Mais de 600 famílias estão ameaçadas de despejo nas comunidades maranhenses de Sapucaia, Traíra, Canaã, Palmeira e Jurema, segundo uma denúncia publicada no dia 1° de maio pelo Comitê de Solidariedade à Luta pela Terra (Comsolute) e pelo Coletivo da Campanha Contra a Violência no Campo (CCCVC).
As comunidades ficam nos municípios de São Pedro da Água Branca e Vila Nova dos Martírios.
Segundo as informações, foi a mineradora Vale que começou com o processo de despejo, mas hoje a ação é continuada pela grande empresa de papel e celulose, Suzano S.A. O Judiciário está do lado dos latifundiários e reforçou a ordem de despejo no processo nº 0006132-51.2010.8.10.0040.
A Suzano deixou de apresentar uma série de informações sobre a terra e os camponeses em uma reunião preparatória na Vara Agrária de Imperatriz, organizada com a participação de representantes da grande mineradora, da Defensoria e do Ministério Públicos e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“A empresa afirmou não ter interesse em vender a área e não apresentou levantamento detalhado das famílias impactadas, tampouco propostas reais de reassentamento rural. O INCRA declarou não dispor de terras disponíveis para realocação, e o ITERMA sequer conhece a área em litígio. As prefeituras envolvidas assumiram papel secundário, com reconhecimento explícito da falta de infraestrutura para acolher as centenas de famílias ameaçadas”, escreve o Comsolute, em nota.
Mesmo assim, o encontro culminou na definição de um prazo para desocupação voluntária até 25 de abril de 2025, com o dia D da expulsão marcada para 13 de maio de 2025. O Comsolute defende que há documentações técnicas e laudos sociais favoráveis aos posseiros, mas mesmo assim as instituições priorizam os interesses da multinacional com histórico de crimes sociais e ambientais.
Os ativistas solidários do Comsolute e CCCVC exigem que o Incra regularize imediatamente a permanência das famílias que ocupam a área da antiga Fazenda Jurema, atualmente composta pelas comunidades.
“Essas comunidades não estão sozinhas. Sua resistência é legítima, sua luta é justa — e é também a luta de milhares de camponeses e camponesas que seguem sendo expulsos de suas terras pelo avanço voraz da mineração e do latifúndio”, diz a nota, que exige a suspensão da reintegração de posse.