Trabalhadores da educação fazem greves e protestos na luta pelo Piso Salarial

Trabalhadores da educação fazem greves e protestos na luta pelo Piso Salarial

Professores fazem protesto em Tersina, no Piauí, durante greve nacional da educação. Foto: Reprodução

Os professores estão se levantando por todo o País, das capitais às cidades do interior, na luta pelo reajuste salarial. Através de greves e manifestações, eles têm imposto duras derrotas às tentativas de reprimir e desmobilizar a luta pelo velho Estado e o oportunismo, e têm unido-se a outros trabalhadores na sua luta por direitos.

A mobilização dos professores se dá diante do descumprimento  da Lei 11.738 de 2008, que institui o Piso Salarial Nacional, pelos governos reacionários estaduais e/ou municipais. Essa lei estabelece que os reajustes devem ocorrer a cada ano, no mês de janeiro.

Em 2022 o piso da categoria deverá ser de R$ 3.845,63 (reajuste de 33,24%). A medida foi aprovada pelo fascista Bolsonaro durante um evento no Palácio do Planalto no dia 4 de fevereiro, com a presença do ex-Ministro da Educação, Milton Ribeiro. Os dois estão sendo acusados e investigados por crimes de corrupção envolvendo o MEC após serem divulgados áudios de Milton Ribeiro negociando verbas com pastores. O Ministro, inclusive, foi obrigado a renunciar ao cargo.

Ações combativas por todo o país

No Mato Grosso do Sul, servidores da Educação de Dourados, segunda maior cidade do estado, estão em greve desde o dia 14 de março. Os trabalhadores exigem o pagamento da reposição inflacionária de 10,06% para o setor administrativo e também que seja cumprido o novo piso salarial do magistério.

Os trabalhadores realizaram um ato em que compareceram professores, pais e alunos do ensino municipal, além de estudantes e professores universitários. A mobilização foi vitoriosa, aglutinando um numeroso contingente de massas trabalhadoras. As massas defendiam seus direitos de ensinar e de estudar e também apontavam o caminho da greve geral de resistência nacional a ser aplicada por todo o país. O ânimo e a combatividade desta manifestação prenunciam um ano de muitas lutas na região. Participaram do protesto a Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe) e a organização democrático-revolucionária Alvorada do Povo.

Já em Minas Gerais as massas se levantam contra a situação caótica de ataque aos direitos dos trabalhadores. Servidores da educação de todo o estado estão em greve por tempo indeterminado assim como outros trabalhadores da saúde e do transporte metroviário que realizam paralisações e protestos contra o governador Romeu Zema (Novo). Servidores da “segurança” também realizam greves. Os trabalhadores da educação deflagraram sua luta no dia 09/03.

Em Belo Horizonte, professores foram brutalmente agredidos pela Guarda Municipal, após fazerem um protesto em frente a prefeitura da cidade. Um dos professores chegou a ser internado após entrar em coma devido a ataques na cabeça dos agentes de repressão. Os profissionais faziam um protesto contra o prefeito, Alexandre Kalil (PSD), que renunciou ao cargo para se candidatar a governador, deixando os professores sem acesso ao reajuste salarial.

No Rio de Janeiro, servidores municipais fizeram um protesto no centro da capital fluminense, no dia 08/03. Eles realizaram um grande protesto em defesa de seus direitos e contra o prefeito reacionário Eduardo Paes (PSD). Os trabalhadores exigem reajuste e recomposição salarial de 19,23%, referentes às perdas salariais desde 2019, bem como a criação de um plano de cargos e salários. Cerca de 2 mil trabalhadores estavam presentes.

Os manifestantes fecharam totalmente duas faixas da avenida Presidente Vargas. Contudo, os servidores públicos foram impedidos através de uma ação covarde e truculenta da Polícia Militar (PM) que disparou spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo nos trabalhadores. Os servidores reagiram e enfrentaram os militares, rechaçando a repressão policial. Eles conseguiram finalmente ocupar a pista, obrigando os policiais a retrocederem.

No Piauí, os professores já estão em greve a mais de um mês, até a publicação dessa matéria e exigem um reajuste linear de 33% nos salários. Os servidores têm organizado grandes protestos na capital do estado, Teresina, em conjunto com trabalhadores do transporte e da luta por moradia.

No dia 15/03, professores da rede municipal de Teresina foram recebidos a tiros de bala de borracha, sprays de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo pela PM do governador Wellington Dias (PT) e pela Guarda Municipal do prefeito Dr. Pessoa (MDB), quando fizeram um protesto em frente ao Palácio da Cidade, sede da prefeitura.

Mesmo diante da repressão, os trabalhadores seguem com os protestos, principalmente, em frente aos prédios da administração local, como a prefeitura e o Palácio Karnak, sede do governo do estado. Os profissionais também estão interditando avenidas e rodovias.

Na Bahia, professores municipais da cidade de Feira de Santana, localizada a 100 quilômetros de Salvador, ocuparam o prédio da prefeitura no dia 31/03. A ocupação aconteceu após o prefeito Colbert Martins (MDB) se recusar a receber os trabalhadores.  Os profissionais reivindicam reajustes salariais, pagamento integral do salário, licença prêmio, melhores condições de trabalho, mais contratação de professores e merenda escolar.

O prefeito reacionário ordenou que a Guarda Municipal entrasse no prédio no dia 1 de abril para obrigar os manifestantes a saírem do local. A partir daí, foram registradas cenas de terror e brutalidade. Os guardas armados encurralaram os professores nos corredores do prédio e os espancaram. As cenas foram transmitidas em tempo real. Por conta da brutalidade, vários trabalhadores tiveram que ser levados para o hospital. A grande luta de Feira de Santana não retrocedeu e continua, apesar da selvageria das forças repressivas.

Também estão acontecendo greves, paralisações e protestos em cidades de Goiás, São Paulo, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará e de outros estados.

As massas em luta não esqueceram que a estratégia do governo de Bolsonaro e generais é a de ataques à educação pública no objetivo de sua privatização. Esses ataques vêm sendo aplicados desde 2019, através dos cortes de verbas para instituições públicas do ensino básico, fundamental, médio e também de instituições de ensino superior, da imposição da Educação à Distância (EaD) e de cortes de bolsas de pesquisa e de extensão, além dos reacionários ataques à autonomia das instituições de ensino com a intervenção federal para que seus aliados ocupem cargos de reitores e diretores. 

Os trabalhadores da educação e os estudantes em luta sabem que a elevação do piso salarial se trata de medida eleitoreira, levada à cabo durante o ano eleitoral, quando o fascista busca continuar no poder para seguir lutando para impor seu tão sonhado regime militar, resolveu dar um significativo reajuste a toda uma categoria a qual ele rivalizava.

O plano de Bolsonaro é jogar toda a responsabilidade para cima dos prefeitos e governadores e sair como benfeitor. Isso acontece pois ele sabe que dificilmente os gerentes estaduais e municipais irão cumprir os valores dos reajustes e isso aumentará a contradição destes com os servidores. 

A luta das massas, que nada tem a ver com as disputas palacianas entre os inimigos do povo, deverá ampliar-se e as greves radicalizadas mobilizando amplos setores da população deixarão de ser tendência para ser realidade.

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