Brumadinho (MG), 8 de março de 2019
Movimentos revolucionários femininos organizaram em vários países da Europa e da América Latina ações de celebração ao 8 de março, o Dia Internacional da Mulher Proletária. Debates e atos políticos, pichações, marchas e agitações públicas foram alguns dos métodos utilizados para propagandear a ideologia comunista e a luta feminina revolucionária.
Antes mesmo do 8 de março diversas organizações da Europa e da América Latina assinaram um panfleto conjunto em defesa da linha maoista para a resolução do problema feminino.
“Os imperialistas dominantes clamam que a opressão da mulher na Europa ocidental é um assunto em geral resolvido. As forças abertamente racistas dos chamados ‘populistas de direita’ clamam que o problema é algo pertencente à comunidade muçulmana. ‘Teóricos’ burgueses reduzem a opressão à mulher a uma questão de ‘política identitária’”, iniciam as organizações, e prosseguem: “A opressão e exploração da mulher apareceu com o surgimento da propriedade privada e somente podem ser abolidas como desaparecimento da mesma”.
Criticando os ideológos e ideólogas burgueses, afirmam que “a exploração e opressão sobre a mulher não desapareceu em lugar nenhum do mundo. As mulheres são pior remuneradas que os homens ao fazer o mesmo trabalho, enquanto carregam o peso do trabalho reprodutivo, socialmente indispensável. As mulheres estão sujeitas ao que chamam cinicamente de ‘violência doméstica’ em todo lugar do mundo. O assassinato, estupro e molestamento estão por toda parte”.
“Todo o conceito de ‘política identitária’ é idealismo e compõe a ofensiva contrarrevolucionária geral contra o marxismo. Disseram que a realidade objetiva, a luta de classes e as contradições fundamentais do mundo atual são secundárias, que deveríamos acreditar que não há verdades e tudo é uma questão de sentimentos subjetivos e pessoais. Eles clamam que não há ideologia científica e tudo é uma ‘construção’. É a negação absoluta do materialismo dialético. De acordo com esse critério falam de ‘sexismo’, como se a opressão e exploração das mulheres fosse meramente uma questão de ideias e não parte inseparável da propriedade privada.”, assentuam.
As organizações signatárias são os Comitês Vermelhos de Mulheres da Áustria e os Comitês Vermelhos de Mulheres da Alemanha, a Liga Comunista Servir ao Povo (Noruega), o Movimento Popular Peru (Comitê de Reorganização) e o Coletivo Bandeira Vermelha da Finlândia.
As organizações culminam chamando a unir a luta pela emancipação da mulher à luta pelo comunismo, sem a qual não pode haver sua definitiva resolução.
“As mulheres constituem ao menos a metade da classe operária e são duplamente oprimidas e exploradas em relação aos seus irmãos de classe. É indispensável desenvolver uma linha com consciência de classe no movimento feminino, uma linha feminina proletária que ideologicamente, politicamente e organicamente aplaste as linhas burguesas e pequeno-burguesas explicitamente considere a luta pela emancipação da mulher como decisiva e parte indispensável da luta pela emancipação da classe operária. Sem a luta pela emancipação da mulher não pode haver luta pelo comunismo. Sem a luta pelo comunismo não pode haver luta real para a emancipação da mulher”. E concluem: “Hoje não há um movimento feminino proletário internacional forte e a principal razão é a falta de Partidos Comunistas Marxistas-Leninistas-Maoistas na maioria dos países do mundo e mesmo na Europa, que gere tal movimento nos diferentes países. Então a tarefa principal na situação atual para qualquer um que queira lutar pela verdadeira emancipação da mulher é contribuir de toda forma possível para a reconstituição de Partidos Comunistas. O movimento feminino proletário deve representar o interesse da mulher operária, a mulher das massas amplas e profundas, deve ser desenvolvido em seu meio e não pode ter seu foco principal nas universidades ou clubes de debates. Deve ser desenvolvido nos locais de trabalho, nos bairros proletários e nas ruas, ao compreender os problemas reais das massas e dar a elas a orientação correta em como resolvê-los, gerando as formas de organização e luta para fazê-lo e desenvolvendo sua luta diária a serviço da luta pela conquista do poder para o proletariado, o que hoje significa pavimentar o caminho em todo nível para o início da Guerra Popular.”.
Ações em todo o mundo
Dinamarca
Na Dinamarca, grupos de militantes comunistas que lutam por criar sua própria organização comunista (como parte da tarefa de reconstituir o Partido Comunista da Dinamarca) realizaram panfletagens e pichações em bairros proletários da capital Copenhague. Em uma pichação escreveram: Feminismo proletário até o Comunismo!, uma consigna muito popular entre os comunistas europeus.
Finlândia
Finlândia
Atividades semelhantes foram realizadas na Finlândia pelo Comitê Bandeira Vermelha, especialmente na cidade de Tampere, a segunda mais importante do país. O panfleto conjunto mencionado anteriormente também foi distribuído pelos maoistas, além de cartazes estampando a insígnia comunista e os rostos das dirigentes comunistas Rosa Luxemburgo, Chiang Ching e camarada Norah.
Suécia
Já na Suécia, militantes maoistas conformaram um bloco vermelho e participaram de uma grande manifestação em Estocolmo, junto com pelo menos 2 mil manifestantes. A marcha tomou as ruas da capital, e o bloco maoista ergueu a consigna Por uma linha classista no movimento feminino. Bandeiras vermelhas com a foice e o martelo foram erguidas e empunhadas pelas maoistas.
Noruega
Na Noruega, uma grande quantidade de ações foi empreendida por militantes maoistas. A sede de um partido de extrema-direita foi atacada por militantes, e os muros da mesma foram pichados com denúncias sobre seus posicionamentos contra a legalização do aborto, um direito democrático conquistado pelas mulheres.
Além disso, a Noruega foi palco de uma uma grande campanha de propaganda sobre a vida revolucionária das dirigentes comunistas Chiang Ching, Nadezjda Krupskaya, Clara Zetkin, Edith Lagos e outras. No dia 8, nas cidades de Oslo, Bergen, Trondheim e Kristiansand foram realizadas também distribuição de folhetos, cartazes e adesivos propagandeando a linha maoista sobre o problema feminino.
França
Na França, o Partido Comunista Maoista do país anunciou, no início de março, a criação de uma organização que sirva de base para desenvolver um vigoroso movimento feminino proletário. Após isso, revolucionários realizaram ações como parte da celebração do dia 8 de março em Lons-le-Saunier, quebrando as vidraças de uma concessionária cujo dono foi acusado de ter cometido crimes contra o povo e contra mulheres; pneus também foram incendiados pelos maoistas. Panfletos assinados pelo Partido e pichações foram deixados no local.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, as maoistas das Guardas Vermelhas de Austin e Los Angeles realizaram ações nas suas respectivas cidades. Em Austin, um contingente de militantes realizou uma contundente marcha o dia 8 de março. Uma faixa com a consigna Despertar a fúria da mulher foi levada pelas maoistas, enquanto gritavam consignas como O lugar da mulher é na luta! Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos! e Mulheres trabalhadores, lhes dão o inferno! Rebelar-se é justo!. As jovens maoistas enfrentaram ainda a polícia que tentou dispersar a manifestação, bloqueando-a pela frente e atacando pela retaguarda. Em Los Angeles, um contingente de revolucionários mascarados foi às ruas gritando palavras de ordem contra a polícia e contra estupradores.
México
México
No México, militantes revolucionárias ligados à Corrente do Povo – Sol Vermelho participaram de uma manifestação contra a “reforma educacional” do governo, na qual militantes do Movimento Feminino Popular (MFP) do México estavam presentes entoando palavras de ordem que propagandeavam a Revolução de Nova Democracia e o comunismo.
Áustria
Áustria
Na Áustria, ativistas revolucionárias dos Comitês Vermelhos de Mulheres, especialmente de Linz e Viena, participaram de manifestações massivas para realizar propaganda do maoismo. Cartazes, folhetos e pichações foram alguns dos recursos utilizados pelas revolucionárias para celebrar o Dia Internacional da Mulher Proletária. A avaliação do Comitê foi que a celebração impulsionou o trabalho revolucionário com as mulheres de Steiermark, Tirol, Viena e em outras regiões do país.
Alemanha
Centenas de cartazes e folhetos com o conteúdo da declaração conjunta já mencionada foram distribuídos e colados também na Alemanha. Ações de propaganda como pichações também foram registradas em várias cidades.
Militantes turcas na Europa participaram também de manifestações no 8 de março, em especial em Nuremberg, Alemanha, e em Liege, na Bélgica.
Chile
No Chile, segundo relatos do jornal democrático El Pueblo, uma grande manifestação mobilizou mais de 300 mil pessoas em Santiago. Várias reivindicações populares foram expressas por ativistas e mulheres em geral e, durante o protesto, barricadas em chamas foram erguidas.
Equador
No Equador, a Frente de Defesa das Lutas do Povo (FDLP) pronunciou-se apelando para que fosse celebrado o dia 8 de março combativamente, rechaçando “o feminismo burguês” e de modo que servisse a impulsionar a consciência de classe das mulheres das massas populares. Um cartaz do MFP do Equador foi publicado via internet e distribuído em vários pontos do país.
Itália
Itália
Na Itália, o Movimento Feminista Proletário Revolucionário (MFPR) realizou propaganda em várias cidades italianas, como Palermo. Faixas e agitações públicas foram utilizadas pelo movimento para convocar as mulheres à luta revolucionária.
Canadá
No Canadá, militantes maoistas realizaram desde fevereiro uma série de ações preparativas para celebração do 8 de março. Mas, foi no dia em questão que os maoistas saíram às ruas junto com uma marcha massiva, na qual propagandearam o maoismo e a necessidade da revolução socialista.
Brasil
No Brasil, o Movimento Feminino Popular (MFP) realizou celebrações e manifestações em várias partes do país por ocasião do Dia Internacional da Mulher Proletária.
No Rio de Janeiro, pelo menos 80 pessoas participaram da celebração, dentre mulheres do povo e ativistas do movimento popular. O ato político contou com uma exposição sobre a situação política atual e suas implicações para a opressão sobre a mulher. O MFP ainda fez diversas pichações nas ruas da cidade com a consigna Despertar a fúria revolucionária da mulher!
Já em Manga, no Norte de Minas, as ativistas revolucionárias e militantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) também celebraram discutindo a situação atual. Cartazes nas paredes exaltavam a grande dirigente revolucionária brasileira Sandra Lima, fundadora do MFP; além de outras dirigentes comunistas mulheres, como Chiang Ching, uma das chefes da Grande Revolução Cultural Proletária; a camarada Norah, do Partido Comunista do Peru e outras.
Em Varzelândia e municípios ao seu redor foram realizadas atividades de agitação e propaganda, como panfletagens denunciando os crimes contra o povo levados a cabo pelo atual gerenciamento.
Em Porto Velho, Rondônia, o Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” (HISTEDBR/UNIR), em conjunto com a Executiva Rondoniense de Estudantes de Pedagogia (ExROEPe), realizou, na última quinta-feira, 14 de março de 2019, às 19h, no Auditório da Universidade Federal de Rondônia (UNIR-Centro), o Seminário O Marxismo e a Questão Feminina.
O evento teve a palestra da Professora Doutora Marilsa Miranda de Souza (PPGE/UNIR) e foi seguida de um debate acerca da relação entre a teoria marxista e a Questão Feminina. A atividade também celebrou o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora e se propôs, entre outras temáticas, a relacionar a origem e o histórico da opressão feminina, bem como problematizar as lutas atuais acerca da emancipação da mulher e das relações de exploração existentes na sociedade de classes.