Os manifestantes incendiaram um ônibus da polícia no parque Sveaparken em Orebro, , 15 de abril de 2022. Foto: Kicki Nilsson
A partir do dia 14 de abril, início do ramadão islâmico, grandes enfrentamentos têm acontecido entre as massas suecas, imigrantes contra grupos fascistas e a polícia. As batalhas de rua começaram quando um partido de extrema-direita organizou manifestações com a queima do Corão em diversas cidades suecas. Em resposta a isso, imigrantes responderam combatendo os grupos chauvinistas.
Até o dia 18/04, cerca de 26 policiais e 14 manifestantes, entre fascistas e massas populares em dados totais, ficaram feridos, e 20 veículos policiais foram danificados pelas massas, além de ônibus municipais. Um total de 11 pessoas foram detidas e três pessoas foram presas na cidade de Malmö. A imensa maioria de feridos e presos, entretanto, eram mulçumanos.
Kim Hild, porta-voz da polícia no sul da Suécia, havia dito no dia 16/04 que a polícia “não revogaria a permissão” para a manifestação fascista de queima do Corão em Landskrona, porque o “limite de liberdade de expressão é muito alta na Suécia”.
Sendo assim, três muçulmanos foram atingidos por estilhaços de bala após a polícia sueca ter atirado com armas de fogo contra a massa que protestava em Norrkoping, em 17/08. Os três feridos foram em seguida presos.
Povo impede manifestação fascista
Parque Sveaparken em Orebro em 15 de abril de 2022. Foto: CFP
Antes que os fascistas do partido “Linha Dura” (Stram Kurs em suéco) pudessem lograr com suas manifestações anti-povo, centenas de massas muçulmanas e proletárias entraram em confronto com os grupelhos e saíram vitoriosas, impedindo a realização delas. A polícia, que agiu ativamente na proteção das manifestações e dos fascistas, também foi alvo de ataques do povo, que atiraram pedras e coquetéis molotov.
A maioria das manifestações da extrema-direita chauvinista sueca contou com a presença do líder do Stram Kurs, o fascista Rasmus Paludan, que realiza a queima do Corão publicamente há anos, e emite discursos reacionários, principalmente em datas caras aos muçulmanos, enquanto insufla e dirige milícias de extrema-direita que realizam ataques contra muçulmanos.
No dia 14/04, além da cidade de Malmö, ocorreram enfrentamentos em Estocolmo (capital), na cidade central de Orebro, nas cidades de Linkoping e Norrkoping, no leste, e na cidade sul de Landskrona. Já no dia 16/04, quatro policiais ficaram feridos enquanto tentavam proteger fascistas que queimavam o Corão em Orebro. As massas quebraram o cordão policial que buscava isolar o Stram Kurs dos manifestantes.
No mesmo dia, em um parque em Malmö, Rasmus Paludan e seus asseclas foram apedrejados. O próprio Paludan foi atingido na perna por uma pedra. No dia 17/04, em Norrkoping, uma grande manifestação popular tomou lugar após Paludan afirmar que pretendia ir até a cidade. No entanto, ele nunca apareceu lá.
O chefe da polícia nacional da Suécia, Anders Thornberg, disse que nunca viu manifestações tão violentas como os confrontos do dia 17/04 em Norrkoping. E em um comunicado divulgado por seu partido de extrema-direita anti-imigrantes, o fascista Paludan disse que cancelou a palestra porque as “autoridades suecas mostraram que são completamente incapazes de proteger a si e a mim”.
No dia 14/04, Paludan apareceu na cidade central de Jonkoping, mas enquanto falava em um megafone enquanto segurava um Corão para ser queimado, suas palavras foram abafadas a todo momento por um padre tocando os sinos de uma igreja local em protesto.
Os manifestantes incendiaram um ônibus da polícia no parque Sveaparken em Orebro, , 15 de abril de 2022. Foto: Kicki Nilsson
Resistência popular muçulmana na Suécia
Nos anos de 2003 e 2005 ocorreram ataques incendiários à Mesquita de Malmö. Em 2014, três mesquitas na Suécia foram incendiadas e outras foram pichadas com frases racistas.
Um relatório da Pew Research de 2017 documenta a população muçulmana em 8,1% da população total da Suécia de 10 milhões (aproximadamente 810 mil). Os imigrantes na Suécia são três vezes mais passíveis de estarem desempregados do que nativos. Eles vivem em comunidades segregadas e o número de escolas no país não é o suficiente para a matrícula de crianças migrantes.
Manifestantes queimam uma barricada na entrada de um centro comercial em Norrkoping, Suécia. Foto: Stefan Jerrevang