Foto: Portal GGN
A cidade de são Paulo registrou no dia 22 de agosto, a menor temperatura do ano, com mínima de 8,2ºC por volta da 1h da manhã. Devido a está baixa temperatura e ao descaso da prefeitura de São Paulo, cinco pessoas em situação de rua, morreram na cidade nos últimos dois dias em decorrência do frio, de acordo com o Movimento da População de Rua do Estado de São Paulo.
Uma das vítimas, uma mulher, foi encontrada pela Guarda-Civil Metropolitana na Praça da Sé, após chamado de um munícipe, e um homem de 39 anos foi achado nas imediações da Rua 25 de Março. As identidades não foram divulgadas as duas ocorrências foram registradas como mortes suspeitas no 1º Distrito Policial (Sé). Segundo o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral Povo da Rua, outras três pessoas em situação de rua morreram na cidade desde a quinta-feira (20), incluindo um deficiente físico.
Para Robson Mendonça, integrante do Movimento da população de rua, às mortes deste final de semana evidenciam a negligência do governo com a população em situação de rua. Em 2019, seis óbitos em decorrência do frio foram registrados.
O Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, lamenta os cinco óbitos e endossa a crítica à Prefeitura.
Ele relembra que, em meio à pandemia, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) recomendou ao prefeito da capital que acolhesse os sem-teto em espaços e imóveis vagos da rede hoteleira da cidade, assim como em prédios públicos municipais ociosos. O despacho assinado em maio previa urgência na criação de, no mínimo, 8 mil vagas para acolhimento e não houve respostas.
“O povo da rua não é carro para ter vaga. É gente, precisa de um lugar. Tem questão de território, de pertences, do local. ‘Tem uma vaga em Itaquera’. Não adianta falar isso para alguém quem está na Brasilândia. No abrigo emergencial na Mooca, eles dormiram em uma quadra. Você dormiria em uma quadra em uma noite como esta?”, questiona Lancelotti, em referência à noite mais fria do ano. “Em muitos lugares há insalubridade, falta de condições de higiene, falta de condições dignas de sobrevivência. De limpeza, de banheiro. Como tomar um banho num local onde 50 pessoas tomaram banho? ”, complementa o padre.
Movimentos de defesa a vida e a pessoas em situação de rua, lançaram no dia 22/08 um documento intitulado Em Defesa da Vida da População em Situação de Rua, em que denunciam a falta de ações da prefeitura. Segundo o texto, o que matou as pessoas “não foi o frio ou a chuva, pois o frio e a chuva são o mesmo para todos, mas sim a falta de assistência e situação de invisibilidade que as pessoas em situação de rua são submetidas, e principalmente pelo descaso e pelas ações criminosas do governo”.