Dois policiais militares estão sobre o corpo da vítima enquanto um socorrista do Samu deixa de prestar atendimento a Bruno Gomes de Lima, em Diadema. Foto: Reprodução
A Polícia Civil de Diadema, no ABC Paulista, investiga a conduta dos policiais que participaram da abordagem e do assassinato do jovem Bruno Gomes de Lima, de 23 anos. Moradores fizeram fotos e vídeos de momentos depois da morte do jovem, que mostram policiais debruçados sobre o corpo da vitima já morta, e um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel (Samu) em pé, atrás deles, sem poder prestar atendimento ao rapaz. Em outra parte do vídeo é possível ver vestígios de água no chão, que podem indicar tentativa por parte dos policiais de adulterar o local onde ocorreu a morte do rapaz.
A Polícia Civil também está investigando o fato de a arma usada por um dos policiais militares para atirar contra o rapaz ter sido apreendida por um oficial do 24º batalhão e não ter sido levada imediatamente para ser periciada pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo.
A execução do jovem ocorreu no dia 17/11 por volta das 23h20, após ele ser perseguido e abordado por policiais militares em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Segundo relato de Katia Aparecida de Lima, mãe do rapaz, o filho tinha chegado do trabalho e disse que iria para a casa de um amigo de moto. Ele havia esquecido a carteira com documentos em casa. A mãe ainda relatou que o filho iria dar carona a um outro amigo, no caminho.
A mãe do rapaz chamou a ação dos policiais de execução. “Se ele não estava com documento da moto, se ele tentou dar uma fuga, tudo bem, ficou com medo. Deram um tiro no pescoço dele, o tiro foi para executar ele logo. Não revistaram ele. Levassem para delegacia, fizesse o que quisesse, mas não mata meu filho, ele não resistiu”, falou a mulher em entrevista ao monopólio de comunicação TV Globo.
“Meu filho era um menino dócil, amigo de todo mundo, bom filho, sempre me respeitou. Não estou acreditando”, finalizou a mãe revoltada. Segundo os policiais, Bruno teria reagido à abordagem e entrado em luta corporal com um dos PMs levando o tiro fatal no pescoço o que o levou a Óbito. A versão da polícia é contestada pela família e por especialistas em segurança, uma vez que Bruno estava desarmado e não teria como ter entrado em luta com um policial armado, após um tombo de moto.
Bruno Gomes de Lima Simon Fuentes, 23 anos, foi ferido com um tiro na região do pescoço e não resistiu, após uma abordagem policial. Foto: Reprodução
Mortes por policiais em 2020 batem recorde em SP
O número de pessoas assassinadas por policiais militares dentro e fora de serviço no estado de São Paulo, de janeiro a maio de 2020, é o maior de toda da série histórica iniciada em 2001: foram 442 pessoas.
Segundo levantamento feito pelo site G1, o número de mortos por policiais de batalhões das cidades da Grande São Paulo, com exceção da capital paulista, aumentou 70% de janeiro a maio de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.
Nos batalhões da cidade de São Paulo o aumento foi de 34%, número superior ao aumento de 25% na letalidade policial do estado como um todo: de 350 mortos em 2019, para 442 neste ano. De janeiro a maio deste ano, 119 pessoas foram mortas por policiais subordinados ao Comando de Policiamento da Capital (CPC), contra 89, em 2019.
Já nos batalhões do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), os policiais mataram 54 pessoas nos cinco primeiros meses de 2019 e 92, em 2020. O CPC tem 31 batalhões e o CPM, 21.