Marcelo Santos Martins, trabalhador ambulante de 51 anos, morador do Complexo do Chapadão, Zona Norte do Rio, foi assassinado enquanto saía de casa por uma bala perdida durante uma operação da Polícia Militar (PM) na comunidade. Em resposta, os moradores realizaram uma potente manifestação, formando barricadas com ônibus e caminhões.
Segundo a PM, um blindado estava fazendo patrulha “de rotina”, quando teriam sido surpreendidos por criminosos armados. Contudo, desde agosto de 2024 a PM realiza uma verdadeira ocupação militar na região, o que, segundo os moradores, vem elevando a violência policial contra a população local.
Em resposta ao assassinato e à presença ostensiva do aparato militar no Chapadão, a população desceu a favela, formou barricadas para impedir o avanço policial e ergueram cartazes rechaçando a presença da PM na comunidade.
Segundo relatos, Marcelo Santos Martins estava saindo de casa para entregar o almoço de sua esposa, que estava trabalhando naquele momento. A situação de terror é diariamente vivenciada pela população do RJ que, somente entre 2024 e janeiro de 2025 foi forçada a conviver com mais de 1,3 mil operações, mais de três por dia.
No mesmo dia a PM realizou uma operação no Complexo da Maré, também na Zona Norte da capital fluminense. Um morador foi alvejado na perna como resultado dos tiroteios. Na ocasião, quatro projéteis de bala perdida foram encontrados no Campus Bio-Manguinhos da Fiocruz.
Em janeiro de 2025 a polícia já havia realizado uma invasão no campus, alvejando a janela do laboratório da fábrica de vacinas, deixando uma trabalhadora ferida. Um trabalhador da segurança foi preso, acusado sem provas de ajudar a fuga de bandidos. Segundo a direção da Fiocruz, o vigilante estava ajudando crianças, idosos e demais usuários da instituição a se proteger do tiroteio.
Apesar da presença exorbitante de operações policiais nas favelas, o Rio ainda se encontra sobre a suposta presença da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, conhecida como ADPF das Favelas. Segundo tal medida, protocolada em 2019, impõe o uso de câmeras e o aviso prévio aos diretores de escolas e unidades de saúde em caso de operação policial. Apesar das medidas, a presença ostensiva do aparato policial nas favelas segue crescendo e intimidando cada vez mais os moradores.