Pequenos produtores de tabaco se uniram no dia 12 de julho e bloquearam uma rodovia em Adiyaman. Entre 20 e 50 camponeses foram presos. Foto: Reprodução/ @Gergerfirat
Camponeses turcos, no mês de julho, se mobilizaram em diferentes regiões para exigir e garantir o seu direito à terra e nela trabalhar. Na aldeia de Orhanlı, no distrito de Seferihisar, em Izmir, camponeses protestaram contra a derrubada de oliveiras centenárias plantadas, sua maior fonte de renda e produção, para a construção de uma central de energia geotérmica no local pela empresa Karen Kahramanmaraş Electricity Generation Corp e foram vitoriosos.
“Nós, como povo da região, não queremos a JES [Empresa responsável pela usina]. Queremos plantar aqui, queremos viver acima de tudo”, disse um aldeão.
Outro camponês afirmou: “Estamos engajados em atividades como a viticultura, produção de uvas para vinho, cultivo de hortaliças e produção de frutas cítricas. Apesar da beleza, eficiência suficiente e abundância de nossos recursos acima do solo, alguém cobiçou nossos recursos subterrâneos. Estamos lutando aqui há anos. Lutamos contra as pedreiras há 3 anos e vencemos essa luta. Agora eles estão à nossa porta para a geotérmica. […] É por isso que não queremos a JES aqui.” ele disse.
Camponeses lutam contra instalação de Usina Geotérmica em suas terras. Foto: Yapi.com.tr
O camponês Yaşar Buyruk relata: “Nossa vila é uma vila que vive da cultura da oliveira e da pecuária há séculos e se destaca por suas florestas, belezas naturais e alimentos orgânicos que produz. Quando soubemos que 14 poços de exploração geotérmica estavam planejados para serem perfurados no vale em que vivemos, todos os nossos aldeões se opuseram a isso. A empresa geotérmica continua a construção da usina sem o consentimento de nossos moradores, cujas terras eles usam como estradas, e sem qualquer permissão legal. Juntamente com todos os nossos aldeões, continuaremos a nos opor a este projeto, que destruirá nossos meios de subsistência e espaço vital, e a buscar nossos direitos. Porque as oliveiras são o nosso futuro, não queremos energia geotérmica para a nossa aldeia.”
Diante da firme organização e combatividade dos 99 camponeses que travaram a luta, o projeto acabou sendo proibido por decisão judicial.
Usina despeja substâncias tóxicas nas águas locais. Foto: Reprodução/iyigunler.net
Em 1º de julho, também, uma lei do Ministério da Agricultura entrou em vigor na Turquia proibindo a venda de tabaco sem um certificado especial de venda, que é destinado à produção industrial de grandes latifundiários e monopólios. Para os camponeses que não conseguem obter este certificado, a nova lei ameaça a sua subsistência. Pequenos produtores de tabaco se uniram no dia 12 de julho e bloquearam uma rodovia em Adiyaman. Entre 20 e 50 camponeses foram presos.
A adesão a um grupo de conversas via telefone WhatsApp chamado “Lei do Tabaco”, que os agricultores elaboraram para se organizar, foi usada como “prova”. Eles foram processados por alegação de terem cometido um “crime grave”.