Imagem ilustrativa. Getty Images
Policiais do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar (PM) – ao qual está vinculado o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outros – invadiram o Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, no dia 6 de agosto, e deixaram rastros de terror após 12 horas de uma operação de guerra. Moradores foram alvos da rotineira ação terrorista dos agentes, revistados com hostilidade e humilhados. As informações, ainda incipientes e desencontradas, dão conta de pelo menos um morto e seis feridos.
As favelas invadidas foram a Vila do João, Vila dos Pinheiros, Palace e Salsa e Merengue, com intervenções esporádicas na Nova Holanda e no Parque União. A vítima fatal da ação da PM foi Jeferson Luciano da Silva, de 31 anos. Na página do grupo de comunicadores populares Maré Vive, em uma rede social, foi publicado um áudio no qual um homem que saía para trabalhar conta que testemunhou a execução sumária de Jeferson e contou ao grupo como tudo aconteceu. Por segurança, a testemunha não foi identificada.
“Eram 6h da manhã e eu saía para trabalhar quando ouvi o tiro. A moto do rapaz ainda estava caída e ele já estava morto. Ele apontou para o corpo e perguntou se era um ‘bom dia’ para mim. Eles me agarraram, me jogaram em um canto e começaram a revirar a minha bolsa. Um deles falou ‘a gente veio aqui para matar’.”
Jeferson já chegou morto ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Além dele, várias pessoas deram entrada na unidade com ferimentos.
Nas favelas Vila do João e Vila dos Pinheiros, foram inúmeros os relatos da ação covarde das tropas do Estado reacionário. Sessões de tortura, agressões, invasões de casas e toda ordem de humilhações e violência foram a marca desse novo episódio da guerra preventiva e reacionária dos governos Witzel-Bolsonaro contra o povo.
“Esses vermes entraram na minha travessa e invadiram a casa de uma moça que tem criança de colo. Mandaram todo mundo sair da casa com as mãos para o alto, chutando porta, gritando, um abuso. Alguns moradores saíram em defesa dela e eles deram tiro para o alto, mandando todo mundo ir embora e xingando todo mundo”, disse uma moradora da favela Salsa e Merengue, que também não foi identificada pelo Maré Vive por questões de segurança.
O grupo alertava moradores durante o dia todo sobre a movimentação da polícia e aconselhava as pessoas que fossem sair de casa para não deixarem nada de valor, visto que é muito comum policiais saquearem as moradias dos trabalhadores ao perceberem a ausência dos proprietários.
“Cuidado, hein, pessoal! Acabaram de entrar aqui em casa. Eu estava no quarto e quando percebi o policial já estava abrindo a minha porta do quarto. Não sei como ele abriu a porta da minha casa, mas não fez nenhum barulho”, denunciou um morador da Vila do João.
O governo Witzel mais uma vez mostra a que veio e cumpre todos os dias em algum lugar da cidade sua promessa de encorajar e regulamentar o terrorismo policial contra os pobres no Rio de Janeiro. Mais uma vez, foram utilizados veículos e helicópteros blindados pela polícia, que desde o início da manhã daquele dia disparavam tiros de fuzil a esmo pelas 13 favelas do Complexo da Maré.