Diversos protestos eclodem por mais de uma semana em Tunis (capital) depois que um vídeo amplamente divulgado mostrou a polícia espancando e tirando a roupa de um jovem, que mais tarde morreu devido aos maus-tratos, na capital tunisiana no dia 8 de junho.
Os manifestantes se reuniram em Ettadhamen e Intilaka – entre os distritos mais pobres da capital – no dia 16/06, bloquearam estradas, queimaram pneus e responderam às perseguições, detenções arbitrárias e bombas de gás lacrimogêneo dos policiais com pedras.
Um dia antes, centenas de pessoas se reuniram em Sidi Hassine com palavras de ordem contra o governo de turno e exigiram o fim da violência policial. Eles entoavam: Liberdade, liberdade, o estado policial acabou!.
Nos três dias seguidos ao assassinato, centenas de jovens se mobilizaram contra o assassinato nas ruas de Tunis. As forças de repressão responderam com brutalidade, disparando gás lacrimogêneo e detendo vários manifestantes na área de Sidi Hassine, nos arredores da capital tunisiana. Ao passo que a luta contra a violência policial seguiu ininterrupta ao longo do período.
No início do dia 12/06, ativistas e residentes de bairros operários protestaram em frente ao Ministério do Interior. A reivindicação das massas rebeladas era o fim da violência policial nos bairros pobres da Tunísia.
Entre elas estavam as mães de três jovens que morreram nos últimos três anos após terem sido presos. As mães denunciam que seus filhos foram presos arbitrariamente em resposta às manifestações contra a brutalidade do velho Estado tunisiano.
Mesmo após o vídeo ter viralizado nas redes do país, o ministério do governo negou que o jovem tivesse morrido devido à tortura que fora submetido durante o momento de sua prisão.
A família da vítima afirma que o assassinato é resultado do espancamento realizado pela polícia.
Estatísticas dão conta de que pelo menos 2.000 pessoas foram presas desde a primeira série de protestos em 2021 contra a violência policial no país, no início de janeiro.
Em sua maioria, os presos eram menores de idade. Organizações de “direitos humanos” disseram que centenas deles foram submetidos a maus-tratos e torturas.
Como já havia sido dito por AND em 2011: “O povo local segue em luta por uma democracia verdadeiramente popular, que por certo não é a do mesmo Estado burocrático tunisiano de sempre, apenas com nova máscara, já de acordos renovados com o imperialismo.”
Manifestantes são espancados pela polícia na Tunísia. Foto: Yassine Gaidi