A alegação utilizada pelas Forças de Defesa de Israel para invadir o Complexo Médico de Al-Shifa – existência de túneis debaixo de hospitais que são utilizados pelos palestinos – caiu por terra quando um importante político sionista admitiu em entrevista à CNN que tais túneis existem no hospital Al-Shifa, porém foram construídos pelas próprias forças sionistas durante sua ocupação em Gaza até 2005. Sem apresentar nenhuma prova de que o Hamas as utiliza atualmente, o ex-ministro de Israel, Ehud Barak, admitiu que Israel é quem construiu tais túneis e ainda constatou que não se pode afirmar qual é a importância dos túneis no atual conflito, e que provavelmente eles não são utilizados como “quartéis generais” da Resistência Palestina. A entrevista foi dada ao monopólio de imprensa CNN.
Ehud Barak foi o décimo primeiro-ministro de Israel entre 1999 e 2001. O governo de Barak organizou e implementou a retirada unilateral do exército de Israel do sul do Líbano. Entre 2007 e 2013 foi o ministro da Defesa de seu país.
Israel capturou a região de Gaza do Egito em 1967 e manteve o território sob ocupação militar total até 2005. Cabe lembrar que o Hamas assumiu o controle dentro do território somente dois anos mais tarde, em 2007, um ano após vencer as eleições e conquistar a maioria dos votos. Em 2005 Israel removeu todas as colônias sionistas existentes na Faixa de Gaza e quatro das estabelecidas na Cisjordânia
Na entrevista para a CNN, Ehud Barak foi questionado sobre a existência de um bunker (túnel usado para fins militares) embaixo do hospital Al-Shifa e respondeu o seguinte:
“Já há muitos anos que se sabe que há bunkers, originalmente construídos por Israel, que foram construídos por baixo do [hospital] Al-Shifa”.
Como parte da sua concepção sionista, afirmou, sem provas, que tais túneis são hoje “utilizados como posto de comando do Hamas, e que são uma espécie de junção de túneis civis, parte do sistema”.
Além de não apresentar provas se o Hamas de fato os utiliza, Ehud afirmou que “não sabe dizer até que ponto é importante”.
A âncora do monopólio de imprensa CNN se mostrou surpresa e perguntou a Ehud se “Quando diz que foi construído por engenheiros israelenses, não faltou-lhe a palavra?”, dando a entender que o ex-primeiro ministro poderia ter se confundido e cometido uma gafe. Na resposta, Ehud afirmou que: “Não. Sabe, há décadas atrás, éramos nós que geríamos o local”, em referência ao período até 2005, quando existiam assentamentos sionistas em Gaza.
Ehud prosseguiu: “Foi há uma década, há muitas décadas, há décadas atrás que os ajudámos a construir estes bunkers para permitir mais espaço para o funcionamento do hospital dentro da dimensão muito limitada deste complexo.”
Está aí a comprovação de que Israel foi o responsável por construir túneis subterrâneos embaixo dos hospitais.
Sionistas acusam a resistência pelos seus próprios crimes de guerra
Sem apresentar provas de que a Resistência Nacional os utiliza, o sionismo segue acusando o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina e todos os demais grupos políticos palestinos de utilizar os civis como “escudos humanos”.
Na realidade, os sionistas acusam os palestinos pelos crimes de guerra que eles mesmo se organizaram para cometer. Não fosse assim, para qual finalidade Israel teria se empenhado a construir túneis subterrâneos durante o período dos assentamentos sionistas na Faixa de Gaza?
Nos bombardeios a hospitais, toda rede de saúde foi destruída sob a desculpa de supostos “crimes de guerra” da Resistência, mas quem os cometeu foi Israel.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, os hospitais do norte de Gaza ficaram completamente fora de serviço até a última sexta-feira, data em que teve início um acordo que a Resistência Nacional Palestina impôs à Israel – que se manteve até o último minuto insistindo que somente após a “destruição do Hamas” qualquer acordo poderia ser realizado.
Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, disse numa entrevista à Al Jazeera no dia de ontem que a taxa de ocupação dos hospitais no norte de Gaza atingiu 190%.
Segundo al-Qudra, Israel bombardeou e destruiu partes do Hospital al-Shifa, o maior de Gaza, onde mais de 700 pessoas continuam presas sob o cerco do exército sionista. Al-Qudra disse também que cerca de 120 pessoas foram evacuadas do Hospital Indonésio, no norte de Gaza, para o Complexo Médico Nasser, no sul da Faixa.
Segundo al-Qudra: “O exército sionista colocou as pessoas dentro do hospital num ‘círculo de morte’, tendo como alvo qualquer pessoa que se desloque à volta do hospital ou no seu interior”.
Declaração do Ministério de Saúde do Estado sionista de Israel tentou utilizar das alegações de “túneis” para despejar todos palestinos de Al-Shifa e prosseguir com o genocídio
O Ministério da Saúde do Estado sionista escreveu uma carta a OMS onde acusava os “terroristas” de estarem debaixo do Shifa, de outros hospitais e de escolas em Gaza, contrariando o dito “direito internacional”.
Direito internacional este que Israel rompe dia sim e outro também, bombardeando deliberadamente tais locais
A carta ainda reforçava a posição dde deslocamento forçado de todos os palestinos de suas terras, na prática, a sua expulsão da região, comprovando que os bombardeios não se tratam nada mais do que a continuação do genocídio contra o povo palestino.
Por vários dias, as forças de ocupação cercaram o hospital para “investigar” o que diziam ser uma rede de túneis da Resistência e um centro de comando construído por baixo do complexo.
Em decorrência das ações atrozes do sionismo, um grupo de 28 bebês prematuros foram evacuados do Hospital al-Shifa para o Egito para receber tratamento na segunda-feira. Alguns deles morreram.
Monopólio de imprensa imperialista sugere que forças sionistas forjaram armas em hospital
Uma análise da CNN também afirmou que um vídeo divulgado pelo Exército sionista de Israel sugere que “podem ter reorganizado o armamento em Al-Shifa antes da visita da equipe de reportagem”. O próprio monopólio de imprensa CNN analisou vídeos da incursão sensacionalista das “Forças de Defesa de Israel” sob o hospital Al-Shifa – o mesmo que é acusado de ser um posto de comando e base militar do Hamas.
Um vídeo das Forças de Defesa de Israel, de 15 de novembro, mostra o suposto armamento do Hamas encontrado no hospital Al-Shifa. O problema é que ele mostra menos armamento no local do que em imagens posteriores filmadas por equipes de notícias internacionais.
Segundo a CNN, isto indica que o armamento pode ter sido movido ou colocado lá antes da chegada das equipes de notícias.
A comparação com as imagens publicadas pelo próprio exército de Israel com as imagens feitas pela Fox News, que teve acesso ao local nas horas seguintes, demonstra a diferença notável entre armamentos de grosso calibre, como fuzis AK-47.