Ambulante é torturado dentro de Batalhão da PM em São Paulo. Foto: Reprodução
Policiais Militares de São Paulo foram flagrados por câmeras de monitoramento torturando um trabalhador ambulante dentro da 3° Companhia do Batalhão da Polícia Militar (PM), no bairro Grajaú, na zona sul da capital paulista, no dia 1 de maio.
No vídeo, cerca de dez policiais formam uma roda e colocam o trabalhador algemado no meio. Os militares espancam e xingam o homem. “Aí eles me colocaram uma roda de policial assim, comigo no meio, alguns me agrediram, outros ficavam olhando, principalmente uma mulher policial. Ela era a que mais me xingava, mais me agredia”, contou o trabalhador.
Logo após a sessão de espancamento, o homem que o tempo todo estava com as mãos para trás e algemadas, foi levado pelos PMs para o porta-malas de uma viatura que estava estacionada no pátio do batalhão. Lá o homem foi obrigado a entrar na traseira no veículo, e um policial pega um frasco e joga dentro do porta-malas. O policial tranca todo o veículo enquanto os outros militares riem. Segundo o ambulante, o frasco era de gás de pimenta, material capaz de asfixiar e matar uma pessoa.
Depois de minutos os policiais abriram o porta-malas e encontraram o homem imóvel, como se estivesse desmaiado ou sem forças. Um dos PMs aponta uma lanterna para o rosto do trabalhador. Neste momento nenhum dos militares prestou socorro ao ambulante e continuaram rindo da situação.
O trabalhador que tinha sido preso por desacato, conta que ao invés de ser levado para a delegacia foi conduzido para o batalhão da PM. Ele contou que passou 40 minutos de terror dentro do prédio: “Eles me pegaram e me amarraram igual a um porco, me algemaram para frente e me amarraram os pés e as mãos. Cheguei no hospital amarrado, igual a um porco”, disse o ambulante.
A PM informou, somente no dia 12 de maio (12 dias após o ocorrido), que dez policiais identificados nas imagens foram afastados das ruas.
SP lidera ranking de denúncia contra abusos policiais
O estado de São Paulo lidera o ranking de denúncias contra abusos e violências praticadas por policiais, segundo divulgou o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2020, no ano de 2019 foram feitos 319 registros contra policiais.
O levantamento mostra que os principais tipos de violação cometidas por policiais são: tortura, violência física, institucional, psicológica ou sexual, negligência, discriminação, exploração do trabalho infantil, trabalho escravo, entre outras.
O levantamento indica também que a maioria das vítimas de violência policial no país são homens jovens. Além disso, o relatório do governo federal mostra que essas violações ocorreram em presídios, cadeias, unidades de medidas socioeducativas, nas ruas e até mesmo na casa das vítimas.