Amantes de futebol de torcidas rivais como Racing, River Plate, Boca Juniors, Independiente, San Lorenzo, Huracán e outros se uniram para defender manifestações de trabalhadores aposentados contra o governo de Javier Milei, na Argentina, na tarde de ontem (12/3). Os protestos, marcados pelo alto nível de violência policial contra os idosos, tomaram a capital Buenos Aires e, desta vez, os policiais foram confrontados, com um saldo de seis deles feridos.
Os aposentados exigem reajustes nas pensões, sobretudo após à crescente inflação no País ter minado o poder de compra das massas populares. Além da manutenção da inflação de 84%, que só caiu por conta de uma recessão da economia no país, mais da metade da população argentina está abaixo da linha da pobreza e mais de um milhão de argentinos estão desempregados.
Os torcedores passaram a se unir às manifestações como uma resposta à brutal violência policial desatada pelo governo de Milei contra os idosos. Na manifestação de ontem, os policiais feriram mais de 60 pessoas, dentre elas uma idosa que foi lançada no chão por um policial. Um fotógrafo ficou em estado grave depois de ter sido atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo que fraturou seu crânio e levou à perda de massa encefálica. Na hora do ataque, ele precisou ser socorrido por manifestantes. Ele segue internado no Hospital Ramos Mejía.
As massas não deixaram o crime passar impune e responderam à violência policial com sua própria violência revolucionária, lançando pedras e outros objetos contra as tropas policiais e os veículos blindados equipados com jatos de água. Carros foram incendiados, tapumes viraram escudos e postes de sinalização foram usados de imensos porretes pelas massas enfurecidas.
O governo de Javier Milei fez o jogo duplo de, ao mesmo tempo, criminalizar e minimizar as manifestações. Em um comunicado, o Ministério da Segurança Nacional afirmou que qualquer pessoa envolvida em “atos violentos” ou bloqueios de vias poderia ser detida. Já o porta-voz do governo, Manuel Adorni, classificou a manifestação como “uma marcha de barrabravas seguramente de esquerda, com convocação baixa, muito baixa ou nula”.
Uma nova manifestação está marcada para quarta-feira que vem (19/3).