Suécia: Massas protestam contra adesão à OTAN

Suécia: Massas protestam contra adesão à OTAN

Massas protestam contra a adesão da Suécia à OTAN.

Vários protestos das massas contra a entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ocorreram entre os dias 14 e 16 de maio em Estocolmo, capital da Suécia. As manifestações denunciam que a adesão à OTAN não beneficiará em nada ao povo sueco e colocará as massas do país à serviço dos interesses imperialistas ianques. Os Saami, povo indígena do país, também se manifestaram contra a entrada do país na coalizão imperialista, afirmando que intensificará a pilhagem de suas terras no país nórdico.

Contra a entrada de seu país na coalizão, o povo sueco tomou as ruas de Estocolmo com faixas e gritos de ordem que conclamavam Diga não à OTAN!. Os manifestantes denunciaram, ainda, o caráter imperialista da OTAN. Ulf Sparrbage, um dos ativistas presentes, afirmou ao monopólio de imprensa CCTV: “A OTAN tem feito guerras sem que nenhum país nativo [da OTAN, assinante do tratado] tenha sido atacado militarmente. Mesmo assim, eles destruíram grande parte do Oriente Médio, Afeganistão e por aí vai. Eles atuam na própria jurisdição para atacar outros países e isso tem causado muitos problemas no mundo”. 

Adesão à OTAN intensifica luta pela terra

Os Saami, um povo indígena do norte do país, se somaram às manifestações contrárias à adesão do país à OTAN. Já inseridos em um cenário de luta pela terra no país, os indígenas suecos afirmam que a entrada do país na coalizão intensificará essa disputa e prejudicará ainda mais os direitos dos povos originários à sua terra.

O norte da Suécia, área secularmente ocupada pelos Saami, tem grandes reservas de minerais, como o cobre, zinco e ferro. Desde o século XIX, essas terras são confiscadas pelo Estado sueco para a promoção de atividades econômicas extrativistas (principalmente mineração) em detrimento dos territórios dos povos originários. 

Quanto à entrada na OTAN, os Saami denunciam a possibilidade de que a coalizão tenha interesse em utilizar as suas terras para a condução de treinamentos e operações militares. Além de estimular o confisco de terras dos Saami, as atividades militares prejudicam o rebanho de renas, principal atividade econômica conduzida pelos nativos, a partir da qual se alimentam, produzem roupas e organizam seu comércio. Segundo Sara Anderson Ajnnak, do povo Saami, em entrevista ao monopólio de imprensa DW, isso se trataria somente de “uma nova forma de colonização”.

Crise do imperialismo

A adesão da Suécia à OTAN ocorre diante da atual e grave crise do imperialismo, momento em que as potências e superpotências têm buscado expandir a exploração e opressão sobre as colônias e semicolônias do mundo. Nesse sentido, os países imperialistas de segunda ordem (como a Suécia e a Finlândia) têm também avançado em sua militarização para cumprir suas necessidades imperialistas, fato que fica evidente também pelo aumento desaforado do orçamento militar desses países. 

Em 2022, a Suécia anunciou um aumento de aproximadamente 318 milhões de dólares com gastos em “defesa”, enquanto a Finlândia aumentou o seu orçamento de “defesa” em 2,2 bilhões de dólares. Para estes países, o momento atual, de maior rivalidade entre potências e superpotências, é ideal para o próprio crescimento a partir da conquista de semicolônias menos importantes na cadeia global de dominação. Por outro lado, para o Estados Unidos, a adesão também é fortuita, uma vez que garante um maior número de aliados (mesmo que aliados relativos, em constante conluio e pugna) na Europa.

Vale ressaltar também que, diferente do que é pregado pelos monopólios dos meios de comunicação, a adesão da Suécia à OTAN não significa uma “grande quebra da neutralidade militar” do país, uma vez que este integra a também imperialista Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido (JEF), força militar criada em 2015 e dirigida pelo Reino Unido. A JEF, que reúne dez países (Reino Unido, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Estônia, Islândia, Letônia, Holanda e Lituânia), conduz diversas operações na região do Mar Báltico e tem como objetivo ser uma força militar internacional para atender aos interesses do Reino Unido e seus aliados em qualquer lugar do mundo ou atuar em nome de organizações internacionais como a ONU ou OTAN. Isto é, uma força expedicionária militar criada para intensificar a exploração e opressão dos povos oprimidos sob a forma de guerras imperialistas e garantir a hegemonia dos países que a compõem, principalmente o Reino Unido.

Nesse sentido, fica evidente, como já afirmado, a crescente militarização do continente europeu, reflexo da ofensiva imperialista como tentativa de barrar a crise geral sem precedentes de seu sistema em decomposição. Ofensiva essa contra a qual os povos do mundo têm oferecido resistência cada vez mais consciente e organizada.

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