Em um ambiente de grande desemprego e aumento da miséria, o terminal rodoviário de Bauru pregou cartazes instando a população a não dar esmolas objetivando, assim, expulsá-los do local. Ao lado, foi pendurada uma placa escrita “não dê comida aos pombos”, numa sutil comparação dos moradores de rua como pragas.
Seu João, um senhor que vive na miséria e que tentava conseguir seu jantar nas proximidades da rodoviária, deu seu relato sobre os cartazes: “Eu já fui expulso várias vezes daqui e de vários lugares, eles tratam a gente como cachorro, humilham. Esses cartazes só servem pra desmoralizar a gente, porque quem ajuda, ajuda, quem não ajuda, não ajuda.”.
Nos anos de 2015 e 2016, foram mais de 7,8 mil postos de trabalho fechados. A economia da cidade está ainda crise, com uma recuperação extremamente lenta e oscilante. Em 2012, antes mesmo da crise, mais de 1,4 mil famílias de Bauru viviam já na miséria.
Apesar dessa realidade que atinge milhares de famílias – fruto da semifeudalidade e do caráter semicolonial de nosso país, no qual, segundo o urbanista Edésio Fernandes, se tem quase sete milhões de famílias sem moradia e seis milhões de imóveis vazios –, os gerentes de turno não se preocupam em resolver o problema do povo.