Desde dezembro, a região da Baixada Santista, litoral de SP, tem presenciado um surto de virose gastrointestinal que tem sobrecarregado o sistema público de saúde. Os postos do SUS estão lotados e as farmácias esgotadas. Uma jovem de Cristais Paulista, no Interior, morreu depois de voltar de viagem ao Guarujá e dar entrada na UPA com sintomas de virose.
São 7,3 mil casos desde dezembro, de acordo com os dados das prefeituras que divulgaram os números exatos, sendo 1,8 mil em São Vicente, 2,1 mil em Guarujá e 2,3 mil em Santos. Outras não divulgaram a informação precisa. A prefeitura de Praia Grande justificou que não enfrenta um cenário de surto. Diversos casos são de trabalhadores de outras partes do estado que tiraram férias na região.
Diante de uma população de 300 mil, Guarujá conta com apenas 2 UPAs (unidades de pronto atendimento) e o reforço fornecido pela administração municipal foi de um médico e um enfermeiro para cada posto de saúde. Especialmente nas farmácias do SUS, faltam medicamentos utilizados para tratar os sintomas da virose gastrointestinal (analgésicos e antitérmicos principalmente).
A causa mais provável para o surto da doença é a deficiência no sistema de saneamento básico. Há um esgoto sendo despejado na Praia da Enseada, Guarujá, aparentemente de origem clandestina. Em Itanhaém, houve um vazamento de esgoto pelo qual a SaBESP (companhia privatizada responsável pelo serviço) responsabilizou o alto volume de chuvas por ter sobrecarregado um sistema dedicado aos dejetos. Ela não explicou o que aconteceu então com o sistema de escoamento de águas pluviais.
Por todo o Brasil, a população pobre enfrenta o descaso do velho Estado com o saneamento básico, que é um direito universal previsto na Constituição de 1988. O esgoto a céu aberto e despejado irregularmente é uma realidade com a qual as massas têm de conviver na falta de manutenção por parte das empresas responsáveis, geralmente de ordem estatal.
A saúde pública também se encontra muito defasada. Se em condições cotidianas já faltam medicamentos comuns nos postos, as massas correm risco de massacre no evento do surto de uma doença mais séria. Em outubro, o governo federal do oportunista Luiz Inácio bloqueou R$ 4,5 bilhões da pasta da Saúde. Depois em novembro, a Assembleia Legislativa do estado (ALESP) aprovou a PEC do governador reacionário Tarcísio de Freitas de repor verbas da Saúde tirando da educação. Ambas as políticas servem para não deixar faltar os fundos para amortização de dívidas e multas da grande burguesia, enquanto o povo sofre com a carestia e a precariedade dos serviços básicos. Prova disso é que o governo de turno de Tarcísio anunciou que abaterá R$ 846 milhões em multas por falhas da Via Mobilidade, justificando com investimentos estatais para a companhia, enquanto se discutia o aumento na passagem de trens e metrô da capital, que foi de R$ 5,00 para R$ 5,20.