TO: Avás-Canoeiro denunciam falta de ensino para seus alunos

TO: Avás-Canoeiro denunciam falta de ensino para seus alunos

Crianças e adolescentes do povo indígena Avá-Canoeiro do Araguaia foram abandonados pela Secretaria Estadual de Educação de Tocantins e estão sem aulas há seis meses. A denúncia é de Kamutaja Silva Ãwa, uma das líderes do grupo.

Ela, que é formada em Pedagogia, disse ao AND: “Estamos revoltados com esta situação. É um descaso inaceitável. O que você faria se seu filho ficasse tanto tempo sem aula?”

O Estado de TO afirmou que é impossível realizar a contratação de 2 professores para a escola indígena devido às restrições do período eleitoral. “Nós repudiamos esta justificativa” – reagiu Kamutaja. “Foi sua inércia e lentidão que fez com que nossos estudantes ficassem sem nenhum acesso a educação” – rebateu.

A tribo já entrou com denúncia junto ao Ministério Público Federal.

Sobraram só 5 vivos

A escola fica na Ilha do Bananal, no acampamento provisório dos Avá chamado Itaro, e é considerada uma extensão da escola Inãwébohona, dos vizinhos indígenas Javaé.

São poucos estudantes (do Fundamental e Médio) mas para os Avá, escapados por pouco de uma extinção total nos anos 1970 por culpa da ditadura militar-civil, é como se fossem centenas ou milhares.

Conhecidos na literatura como um povo que historicamente preferiu a morte a se render e estabelecer contato com os colonizadores, os Ãwa (“gente”, “nós”, “povo”, em seu idioma) resistiram isolados até 1973. Depois de um forçado e violento contato, sobraram apenas cinco pessoas em 1976. Hoje são 38.  

Mata Azul

O acampamento Itaro é provisório porque, na realidade, o grupo é dono da Terra Indígena (TI) Taego Ãwa, porém não recebe autorização para entrar nela por estar na posse de outros ocupantes.

Localizada na região da Mata Azul, no município de Formoso do Araguaia (TO), a área tem cerca de 28 mil hectares. Com extensa documentação provando ser de ocupação tradicional do povo Ãwa, ela está sobreposta por fazendas e um assentamento da reforma agrária.

O processo de legalização, que já andava lentamente antes, agora parou de vez com o governo militar de Bolsonaro/generais. 

Foto: Reprodução

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