No dia 4 de junho, centenas indígenas de 16 etnias protestaram na região de Pirituba, Zona Norte da Capital paulista, por terra e contra o projeto de lei (PL) 490, o “marco temporal”. O PL 490, alterado para PL 2903 após aprovação no Congresso e chegada no Senado, está sendo denunciado por beneficiar o latifúndio e o agronegócio ao inviabilizar quase completamente a demarcação de novas Terras Indígenas (TIs) e impedir a expansão das atualmente demarcadas. O recente protesto é continuidade da mobilização nacional dos povos originários brasileiros pelo sagrado direito à terra.
A marcha concentrou-se na TI Jaraguá e percorreu por seis quilômetros até o Pico do Jaraguá. Além da exigência por terra e contra o marco temporal, os manifestantes rechaçaram a repressão covarde da Polícia Militar (PM) e as ameaças constantes contra os indígenas que bloquearam a rodovia Bandeirantes, em SP, com pneus e toras em chamas no dia 30 de maio, data da aprovação do projeto no Congresso.
Dezenas de faixas carregadas por crianças, aldeões e anciãs denunciavam a bárbara repressão com as consignas Não joguem bomba na nossa Tekoa!, Nossa história não se apaga com bala de borracha! e 523 anos de violência! Basta!. Uma intervenção ao final da manifestação afirmou que “não teremos outra opção caso essa PL caia sobre nós que não responder com guerra”.
Além da repressão brutal do dia 30/05, os povos indígenas denunciaram que têm enfrentado repressão também do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que expediu uma liminar proibindo novas manifestações na rodovia Bandeirantes e que ameaçava os indígenas com multas de até R$ 20 mil. A decisão também autorizava de antemão a intervenção da PM. A medida foi notificada aos indígenas no dia 03/06 a partir de uma invasão da TI por PMs e um oficial do TJ-SP. Na ocasião, os militares fortemente armados afirmaram que os indígenas estavam proibidos de bloquear a rodovia e que interviriam em caso de nova tentativa.
Durante o protesto, brigadistas de AND estiveram presentes realizando vendas do jornal e denunciando o PL 2903, bem como os diversos crimes cometidos contra o povo e em defesa do justo direito à manifestação.
