SP: Operários em greve protestam contra terceirização em fábrica da Mercedes-Benz

Medida deve afetar cerca de 500 operários. Trabalhadores denunciam que 305 estão sob risco de demissão.
Operários exigem revogação da decisão. Foto: Vanderlei Duarte/EPTV

SP: Operários em greve protestam contra terceirização em fábrica da Mercedes-Benz

Medida deve afetar cerca de 500 operários. Trabalhadores denunciam que 305 estão sob risco de demissão.

No dia 4 de julho, dezenas de operários em greve de uma fábrica da Mercedes-Benz, em Campinas, São Paulo (SP), protestaram contra a terceirização dos setores de logística, vendas e remanufatura da empresa. A medida deve afetar cerca de 500 operários e foi denunciada pelos manifestantes como uma “precarização mais acentuada dos trabalhadores”. Os operários também afirmam que há cerca de 305 trabalhadores que estão sob risco de demissão pela empresa.

A manifestação contou com a presença de cerca de cem operários, além de apoiadores, e ocorreu na frente da sede do Ministério Público do Trabalho da 15° Região. Os trabalhadores afirmam que “não aceitarão os pacotes de demissões propostos pela empresa para o encerramento das atividades”. Eles exigem a revogação total da decisão de terceirização e a preservação dos empregos, salários e direitos. 

Os trabalhadores se encontram mobilizados desde o dia 27 de junho, quando a medida foi anunciada pela empresa e os operários responderam com a deflagração de uma greve até o dia 05/07, data da reunião do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região com a Mercedes-Benz. Os manifestantes denunciam também a tentativa da empresa de dividir os operários da empresa, a fim de impedir uma mobilização unitária contra as demissões e precarização do trabalho. 

— Na fábrica tem 520 trabalhadores aproximadamente e a proposta dos caras é dividir em três. Estrategicamente eles dividiram os trabalhadores em três grupos para dificultar a mobilização. Setor administrativo, com 216 trabalhadores, serão transferidos para São Bernardo, e do restante duas operações, de logística e remanufatura, com 140 na manufatura e 130 na logística. Eles tão dizendo que vão concluir a operação da logística agora em dezembro e a da remanufatura em dezembro lá de 2024. Percebe? É uma estratégia da empresa com o objetivo de desmobilizar uma ação unitária dos trabalhadores — afirmou Sidalino, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região ao AND

Apesar das manobras, ele conclui: 

— Até o momento, os trabalhadores estão muito firmes no sentido de continuar parados [em greve].

A grave situação dos operários em Campinas é reflexo da crise geral do capitalismo burocrático brasileiro, cenário em que aumentam-se os ataques da grandes burguesia contra os operários na tentativa de preservar a superexploração e manter os superlucros, tanto na forma de terceirização dos serviços (cada vez mais frequente desde a reforma trabalhista de 2017) quanto na paralisação das atividades seguidas de demissões em massa, como foi o caso da Volkswagen, que suspendeu a produção nas unidades de São José dos Pinhais (PR), São Bernardo do Campo (SP) e Taubaté (SP). 

Medida similar também foi tomada pela General Motors em março, quando a fábrica paralisou suas atividades por 13 dias em São José dos Campos (SP) e iniciou um processo de demissão em massa, interrompido após uma greve com protestos realizada pelos operários. 

Frente a isso, as medidas do governo federal de “incentivo fiscal” (benesses na forma de bilhões de reais em crédito) às grandes empresas se mostram incapazes de resolver os problemas profundos da crise no País, servindo unicamente à agradar a grande burguesia e imperialistas em detrimento cada vez mais dos direitos e interesses do povo. Semanas após a destinação de R$ 1,5 bilhão dos cofres públicos às grandes empresas automobilísticas com o objetivo de aumentar ainda mais seus lucros, o programa de “Carro Popular” de Luiz Inácio se mostrou um fracasso no que tange à geração de empregos ou até mesmo na popularização, de fato, dos preços dos automóveis. Por sua vez, os operários de todo o Brasil, que conduzem importantes greves desde o início do ano, mostram que somente a luta independente é capaz de confrontar os sucessivos e graves ataques e garantir, palmo a palmo, os direitos do povo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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