Rodoviários de nove empresas de ônibus da capital paulista realizaram uma grande paralisação na manhã do dia 29 de maio, com assembleias em todas as garagens. Eles reivindicam a recomposição salarial, maiores ganhos no Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e remuneração dos 30 minutos de refeição, direitos atacados pelas grandes empresas do transporte durante a pandemia da Covid-19. A mobilização já foi responsável pela conquista da data-base (período do ano destinado à correção salarial e revisão das condições de trabalho para cada categoria) para a categoria.
A paralisação ocorreu nas empresas Grajaú, MobiBrasil, Transppass, Viação Campo Belo, KBPX, Metrópole 3, Santa Brígida, Gato Preto e Sambaíba. Após o término das assembleias, os trabalhadores do setor da manutenção dos ônibus também realizaram protestos nos seus locais de trabalho, que duraram toda a manhã. Nos terminais e pontos de ônibus foi feita a distribuição da Carta Aberta à População pelos rodoviários e trabalhadores da manutenção.
Atualmente, os trabalhadores se encontram em período da formação da convenção coletiva de trabalho, tendo, até agora, todos seus direitos básicos negados pelas grandes empresas. Os condutores exigem aumento real, e não o magro reajuste de 3,5% do índice da inflação do período para os salários e tíquetes-alimentação, assim como um maior PLR. A data-base, conquistada pela mobilização, sequer era reconhecida pelas empresas antes da greve.
Como reação à grande importância e força da categoria dos rodoviários em mobilização, a entidade reacionária São Paulo Transporte (SPTrans), que gerencia o transporte público de São Paulo, acionou a polícia contra os trabalhadores, registrou um boletim de ocorrência e autuou as concessionárias pelas viagens não realizadas.
Nenhuma dessas medidas reacionárias abalou a vontade de lutar dos rodoviários, que marcaram um protesto saindo da sede do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) rumo à Prefeitura de São Paulo, para o dia 30/05, às 15 horas. Os trabalhadores marcaram ainda uma nova manifestação no dia seguinte,no terminal Parque Dom Pedro II.
O plano de luta e a rejeição à proposta salarial das empresas foram aprovados em unanimidade pelos trabalhadores motoristas e da manutenção nas assembleias, demonstrando a revolta dos trabalhadores contra suas condições de trabalho e a necessidade de lutar pelos seus direitos pisoteados.
2023: ano de luta para os rodoviários
No ano de 2023 ocorreram grandes greves e manifestações de rodoviários exigindo condições de trabalho dignas. Elas ocorrem em rechaço ao grave ataque aos seus direitos durante a pandemia da Covid-19, quando grandes empresários demitiram trabalhadores em massa, congelaram salários, acabaram com a profissão de cobrador em muitos locais, parcelaram vales-alimentação, entre outros ataques a direitos conquistados em meio a dura luta pelos trabalhadores.
O ano se iniciou com uma grande greve dos trabalhadores rodoviários de Belo Horizonte (MG) em janeiro; no mês de março, rodoviários de Teresina (PI) realizaram uma greve com 100% das frotas paralisadas; em abril, trabalhadores do transporte público de Recife (PE) bloquearam o Terminal Integrado do Barro durante uma manifestação por melhores condições de trabalho e infraestrutura dos terminais; no mês de maio, trabalhadores da Grande São Luís (MA) também realizaram uma greve com 100% das frotas paralisadas por cinco dias. Em todas essas lutas, com a mobilização intensa dos trabalhadores em greve, os direitos exigidos foram conquistados.