Turquia: Dirigente e comandante do TKP/ML caem em combate e são homenageados

Turquia: Dirigente e comandante do TKP/ML caem em combate e são homenageados


Foto: Patizan/ Twitter

Erol Volkan İldem, membro do Comitê Central do Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML) conhecido como Camarada Nubar, e Fadime Çakıl, comandante do Exército de Libertação de Operários e Camponeses da Turquia (Tikko) conhecida como “Camarada Rosa”, foram covardemente assassinados pelo Estado fascista Turco no dia 9 de setembro, em Dersim, Turquia, parte do território ocupado do Curdistão, de acordo a imprensa independente e popular estadunidense Tribuna do Povo (original Tribune of the People).

Após localizar os traços da “Unidade Guerrilheira do Camarada Nubar”, o Estado fascista turco executou uma operação militar de três dias de duração, dos dias 6 a 9 de setembro de 2020, evacuando vilarejos inteiros na região de forma truculenta, utilizando-se ainda de bombas para iniciar seu ataque no dia 7 de setembro. A operação se espalhou rapidamente e todo o perímetro da região foi bombardeado, além da mobilização de drones, helicópteros e caças de combate, uso de armas químicas e vários outros métodos de guerra. 

Nubar estava vivendo na zona guerrilheira desde 2009 como um dirigente político da Guerra Popular na Turquia, e a Camarada Rosa esteve presente enquanto combatente desde 2013, se tornando também comandante de uma unidade.

Devido à ferocidade do ataque covarde desferido, os corpos militares mobilizados para a ação, cerca de mil soldados, sequer entraram na área de combate, exceto quando estiveram certos de que mataram os revolucionários. O Estado turco usa códigos de cor em seu combate aos revolucionários, e Nubar era considerado “código vermelho”, a maior prioridade. 

No dia 9 de setembro, o Ministro de Assuntos Internos da Turquia anunciou publicamente que dois membros do Tikko haviam sido mortos.

O Comitê Central do TKP/ML, embora reconheça que a morte dos camaradas é um golpe importante, explica que “tudo que o inimigo descreve como ‘sucesso’ é só um desvio no caminho para os comunistas e revolucionários. É isso que as classes dominantes reacionárias, os exploradores e carrascos [do povo] esquecem. Eles acreditam que serão vitoriosos ao suprimir e assassinar a luta do povo. Mas a história prova que tudo tem um fim”.

Revolucionários em todo o mundo se manifestam em homenagem aos combatentes

Em resposta aos assassinatos, revolucionários e democratas de toda a Europa se manifestaram em homenagem aos heróis do proletariado, nas cidades da França (Paris), Suíça (Basel, Zunique), Bélgica (Liège), Áustria (Linz, Viena, Wörgl, Insbruque, Ternitz), Alemanha (Ulm, Colônia, Frankfurt, Hanôver, Estugarda, Hamburgo, Nurenberg, Neunkirchen, Duisburgo), Inglaterra (Londres), Grécia (Atena) e Países Baixos (Roterdã).

As manifestações se deram em variadas formas ao longo das últimas semanas, desde a tomada das ruas pelo povo, em apoio à luta das massas populares da Turquia, a eventos organizados e dedicados ao estudo das lutas dos falecidos heróis, com palestras, falas e a leitura de cartas, enviadas por várias organizações solidárias em todo o mundo. Além disso, foram erguidas faixas do TKP/ML e do Tikko, pichações foram feitas e eventos foram realizados na própria Turquia.

Os melhores filhos do povo

Nubar nasceu em Istambul, Turquia, em 29 de setembro de 1982, de uma família proletária. Quando criança, ele cresceu em meio a organizações que apoiavam os maoistas e se politizou desde muito jovem. Ficou conhecido por seu trabalho como organizador estudantil no ensino médio, e se tornou um jovem comunista nos anos 2000. Em 2001 ele foi preso e torturado na prisão por cinco dias.

Com 19 anos de idade dirigiu ataques contra os guardas prisionais torturadores das prisões turcas do tipo F (prisões de “seguridade máxima”). Nubar juntou-se a outros em greve de fome contra as condições das prisões, conhecidas como “jejuns de morte”, e mesmo quando se aproximava da morte ele nunca se arrependeu no espírito comunista de estudo e luta, lendo muitos livros durante esse tempo, de acordo com a nota em sua homenagem, publicada pelo Comitê Central do TKP/ML.

Ao ser libertado da prisão, o Camarada Nubar lutou pela recuperação do jejum da morte e, assim que a saúde o permitiu, retomou suas atividades revolucionárias e se apresentou ao Partido em 2004, antes de ser preso novamente em 2006. Ele cumpriria ainda três anos nas masmorras do velho Estado.

Nubar era o delegado da área conhecida pela maior parte dos combates guerrilheiros, e ele permaneceu entre os guerrilheiros que representavam sua linha revolucionária nas lutas de duas linhas dentro do TKP/ML contra os liquidatários de direita, que procuravam destruir o partido. Seu trabalho é creditado pelo Partido por impedir a organização e consolidação da linha oportunista na zona de guerrilha de Dersim, uma área de suma importância para a Guerra Popular, de acordo com a nota do próprio TKP/ML.

Em suas palavras: “Aqueles que desafiam o desespero e o pessimismo, aqueles que não admitem a injustiça, aqueles que se agarram firmemente à verdade certamente enfrentarão este processo [revolucionário], transformarão a fraqueza em força, a inadequação em competência, o desespero em esperança, a desorganização em organização e, por fim, enterrarão o fascismo em sua cova”.

Já a Camarada Rosa nasceu no dia 5 de março de 1996, na aldeia de Alhan de Dersim Mazgirt. Sua vida estava entrelaçada com os guerrilheiros desde a infância e ela manteve um forte apoio ao Partido durante toda a sua vida. Como o camarada Nubar, Rosa tinha sido uma organizadora militante no colegial.

Ao aderir ao Tikko em 2013, Camarada Rosa se tornou a membro mais jovem. Foi então que ela assumiu o nome Rosa, para homenagear a líder comunista e revolucionária Rosa Luxemburgo. Ela era conhecida por ser uma lutadora sincera e por ter um profundo conhecimento dos assuntos militares; nas suas próprias palavras, ela se esforçou para ser uma “guerrilheira digna do Partido”, de acordo com a imprensa revolucionária estadunidense, Tribuna do Povo.

Rosa era comandante de unidade, e também parte da Comissão de Mulheres do TKP/ML. Quando de sua morte, era candidata a membro do partido, o que foi um de seus objetivos de vida. Seu irmão também havia sido assassinado em 2016 pelo governo de turno fascista turco. 

O Comitê do TKP/ML em Dersim, Turquia, considerava Rosa como “uma companheira que, apesar de jovem, está aberta ao desenvolvimento, hábil em assuntos militares e constantemente tentando se aperfeiçoar, aberta às críticas, capaz de enfrentar seus erros”.


Evento em Zurique, Suíça, homenageia os combatentes caídos Rosa e Nubar do TKP/ML. Foto: Partizan

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