TCU revela centenas de casos de nepotismo na Fundação do Exército

Uma análise do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou para centenas de casos de nepotismo na Fundação Habitacional do Exército (FHE), órgão vinculado ao Exército reacionário brasileiro e responsável por gerir a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex), que atua com créditos imobiliários.
Foto: Reprodução
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TCU revela centenas de casos de nepotismo na Fundação do Exército

Uma análise do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou para centenas de casos de nepotismo na Fundação Habitacional do Exército (FHE), órgão vinculado ao Exército reacionário brasileiro e responsável por gerir a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex), que atua com créditos imobiliários.

Uma análise do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou para centenas de casos de nepotismo na Fundação Habitacional do Exército (FHE), órgão vinculado ao Exército reacionário brasileiro e responsável por gerir a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex), que atua com créditos imobiliários. A conclusão da análise foi de que 24,2% dos 1.306 funcionários da Poupex (316 funcionários), possuem vínculo direto ou indireto com as Forças Armadas (FFAA) reacionárias.

A análise cruzou os CPFs de contratados pela associação com os de integrantes das três Forças Armadas, do Comando do Exército e do Ministério da Defesa. Foram encontrados 221 casos de relação de parentesco entre as instituições. O levantamento mostra que 50% das 221 relações de parentesco entre funcionários da Poupex e membros das Forças Armadas e da Defesa é com militares da patente de coronel ou superior.

O tribunal ainda identificou nove casos de parentesco entre a cúpula da fundação do Exército e funcionários da associação subordinada a ela.

Além das relações de parentesco, houveram ainda quase 100 casos de pessoas contratadas pela Poupex e que constavam nas folhas de pagamento das FFAA ou do ministério da Defesa.

Entidade vinculada às FFAA deforma leis em seu benefício

A FHE e a Poupex foram criadas no início da década de 1980, em um arranjo singular para o funcionalismo estatal brasileiro. A FHE é uma instituição pública de direito privado, o que significa que tem um CNPJ próprio, mas presta contas aos órgãos estatais — como o TCU. Ela tem como finalidade o financiamento de crédito imobiliário para militares. Já a Poupex é uma empresa privada, mas que foi criada exclusivamente para atender à FHE e é gerida por ela.

Para facilitar o nepotismo, a Poupex e a FHE realizaram um esquema voltado a flexibilizar ao máximo a contratação. A FHE, que possui vínculos com o velho Estado, tem seu corpo de funcionários somente a diretoria e conselho administrativo. Já a Poupex fica responsável por operacionalizar toda a atividade de créditos da empresa e contratar todo o quadro de funcionários restante, sem a necessidade de licitações ou concursos públicos. Em 2017, foram pagos pela FHE à Poupex quase R$ 210 milhões para emprego de funcionários, dos quais 24,2% possuem ligações diretas ou indiretas com as FFAA.

Para completar, os mesmos nomes que ocupam a direção da FHE também cumprem a mesma função na Poupex. O resultado é um acúmulo esdrúxulo de salários, com cerca de R$ 17 mil recebidos na FHE e R$ 19 mil na Poupex, além de quase R$ 1.500 mil em auxílios.

O TCU conclui que os estatutos da entidade “contrariam a uma série de leis”, mas propõe apenas alterações nos estatutos, não indicando qualquer punição para a diretoria, conselho administrativo, e demais responsáveis pelos casos de nepotismo.

Além disso, apesar da FHE não receber recursos diretamente do Estado, a fundação recebeu o equivalente a R$ 37 milhões em permutas com o Comando do Exército e desfruta, de acordo com próprio TCU, “no seu relacionamento com a União, de privilégios não disponíveis a entidades privadas que exercem atividades de mesma natureza”.

Mutretas e tramoias nas FFAA

As denúncias do TCU de atividades escusas são mais um episódio que revelam o nível de corrupção que predomina no seio das Forças Armadas reacionárias. Esse histórico não é novidade na caserna, e a história o comprova no regime militar e atualmente. Mais recentemente, entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, foram gastos mais de R$ 56,4 milhões nos itens para os comandos da Aeronáutica, do Exército e da Marinha, além da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), dentre as quais estavam centenas de toneladas de filé mignon, picanha e salmão.

Uma série de outros militares reacionários de alta patente se encontram envolvidos em uma porção de outras denúncias, como falsificação de cartões de vacina e venda ilegal de jóias recebidas pela presidência. São estas as FFAAs que pretendem se mostrar como “ilibadas” instituições e as únicas capazes de governar a Nação.

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