Na mesma semana em que veio à tona o vídeo de um militar pisando no pescoço de uma mulher negra, a Polícia Militar (PM) de São Paulo protagonizou outra cena de covardia acintosa: asfixiou um entregador de aplicativos que participava de um protesto por melhores condições de trabalho e remuneração, em plena luz do dia, no dia 14 de julho. O trabalhador ainda foi eletrocutado, ameaçado de morte e agredido pelo bando policial.
O entregador de aplicativo foi agredido covardemente por policiais na região de Pinheiros, zona oeste da cidade de São Paulo. “Socorro! Eu não consigo respirar”, gritava o homem enquanto três policiais tentavam o imobilizar; no vídeo é possível ver o momento que uma policial pula no pescoço do rapaz e aplica uma gravata enquanto ele questiona a razão de estar sofrendo as agressões e pede para parar. A frase do entregador é a mesma que percorreu o mundo após o assassinato de George Floyd.
Outros motoristas estavam no local e filmaram a covardia contra o rapaz. Os militares conseguem derrubar a vítima e três ficam em cima dele, enquanto os motoristas no entorno pedem para eles pararem com a injusta agressão, alegando que matariam o rapaz.
“Aí, ó. Desse jeito aí. Olha a polícia nossa. É trabalhador!”, diz uma pessoa, enquanto um policial armado manda todos saírem. “Afasta!”, diz repetidas vezes. “Vai matar o cara. Pra quê isso?”, alerta o trabalhador.
Eles participavam de um protesto na avenida Rebouças, que liga a zona oeste com o centro da capital paulista, por melhores condições de trabalho nos aplicativos de entrega.
Após a agressão o rapaz foi levado para delegacia e na saída o homem denunciou o que aconteceu. “Seis policiais me agrediram, bateram e ameaçaram. Jogaram spray na minha cara, me eletrocutaram. Ela (policial feminina) queria me tratar como autor de crime, queria tirar minha, como eu não deixei, disse que ia me matar, me forjar e um monte de coisas”, finalizou.
O motorista informou que teve a moto apreendida. “Eu parado e fizeram tudo isso comigo. Prenderam minha moto, me ameaçaram de morte e tudo mais só porque eu não deixei tirar uma foto minha”. “Mais uma vez imagens mostram a forma abusiva, truculenta e criminosa de agir da PM. Nada justifica esse tipo de ação”, define o advogado Damazio Gomes, integrante da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio.
Esse não é o único caso. Além da mulher negra asfixiada no dia 30 de julho, ocorreu, em 21 de junho, de policiais militares sufocarem um homem em Carapicuíba (Grande SP), o fazendo desmaiar por duas vezes. Dois dias depois, ação similar ocorreu em Ibaté, interior do estado. Ambas as vítimas eram negras.
Policiais aplicam golpe conhecido como “mata-leão” em entregador. Foto: Banco de Dados AND