A capital gaúcha entrou em alerta na manhã da última quinta-feira (18/06) devido à previsão de chuvas intensas, segundo o comunicado do Instituto Nacional de Meteorologia (INMet). Causando preocupação em toda a população da região metropolitana devido ao rápido aumento do rio Guaíba, a última medição realizada na sexta-feira (20/06) indicou a preocupante marca de 3,06 metros, seguindo tendência de aumentar 3 cm por hora, exponencialmente se aproximando do ponto crítico de inundação, que é de 3,60 metros. Hoje (23/06), o número de desalojados chegou a 6,2 mil.
Moradores de Canoas, município vizinho de Porto Alegre, já estão deixando suas casas nos bairros Mathias Velho e Harmonia. Na capital, os bairros Humaitá, Vila Farrapos, Sarandi e Navegantes já foram atingidos, sem mesmo o rio atingir a cota de inundação por conta da água que jorra da rede de esgoto precária e entupida e as fendas nas barreiras de contenção de água, problema já identificado em 2023 e que até hoje não foi resolvido, e estão apresentando sinais de uma escalada crítica da cheia.
Após a catástrofe iminente, como já é de praxe do teatro do velho estado, o prefeito Sebastião Melo (MDB) foi às redes sociais alertando a população para evitar sair de suas casas, e de que “as medidas necessárias já estavam sendo tomadas”. Uma mera tentativa de lavar suas mãos perante o descaso de mais uma catástrofe anunciada. Na rede social X (antigo Twitter), um usuário compartilhou um vídeo na última quinta-feira, onde se vê a comporta que dá acesso à rua Voluntário da Pátria acumulando água.
Outras comportas quebradas e caídas no chão podem ser observadas próximo da rodovia que serve de dique. Além das comportas que, contrariando a indicação de especialistas, foram cimentadas. As casas de bombas de drenagem seguem na mesma negligência, esperando por reformas desde as enchentes do ano passado.
Como foi em 2024, Melo continua a investir na porca remediação, espalhando sacos de areia pelo Cais de Mauá, ao invés de investir na prevenção destas enchentes e mitigar os impactos sofridos principalmente pelos moradores dos bairros mais pobres da capital. Seu plano de sucatear o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) com a protocolização do projeto de lei 28/2025 em maio, que prevê a concessão parcial dos serviços do departamento à iniciativa privada, continua a todo vapor. Outro fator que evidencia o sucateamento gradual é a queda brusca da mão de obra empregada no Dmae, sendo 1.448 funcionários, uma redução de cerca de -38% em relação a 2015, em que empregava 2.115 funcionários – havendo também mais cargos vagos que ocupados –, sendo mil posições preenchidas e 2.632 em aberto.
Como denunciado pelo AND, a “parceirização” do Dmae, como Melo se referiu a esta medida anti-povo, repete a fórmula da catástrofe como foi a concessão da CEEE ao grupo Equatorial, ainda mais em meio a uma crise premeditada, é a continuação do crescente descaso de Melo com toda a população porto-alegrense.
