Protestos massivos no Sri Lanka. Foto: Eranka Jayawardena
No dia 19 de abril, no distrito de Rambukkana, Sri Lanka, a polícia reacionária do velho Estado srilankês assassinou um manifestante e deixou treze feridos após várias semanas de combativas mobilizações contra a crise no país. As manifestações começaram em março, nas cidades de Kandy e Colombo (capital), mas tem se espalhado por todas as regiões.
A crise tem piorado a condição de vida já precária das massas, aprofundando a escassez de remédios e comida, causando aumento no preço do combustível, alta na inflação e cortes de energia elétrica. No âmbito do velho Estado, as massas se desiludem e se rebelam diante dos escandalosos casos de corrupção e nepotismo, que aprofundam a miséria das massas utilizando-se de recursos públicos.
Diante disso, os protestos têm se desenvolvido por todo o país em amplas mobilizações compostas por milhares de massas.
Massas combatem a repressão
Jipe policial e ônibus militar são incendiados por massas em fúria. Foto: Ishara S. Kodikara
O presidente reacionário Gotabaya Rajapaksa tem ampliado cada vez mais a repressão à justa rebelião das massas populares. Ainda em março, como noticiado em nosso portal, Rajapaksa colocou tropas do exército contra o povo para “desencorajar qualquer agitação” diante do aumento no preço do combustível. Contudo, com a continuação dos protestos combativos das massas que não recuaram frente ao exército, Gotabaya foi obrigado a revogar o Estado de Emergência.
No dia 31/03, em resposta à brutal repressão desencadeada contra o povo, manifestantes incendiaram um ônibus militar e um jipe da polícia que se encontravam na rua que levava à casa do presidente do país, na área residencial de Mirihana, em Colombo, capital do país. No dia seguinte, 01/04, manifestantes arremessaram pedras em direção à casa do prefeito de Moratuwa (conselho municipal da capital do país), Samam Lal Fernando.
No dia 03/04, durante o toque de recolher e quando ainda vigorava o Estado de Emergência, centenas de estudantes da Universidade de Peradeniya enfrentaram as forças policiais, exclamando consignas contra o presidente reacionário. Após a dispersão do protesto, um estudante declarou ao jornal do monopólio de imprensa Al Jazeera que “estaremos de volta e da próxima vez não será tão fácil nos dispersar”.
No mesmo dia, cerca de nove jornalistas ficaram feridos durante a repressão policial. Além disso, o governo bloqueou as redes sociais em todo o país para impedir que as massas divulgassem imagens da massividade e combatividade dos protestos, assim como da brutalidade da repressão.
Já no dia 19/04, após a polícia reacionária assassinar um manifestante e deixar treze feridos em uma manifestação, as massas populares arremessaram pedras nos agentes de repressão como parte de sua furiosa e justa resposta. Quinze policiais foram parar no hospital com ferimentos causados pelas pedras.
Crise no velho Estado
Durante o mês de abril, ministros de diversas áreas do velho Estado do Sri Lanka têm renunciado como resultado das mobilizações populares decorrentes da grave crise em que o país se encontra. Tais ações jogam para tentar recuperar a fé das massas no velho regime de opressão e exploração do país asiático e acabar, assim, com os protestos.
O gerente do Banco Central foi a primeira “autoridade” do governo a renunciar, devido à relação direta com a crise econômica que assola as massas, assim como o do Ministro da Justiça e do Ministro das Finanças, que renunciou após a reunião com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Ministro das Finanças, contudo, revogou sua renúncia, voltando à ativa.
Além disso, diante da crise do capitalismo burocrático no país e da situação explosiva de rebeliões populares, o reacionário Rajapaksa tem impulsionado um processo de centralização do poder no executivo através de emendas constitucionais. O conteúdo de tais medidas busca enfraquecer o parlamento e até mesmo permitir a sua dissolução por parte do Executivo.
Tanto o presidente reacionário quanto os oportunistas da dita “oposição” oferecem propostas para a saída da crise. Todas elas são falhas. Rajapaksa, além da centralização do poder nas mãos do Executivo, assumiu um discurso de união dos partidos políticos a fim de recuperar a estabilidade e pretende construir um plano de “reestruturação de débito”, colocando o país nas mãos do FMI. Os oportunistas, por sua vez, clamam por uma “reforma política” para fortalecer o parlamento.
O velho Estado semicolonial e semifeudal do Sri Lanka também vende a soberania nacional através de acordos econômicos de rapina com o FMI, mas também com outros países imperialistas, como a China.