O jornal Yeni Demokrasi (Nova Democracia) tem denunciado desde a semana passada uma série de torturas do velho Estado turco contra presos detidos em meio à onda de protestos que foi iniciada a partir do dia 19 de março em Istambul e se propagou para várias outras cidades na Turquia.
O jornal denuncia que, das 134 pessoas cujos depoimentos alcançaram a promotoria, 73 foram presas e 61 foram deferidas à Corte Criminal da Paz, um órgão do velho Estado turco permitido a tomar decisões mesmo antes do fim das investigações. Tal corte tomou a decisão de prender 53 indivíduos, entre eles Okay Koçak, um leitor do Partizan. Até a data, 263 pessoas foram presas na manifestação em Istambul.
Pessoas presentes, mas não participantes da manifestação, também foram perseguidas e presas pela polícia do Estado turco. De acordo com os relatos de Sarya Tropak, divulgados pelo Yeni Demokrasi, as pessoas presas na manifestação foram espancadas, jogadas em celas sem camas e submetidas à privação de higiene, água, medicamentos e alimentação, além de terem sido abusadas verbalmente e psicologicamente pelos policiais.
“Você não é nem sequer um ser humano, está chorando por quê?”, gritou um dos policiais. “Se você está com sede, beba da privada, não temos água”. Se as provocações fossem respondidas, os policiais logo passavam às ameaças. “Se você levantar a voz ou gritar palavras de ordem, eu vou prensar sua cabeça contra o chão e esmagá-la com o meu pé”.
Essas violências são sistemáticas na Turquia e ocorriam mesmo antes dos protestos. O senhor de 57 anos, Halil Çevik, preso em um protesto no dia 15 de fevereiro e detido por 4 dias, morreu 45 dias depois de voltar para a casa por conta de uma hemorragia cerebral contraída na prisão. Os sintomas da hemorragia surgiram logo depois que Çevik chegou em casa. Ele foi internado, mas não resistiu. A família diz que suspeita que Çevik pode ter sido espancado durante o tempo na prisão.
Turcos protestam contra repressão
A agudização da violência na Turquia se dá a partir da resposta do governo reacionário de Erdogan às manifestações em oposição ao golpismo eleitoral dirigido contra o candidato da oposição, Ekrem İmamoğlu, preso no dia 19 de março após acusações de corrupção e de ligações com o terrorismo.
As manifestações contra a prisão – que são mais contra o ataque às liberdades democráticas por Erdogan do que necessariamente de apoio a Ekrem – serviram como o estopim para iniciar uma intensa onda de protestos variados contra a gestão do Estado turco. Movimentos como a organização revolucionária Partizan assumiram a linha de frente na luta contra Erdogan.
O Partizan é um movimento revolucionário Turco que atua em outros países da Europa, Grécia e Alemanha sendo alguns exemplos. O Estado turco persegue leitores e ativistas do movimento há já muito tempo, tendo considerado suas ações e matérias como “apologia ao terrorismo” – sendo considerado “terrorismo” qualquer difusão de materiais com conteúdo comunista e ou de Partidos Comunistas do mundo. Durante as participações do movimento em manifestações populares, a memória do chefe proletário turco Ibrahim Kayppakaya, fundador do Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninsta (TKP/ML) é erguida pelo Partizan.