Durante três dias consecutivos, os Avá-Guarani da tekoha Yvy Okaju, no Oeste do Paraná, enfrentaram uma escalada de violência que incluiu incêndios criminosos, disparos de munição letal, bombas e prisões arbitrárias. Os eventos começaram no dia 29 de dezembro, às 19h, quando criminosos iniciaram o primeiro atentado com disparos de munição letal e bombas.
Em seguida, atearam fogo a um barraco de moradia. A comunidade foi forçada a buscar refúgio na mata enquanto o fogo consumia a construção. A comunidade denuncia a negligência das autoridades e a intensificação dos ataques, que resultaram em feridos, destruição de moradias e privação de recursos básicos.
Ataques planejados e negligência da Força Nacional
Lideranças indígenas afirmam que os ataques foram planejados por mais de um mês por grupos criminosos. Mesmo sob alertas prévios, a Força Nacional teria negligenciado as ameaças.
Na noite seguinte, 30 de dezembro, um novo ataque ocorreu, resultando em queimaduras no pescoço de uma indígena durante o segundo incêndio criminoso. Já na terceira noite, em 31 de dezembro, tiros deixaram um Avá-Guarani ferido no braço. Ele foi encaminhado ao hospital em Toledo para tratamento.
Além das agressões físicas, os ataques destruíram alimentos e água potável da comunidade, agravando ainda mais a situação de vulnerabilidade. Durante os eventos, a Força Nacional esteve presente em alguns momentos, mas limitou-se a tirar fotos antes de se retirar sem oferecer proteção à comunidade cercada.
Indígenas relatam que as autoridades tentaram desacreditar os ataques com armas de fogo, alegando que os disparos seriam apenas rojões. No entanto, vídeos e fotografias das cápsulas foram reunidos como provas pela comunidade. No dia seguinte aos ataques, a Polícia Federal recolheu pelo menos 13 cápsulas de munição calibre.38 no local.
Prisão Arbitrária e contexto de negligência
Além dos ataques violentos na tekoha Yvy Okaju, outro episódio chamou a atenção: a prisão arbitrária de um indígena Avá-Guarani na região da Terra Roxa. Ele foi detido sob acusação de “furto” ao pegar uma lona descartada em um lixão. Lideranças apontam que essa situação reflete a ausência dos kits de auxílio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que deveriam atender às necessidades básicas da comunidade.
Estado de crimes contra os povos indígenas
Os três dias consecutivos de violência expõem o descaso das autoridades diante da grave situação enfrentada pelos Avá-Guarani. A destruição causada pelos ataques não se limita ao âmbito material; ela aprofunda o isolamento e a fome na comunidade já fragilizada. A ausência de ações efetivas por parte da Força Nacional e das demais instituições responsáveis pela proteção dos povos indígenas reforça o sentimento de abandono e impunidade. Os Avá-Guarani seguem resistindo em meio à violência e à luta por seus direitos territoriais e humanos.