Os trabalhadores do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, privatizado pelo governo de Luiz Inácio, protestaram no dia 21 de outubro em frente à unidade contra a entrega da gestão do hospital. Os servidores também denunciaram a repressão do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), que no dia 19/10 expulsou, com ajuda da Polícia Federal (enviada para o Hospital a pedido do governo federal), servidores que ocupavam o Hospital e deteve uma delas.
Os trabalhadores também denunciaram o sucateamento do hospital e a falta de diálogo do atual governo, sobretudo do presidente Luiz Inácio e da ministra da Saúde Nísia Trindade, com os trabalhadores da saúde.
Os servidores chegaram às 10 horas da manhã e foram, de imediato, cerceados pela presença da PM e do Batalhão de Choque. Os servidores levaram cartazes e faixas contra o sucateamento do hospital. Um deles tinha, em letras garrafais, a frase Lula, traidor da Saúde federal!. Em outro momento, um manifestante, que votou em Luiz Inácio nas últimas eleições, lançou uma camisa do PT na rua e pisoteou a peça.
Os policiais ocuparam a rua inteira com carros, motos e até ônibus. No dia 19/10, o mesmo aparato foi mobilizado contra os trabalhadores, com um acréscimo do veículo blindado conhecido como “caveirão”.
Os servidores denunciaram o sucateamento da unidade. “Dizem que as cirurgias não estão acontecendo por causa da greve. É mentira! As cirurgias não estão acontecendo porque falta anestesista, falta medicação”, disse a técnica de enfermagem Joseane ao correspondente de AND. “Não temos nem dipirona para acalmar as dores dos pacientes”.
“Parece que o nosso discurso não está chegando no ouvido do governo”, disse outra enfermeira, que também denunciou que a entrega da gestão ao Grupo Hospitalar Conceição é “na prática, a privatização dessa unidade da rede federal”.
O Grupo Hospitalar Conceição, que tem fins lucrativos, possui um longo histórico de irregularidades. Recentemente, a enfermeira e membro do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro detalhou ao programa A Propósito, do AND, o histórico da empresa. A entrevista pode ser conferida abaixo.
Os trabalhadores, além de exigirem investimento para o Hospital, reivindicam a elaboração de plano de carreira e de salário e lembra que não há reajuste salarial e nenhuma mesa para negociações. Denunciam a falta de equipamentos básicos, como luva estéril, seringas, medicamentos e anestesistas. Por fim, também solicitaram o reenquadramento dos auxiliares, como técnicos.