Trump lança ameaças bélicas contra o Panamá, Canadá e Groenlândia

Representantes imperialistas responderam. Governo francês acusou Trump de "imperialismo" e promteu "rearmamento".

Trump lança ameaças bélicas contra o Panamá, Canadá e Groenlândia

Representantes imperialistas responderam. Governo francês acusou Trump de "imperialismo" e promteu "rearmamento".

Anexar o Canadá e a Groenlândia, tomar controle do Canal do Panamá e renomear o Golfo do México como “Golfo da América”: essas foram as promessas chauvinistas do ultrarreacionário Donald Trump duas semanas antes de retornar à presidência do Estados Unidos (EUA), alardeadas em uma coletiva de imprensa ontem (7/1). 

Mísseis, minerais e petróleo

Os alvos foram escolhidos de acordo com objetivos estratégicos do imperialismo norte-americano: o Canal do Panamá favorece a militarização do sul da América Latina e controle da rota marítima entre os oceanos Pacífico e Atlântico, e o controle da Groenlândia favorece a instalação de uma defesa antimísseis para contornar ataques vindos da Europa e do Ártico.

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“Precisamos da Groenlândia para fins de segurança nacional”, disse Trump, na coletiva de imprensa. “Não podemos abrir concessões (no assunto de uma opção militar”. No mesmo dia, seu filho mais velho, Donald Trump Jr., visitou o território do país, que além de favorável geograficamente de um ponto de vista militar, é abundante em minerais e petróleo. A Groenlândia possui uma administração autônoma mas é parte da Dinamarca.

‘China!’

Trump revelou toda a ideologia intervencionista do EUA ao tratar do Panamá: “o canal do Panamá foi construído para os nosso militares”, disse ele, em referência às intensas atividades militares ianques no canal desde 1914, ano em que o EUA finalizou a obra faraônica iniciada no final do século XIX pelos franceses e tomada pelos norte-americanos como parte da Doutrina imperialista Big Stick (“grande porrete”). 

Ele segue: “o canal hoje está sendo operado pela China. China! E nós demos o canal do Panamá para o Panamá, nós não demos para a China”. A “doação” foi, na verdade, um acordo (tratado Torrijos-Carter, de 1977) entre os ianques e as classes dominantes do Panamá lacaias do imperialismo. O termo passou o controle do canal para o Panamá, mas reservou ao EUA o direito de intervenção em caso de “ameaças”. 

Hoje, o social-imperialismo chinês realmente tem um controle significativo do canal. Por isso mesmo, o EUA tem planejado outros megaempreendimentos imperialistas na América Latina como forma de manter a hegemonia local, como o Corredor Oceânico do Istmo de Tehuantepec, no México. Agora, Trump parece querer retomar o Canal do Panamá, o que, se feito por uma intervenção militar, tenderá a esquentar o caldo de ebulição social no subcontinente. 

‘51° primeiro estado ‘americano’’

O Canadá entrou na mira de Trump no dia 6/1, quando o ultrarreacionário afirmou, após a renúncia do primeiro-ministro canadense, que a população do Canadá “votaria para que se tornassem o 51º estado americano”. 

Primeiro-ministro do Canadá renuncia com pior avaliação de primeiro-ministro em 157 anos – A Nova Democracia
A renúncia foi anunciada em momento de uma crise política no país, em que o Parlamento canadense estava paralisado e o primeiro-ministro possuía a pior avaliação popular dos últimos 157 anos de história do Canadá. Somente 16% da população apoiava Trudeau, segundo dados de pesquisa da consultora Angus Reid publicada em dezembro de 2024.
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Dos alvos escolhidos, o Canadá é o menos provável a sofrer uma intervenção militar ianque. Por isso mesmo, Trump já prometeu sufocar o país economicamente com 25% a mais de taxas cobradas contra os produtos canadenses, no intento de sufocar a economia do país, dependente de 75% das exportações de petróleo e gás aos EUA.  

A alternativa para o sufocamento, para Trump, é a anexação: “Se o Canadá se fundisse com os EUA, não haveria tarifas, os impostos cairiam muito…” e completa, novamente com a China, “…estariam completamente seguros da ameaça de navios russos e chineses que os cercam constantemente” .

Reações: ‘Incompreensão’, ‘Imperialismo’ e ‘Rearmamento’ 

As promessas não esperadas arrancaram reações de várias figuras da política reacionária e imperialista. O chanceler da Dinamarca Lars Lokke Rasmussen logo disse que o Reino Dinamarquês está “aberto a um diálogo com os americanos sobre como podemos cooperar, possivelmente de forma ainda mais estreita do que já fazemos, para garantir que as ambições americanas sejam cumpridas”.

O chanceler alemão Olaf Scholz (já em fim de mandato após sofrer uma moção de desconfiança por parte do parlamento do país) disse que as declarações de Trump com ameaças sobre o uso de força geram uma “incompreensão” na União Europeia. 

A porta-voz do governo francês, Sophie Primas, atacou as promessas de Trump: “Estamos vendo o aumento dos Estados, podemos ver isso como uma forma de imperialismo, que se materializa nas declarações que vimos do Sr. Trump”. E, dobrando as ameaças ao tratar da crise imperialista em curso, continuou: “mais do que nunca, nós e nossos parceiros europeus precisamos estar conscientes, sair de uma forma de ingenuidade, nos proteger, nos reamar”. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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