Mais de 120 estudantes se reuniram no dia 26 de março em uma assembleia geral na Universidade Federal Fluminense (UFF) que debateu o apoio à greve dos servidores técnicos da universidade. Diversos estudantes e diretórios independentes atropelaram as tentativas do Diretório Central dos Estudantes (DCE) de boicotar o debate amplo e defenderam o caminho da greve de ocupação, negado pelo DCE. Além desses debates, os estudantes confrontaram cerca de dez provocadores de extrema-direita que tentaram intimidar os estudantes em luta.
Desde o início do mês de março, os servidores técnicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), encabeçados pelo Sindicato de Trabalhadores em Educação da UFF (SINTUFF), estão em greve pelo reajuste de seus salários que sofreram nos últimos anos até mesmo reduções.
Além da grave condição dos servidores técnicos, a universidade já sofria de outros problemas, agravados com o orçamento reduzido para 2024.
Mesmo assim, determinados setores dos docentes da universidade não aderiram à greve proposta por outra parte da categoria. Buscando se posicionar frente à situação, os estudantes convocaram a assembleia geral para somar-se à luta.
Na assembleia, o Comitê Independente de Lutas da UFF (CILU-UFF) deu como proposta a construção da greve de ocupação como demonstração verdadeira de apoio da greve dos servidores técnico e também a serviço de pautas estudantis que o Comitê tem como principal, como é o caso do passe livre e a situação estrutural da universidade.
As arbitrariedades do DCE
Apavorados com o fato de grande parcela dos estudantes presentes na assembleia estarem revoltados com toda a situação de precarização que a universidade se encontra, o DCE da UFF além de capitular desavergonhadamente da luta, impediu que centros acadêmicos que eram a favor da proposta de greve de ocupação falassem.
Estudantes do Diretório Acadêmico de Psicologia (DAPSI) e o Diretório Acadêmico de Sociologia (DASAN) denunciaram que foram retirados da lista de fala, com a desculpa de que não haviam se inscrito para falar. A justificativa do DCE foi, segundo eles, provada mentira, em vídeo publicado nas redes sociais do DAPSI onde é possível ver claramente o momento onde há a inscrição da fala do diretório logo no início da assembleia.
Não satisfeitos com essa atitude completamente reacionária, o DCE, após estender a assembleia o máximo possível para esvaziá-la, votou a proposta sobre a greve de ocupação por último e no momento da contagem dos votos a mesa chancelou que a proposta tinha sido rejeitada por um ‘’contraste visual’’ (sem a necessidade da contagem manual dos votos), mesmo não havendo esse tal contraste. Grande parte dos estudantes ficaram indignados com essa decisão pois muitos observaram que a proposta da greve de ocupação teria a maioria dos votos.
Táticas como essas são há anos denunciados por estudantes de organizações populares e democráticas, que condenam as práticas arbitrárias do movimento estudantil oportunista, capacho do velho Estado e dos magnatas da Educação, contra a luta combativa.
Extrema-direita tenta intimidação, mas foge
Durante a assembleia, cerca de 10 reacionários tentaram se infiltrar na assembleia em uma tentativa clara de intimidação. Logo que chegaram, o líder da juventude do Partido Liberal (PL), Luan Lennon, em Niterói foi reconhecido por parte dos estudantes. Ao tentarem ficar dentro da assembleia e filmar os estudantes, como os reacionários foram escorraçados da universidade por estudantes independentes.
Estudantes relatam que, durante a fuga, um dos galinhas verdes tropeçou e caiu, mas conseguiu se recuperar e correr sem parar no meio da chuva.