Yeni Demokrasi (Nova Democracia) lança nota comunicando a prisão de seu Editor-chefe. Foto: Yeni Demokrasi.
O Editor-chefe do jornal Nova Democracia (Yeni Demokrasi em turco), Tupa Apaydın, foi condenado pelo velho Estado turco a 30 meses de prisão no dia 9 de dezembro, em Istambul, por ser considerado o responsável por fazer propaganda dos partidos Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML), sendo esse o Partido Comunista revolucionário de vanguarda do proletariado turco, e do PKK e DHKP-C, outros partidos que travam luta armada no país.
O processo foi movido contra o Editor-chefe em novembro de 2019 devido a notícias e artigos publicados na 39ª edição do jornal datada de 11 de julho de 2019 e 49ª edição datada de 28 de novembro de 2019.
Na audiência de decisão realizada no 34º Tribunal Penal em Çağlayan Courthouse, o Editor-chefe foi sentenciado a 15 meses e 30 meses no total para ambas as publicações. Na decisão de que o anúncio do veredito seja suspenso, um período de auditoria de 5 anos será aplicado ao Editor-chefe.
A declaração do jornal independente, popular e democrático, sobre o fato foi de que: “nosso jornal, Yeni Demokrasi, cujo site é constantemente banido e cujas publicações impressas são processadas, não ficará calado diante de pressões, proibições e punições, e continuará a manter viva a tradição da imprensa revolucionária e a divulgar os fatos ao público.”
Perseguição legal e política já ocorre há um ano
Em 18 de novembro de 2019 foi lançada uma investigação na 39ª edição do jornal, que foi publicada a 11 de julho de 2019 com o título “Aprendemos com as Massas, Caminhamos com as Massas”. A investigação acusou o Editor-chefe por “fazer propaganda para uma organização” citando as seções de “Guerra de Guerrilha e o Papel das Massas”, “Os 11 Princípios de Kaypakkaya” e “Imortalizado na Luta” no jornal.
O Editor-chefe, que se pronunciou no âmbito da investigação, afirmou que os artigos de opinião eram de natureza informativa, a defesa do pensamento de Kaypakkaya não era crime e estava no âmbito da liberdade de expressão.
Já em 23 de janeiro de 2020 a 49ª edição do jornal foi confiscada e apreendida, julgada pela 9ª Vara Criminal de Paz de Istambul.
Na sequência da decisão de confisco, uma investigação foi iniciada pelo Gabinete do Procurador-Geral de Istambul sob as acusações de “fazer propaganda do TKP/ML” e “apelar à resistência organizada”. Tuba Apaydın, que se manifestou no âmbito da investigação, afirmou que o jornal, que contém artigos sobre a resistência no mundo, não contém nenhum elemento criminoso.
Livraria que vendia o jornal também foi censurada
A Dost Publishing House, livraria localizada na Ankara Karanfil Street, foi censurada recentemente pela Polícia de Ankara por vender jornais da imprensa revolucionária. A Diretoria de Segurança da Polícia de Ankara, que respondia ao gabinete do promotor, proibiu a venda de jornais e revistas revolucionários ou democráticos. Policiais foram à livraria e ameaçaram retirar o Yeni Demokrasi das prateleiras, dizendo que não poderia ser vendido na livraria. Os funcionários da livraria afirmaram que não há proibição do jornal e continuaram a vender ele.
A polícia, que não conseguiu retirar o Yeni Demokrasi das prateleiras, apresentou uma queixa ao Ministério Público que ordenou a apreensão e confisco do jornal.