ao pandemia, a população mais pobre tem sido abandonada por esse Estado, que em momento algum garantiu condições dignas para o povo se proteger: não há testes, não há leitos nem respiradores, não há oxigênio e muito menos vacina para o povo. Enquanto isso, sobra carestia de vida, corte de salário, repressão e genocídio.
A realidade do povo no campo e na cidade não é o cumprimento de uma quarentena confortável em mansões regada à whisky, cerveja, picanha, bacalhau e leite condensado – como a dos reacionários e assassinos generais e seus asseclas. Pelo contrário: nunca deixaram de pegar transporte público abarrotado um dia sequer, seja para trabalhar ou procurar um emprego cada vez mais raro. Os cômodos apertados divididos por várias pessoas, a falta de saneamento básico e de atendimento médico, são exemplos do cotidiano da maioria do povo brasileiro, que não tem a opção de não se expor ao risco de contaminação.
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Diante desse cenário nefasto, onde o genocídio levado a cabo pelo Estado já ceifou mais de 242 mil vidas, temos brigado por nos lançar na ajuda ao povo. Fizemos doação de máscaras e distribuímos panfletos com manuais de prevenção à covid-19. De porta em porta, conversamos com os moradores para saber como estavam passando por esse momento de pandemia, suas dificuldades, dúvidas, para dessa forma ajudá-los a resolver os seus problemas. O mais imediato era, sem dúvidas, a dificuldade causada pela crise econômica: desemprego, corte de salário, falta de alimentos devido ao aumento abusivo dos preços, etc. Assim, organizamos uma vigorosa campanha de arrecadação de alimentos sem nenhuma ajuda de prefeitura, governo, ONG ou qualquer outra instituição. Passamos de casa em casa pedindo doações para aqueles que, ainda que não tivessem muito, pudessem contribuir e ajudar seu vizinho num exemplo de espírito de solidariedade classista. Uma dezena de cestas foi montada com as doações e entregue para as famílias que mais precisavam.
Outra dificuldade muito citada pelas famílias era em relação a vida escolar de seus filhos. Fora das escolas – em decorrência da suspensão das aulas presenciais – as crianças não tem conseguido realizar as atividades entregues ou enviadas via WhatsApp. Categoricamente, muitos pais afirmavam: “meu filho não aprendeu nada e ainda querem que passe de ano; prefiro que ele seja reprovado para que aprenda de verdade”. Dessa forma, organizamos a realização das atividades do reforço escolar, as quais foram amplamente apoiadas pelos pais e pela administração do condomínio, que gentilmente disponibilizou o salão social para a realização das aulas, uma vez que a universidade, ainda que tenha espaço adequado, encontra-se trancada e empoeirada, num verdadeiro desserviço à população de seu entorno.
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É no processo de aplicação prática das ações que podemos identificar os acertos, mas também os erros, sempre com o propósito de corrigi-los, para em seguida voltar a prática. Assim é que se produz o conhecimento científico e se desenvolve a luta popular, em meio a avanços e recuos, enfrentando adversidades e aprendendo constantemente, sem abandonar os objetivos e propósitos. Diante disso, assumimos nossa responsabilidade pelo erro cometido na atividade anterior, onde por descuido deixamos que as crianças abaixassem ou tirassem suas máscaras durante a aula de reforço. Retificamos nosso erro na atividade seguinte, pois sabemos da importância de se atentar e seguir rigorosamente os protocolos de biossegurança para a prevenção da Covid-19.
A perfeição só existe no mundo das ideias e fantasias. Estamos abertos ao debate e aceitamos todas as justas críticas que buscam fazer essa ação de solidariedade algo melhor, pois o coletivo é a melhor forma de elevar nossa prática. Sugestões e críticas são muito bem vindas, diferente de algumas mensagens que recebemos, que não passaram de ataques pessoais, rasteiros, desrespeitosos e que buscavam unicamente desqualificar todo o trabalho, para reduzi-lo e miná-lo. Essa prática nefasta de nada serve ao movimento estudantil e a luta popular, pois independente das críticas e divergências que temos, jamais entraremos no terreno da desqualificação pessoal e dos ataques focados em espantalhos criados por quem ataca, pois essa é a velha e ultrapassada forma de se fazer política das classes dominantes e suas brigas palacianas. Disso queremos distância, pois o ataque raivoso e destrutivo em nada se diferencia da política obscurantista e negacionista do governo federal de atacar e criminalizar todos aqueles que lutam. O movimento estudantil precisa de debate e desenvolvimento coletivo e é nele que podemos elevar a atuação para sermos mais fortes.
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Por fim, convidamos novamente a todos e todas a participarem das atividades de reforço escolar, apoiarem com doações, sugestões, ou da forma que puder. Coletivamente e em meio a aplicação, nossas ações tendem a melhorar e se desenvolver cada vez mais. Não podemos deixar o movimento estudantil cair no completo imobilismo, pois é isso que o governo de generais/Bolsonaro quer: atacar o povo brutalmente sem que haja resistência. Mais do que nunca precisamos ligar o movimento estudantil aos interesses do povo. Somente dessa forma poderemos elevar o patamar da luta popular, em geral, e da luta em defesa de um ensino público, gratuito, democrático, com autonomia universitária e que esteja a serviço do povo!
ABAIXO A EAD NAS ESCOLAS E UNIVERSIDADES!
PELO DIREITO DE ENSINAR, ESTUDAR E APRENDER!
BOICOTAR A EAD E COLOCAR AS UNIVERSIDADES E AS ESCOLAS A SERVIÇO DO POVO!
CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS!
VACINA PARA O POVO JÁ!
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