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Há exatamente um ano, o mundo assistiu a uma ação militar brilhante, arrojada e de uma transcendência histórica que há muito não se via.
Compensando com coragem e criatividade a desvantagem material frente ao inimigo, na melhor tradição das lutas anticoloniais do século XX, combatentes de várias facções da resistência nacional palestina (à frente, o Hamas) desmoralizaram a máquina de guerra sionista. Primeiro, fazendo chover foguetes sobre o território controlado pelo governo de Tel Aviv e sepultando o mito da defesa antiaérea inexpugnável. Ato contínuo, transpondo a barreira erguida pelo Estado ocupante entre esse território e Gaza e tomando, entre ocupantes fortemente armados, todos os prisioneiros que quiseram.
A primeira e instintiva reação de Israel foi acionar sua máquina propagandística, repercutida por toda a imprensa mercantil monopolista da Europa e das Américas. Mas ela não tem se mostrado mais eficiente que a máquina bélica.
Passada a surpresa inicial, foram se delineando aos olhos do mundo a verdade e a justeza da ação palestina.
Os alvos do dito “maior ataque antissemita desde o holocausto” não foram atacados “por serem judeus”, mas por sua condição de ocupantes coloniais. Sendo judeus, a resistência palestina nada faria contra eles em qualquer outra parte do mundo. Estando onde estavam, seriam por ela tratados como invasores independente de sua religião ou origem.
Não eram civis na acepção usual do termo porque Israel estrutura sua sociedade de forma a não haver ali a distinção entre civis e militares que embasa as doutrinas militares clássicas e o direito internacional humanitário. Quase todos os seus cidadãos adultos servem às forças armadas alguns meses por ano. E, como bem assinalou na ocasião Scott Ritter, os kibutzim são instalações (também) militares, mais ainda nas zonas de fronteira.
A ação não teve caráter terrorista em nenhuma definição séria do que seja isso. Os palestinos usaram a força militar necessária para atingir seu objetivo. A maioria das mortes, ao que tudo indica, se deu pelas armas das forças sionistas, em meio à desorientação que as levou a atirar sem saber em quem e à diretriz de matar seus próprios soldados e cidadãos antes que eles sejam feitos prisioneiros.
As mentiras sobre decapitação e queima de bebês tiveram logo demonstrada sua falsidade.
A acusação de estupro em massa revelou-se também inverossímil: sendo um dos horrores de quase toda guerra, esse é, em geral, um recurso de forças de ocupação para controlar a população pelo medo e pelo trauma. Não é compatível com uma incursão em que cada minuto é precioso para atingir o objetivo antes que o inimigo reaja.
Tempo para fazer o que bem entendessem, os palestinos tiveram depois, com os reféns em seu poder. O máximo que a propaganda de guerra sionista conseguiu produzir foram elucubrações sobre por quê não houve estupros: segundo declarou uma ex-prisioneira, Mia Schem, ao jornal Times of Israel, porque a esposa do combatente encarregado de sua guarda ficava no quarto ao lado. Essa surpreendente atribuição de poder à mulher árabe – mostrada sempre, na propaganda ianque e sionista, como escrava do homem – veio, porém, acompanhada de amarga queixa pelo fato de a mesma (rotulada, por isso, como “muito má”) cozinhar apenas para seu marido e filhos, não para a franco-israelense que parece tê-la confundido com sua empregada doméstica.
Em 7 de outubro de 2023, ocorreu uma ação respaldada pelo direito internacional, que reconhece o direito do povo palestino ao uso de “todos os meios possíveis, inclusive a luta armada” na busca de sua libertação (Resolução 3070 da Assembleia Geral da ONU) e declara inaplicáveis à luta contra o colonialismo e os regimes racistas as normas que visam coibir e sancionar a tomada de reféns (art. 12 da convenção da mesma ONU contra tal prática). Alguns pensamos que tal reconhecimento é fruto da legitimidade dessa luta; outros, mais formalistas, poderão acreditar que tal legitimidade decorre dele. O que não cabe é dúvida quanto a ela.
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A dimensão gloriosa da Tempestade de Al Aqsa reside, principalmente, em ter feito reviver aos olhos do mundo a causa palestina, quando já estava servida a mesa na qual o sionismo e as monarquias absolutas do Golfo Pérsico – tão pusilânimes frente a ele quanto implacáveis para com seus próprios povos – a devorariam no bojo dos chamados Acordos de Abraão.
A ação político-militar de 7 de outubro parou o relógio que marcava o tempo da consumação definitiva da Nakba; e, tomando emprestada a metáfora de Ilan Pappé, fez disparar vários outros que correm, desde então, em velocidades distintas.
Primeiro relógio: o do ressurgir do sentimento pan-árabe e pan-islâmico. Até então – e essa era a premissa não escrita dos referidos acordos – , parecia que os objetivos de Israel e dos EUA poderiam ser atingidos mediante o máximo que suas contrapartes árabe-muçulmanas poderiam dar: omissão. Nenhum monarca árabe, por absoluto que seja seu poder, pode, sem risco do trono e da vida, afrontar seus súditos a ponto de convalidar a ocupação de Jerusalém (Al Quds) e as profanações em Al Aqsa. Não por acaso, a família real saudita (antiga cúmplice dos EUA e, por extensão, de Israel), preferiu o risco de romper esse laço, se aliando à China e à Rússia sem reparos a compartilhar tal campo político com o arqui-inimigo Irã, ao de seguir o mau exemplo de seus pares do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos.
Não só a demonstração de vitalidade da resistência palestina reacendeu, na região, o sentimento popular contra o sionismo e seus colaboradores: o supremacismo judaico, em sua megalomania, joga gasolina na fogueira ao alentar delírios como a construção de um templo em lugar da mesquita ali situada e a expansão de seu “espaço vital” sobre o Iraque, Síria e Líbano.
Esse sentimento revigorado levou ao mais belo e efetivo gesto de apoio aos palestinos, vindo de um povo tão pobre e mal armado quanto eles, e ainda mais esquecido: os iemenitas, que enfrentam, há 10 anos, uma carnificina promovida por ianques e sauditas. A coragem e o desprendimento do Ansar Alah (houthis) ao sobrepor o imperativo moral de solidariedade ao próprio interesse militar e político imediato, desafiando os EUA e a Inglaterra e fazendo sangrar a economia de Israel ao fechar o Mar Vermelho a navios que para lá se dirigissem, é um luminoso exemplo que já fincou raízes profundas na consciência dos povos.
Segundo relógio: o do revigoramento da consciência anticolonial no 3º Mundo. Muito ligado ao primeiro, mas com uma dimensão mais ampla, que abrange toda a Ásia e a África, com reflexos na América Latina. O sionismo como concebido por seu principal formulador, Theodor Herzl, é um braço do neocolonialismo europeu do século XIX. Uma de suas peculiaridades é ter atingido seu zênite quando este refluía. A isso, entre outras coisas, aludiu Nelson Mandela ao dizer que, sem a libertação dos palestinos, a dos negros sul-africanos não seria completa.
Os outros gestos importantes de apoio aos palestinos vieram precisamente da África do Sul, governada por Cyril Ramaphosa e pelo Congresso Nacional Africano, continuadores dos acertos e dos erros de seu líder maior.
Entre os primeiros, está a conduta impecável com seus aliados da luta contra o apartheid. Tendo transigido com a impunidade dos piores agentes de tal regime e com a preservação da estrutura econômica a ele subjacente, Mandela foi exemplar com quem lhe estendera a mão para entregar dinheiro e armas nos momentos mais duros na luta antirracista: já presidente da África do Sul, não hesitou em ir à Líbia abraçar Khadafi, dando mostra de total desprezo ao embargo e às potências do Atlântico Norte que o ditavam.
O que Ramaphosa pode ganhar em popularidade denunciando Israel não compensa o que ele pode perder em todos os âmbitos devido à capacidade desestabilizadora de Tel Aviv e de seus agentes na África do Sul e fora dela. Se os dirigentes sul-africanos oferecem à causa palestina e da humanidade a autoridade moral que o Ocidente terminou por lhes reconhecer, o fazem por um propósito mais elevado, e não por uma conveniência inexistente.
Seu ato mais importante, precursor e corajoso, porém, talvez não seja a denúncia a um tribunal que Israel ignora, mas outro, bem menos noticiado.
Em dezembro de 2023, publicaram-se comunicados em seus canais oficiais advertindo os cidadãos do país e os estrangeiros que nele residem sobre as consequências de se alistar nas forças armadas de Israel. Invocando as leis sul-africanas de assistência militar e de naturalização, o governo de Ramaphosa deixou claro que quem o fizer está sujeito à prisão e processo no retorno ao país por violar essas leis ou por crimes tipificados no direito internacional; e, no caso dos naturalizados, à cassação da cidadania.
Que servir a um exército estrangeiro deva levar à perda da nacionalidade – e não só para quem a adquiriu por naturalização – é um princípio inobjetável. Nada justifica que quem não faz serviço militar no Uruguai ou na Argentina (países onde ele não existe), nem no Brasil ou nos EUA (nações onde ele não é, na prática, obrigatório) o faça em Israel mantendo o status e as prerrogativas de cidadão desses países. Como virtualmente toda a população judia de Israel tem dupla cidadania, a adoção de tal critério pode ajudar a deter a máquina da morte, pois muitos pensariam duas vezes antes de arriscar um passaporte. Se os países que fornecem população a Israel adotassem essa simples medida, ele teria que se desmilitarizar.
Terceiro relógio: o da guerra regional. A resistência palestina agiu premida pelo tempo – que, tragicamente, coincidiu, num flanco importante, com o do inimigo, não com o de um aliado. Único Estado da região ainda minimamente robusto e disposto a enfrentar o sionismo, o Irã corre contra o relógio para desenvolver armas nucleares e se pôr, assim, a salvo das de Israel. Extraindo da situação o benefício possível, o regime de Tel Aviv intensificou as provocações ao de Teerã, bombardeando sua embaixada em Damasco e assassinando altos quadros persas e de organizações xiitas de outros países que reconhecem ascendência ao governo iraniano, como o Hezbolá libanês (que perdeu seu líder máximo, Hassan Nasrallah) e o Hamas (cujo dirigente Ismail Haniyeh foi morto em plena capital iraniana). Essas provocações deixam os aiatolás entre a cruz (risco de desmoralização por não reagir à altura) e a espada (sofrer a intensificação delas por essa falta de reação, ou ir à guerra sem o devido preparo).
Quarto relógio: o do redesenho político do Oriente Médio, com o fim de Israel. Ainda que consiga matar o último palestino, fazer retroceder a Síria e o Líbano ao estado tribal e transformar o Irã num deserto nuclear, o Estado sionista tem os dias contados. Uma coisa é destruir um país; outra é controlar sua população e seu território, como aprenderam os ianques no Iraque e no Afeganistão. Ademais, a insanidade da retaliação sionista ao golpe sofrido em 7 de outubro passado acelerou a transição geopolítica que tende a dar fim ao controle dos EUA sobre a região. A cada dia, mais países árabes se afastam de Washington e se aproximam de Pequim e, secundariamente, Moscou. Não há nem haverá na China, nem mesmo na Rússia, nada parecido com o lobby sionista que hoje condiciona as ações de Washington e Londres. A troco de quê, então, essas potências ascendentes respaldariam o sionismo? Ainda que se sentissem tentadas ao divide et impera, este pode ser atingido pela manipulação das rivalidades intra-árabes e intra-islâmicas, sem que se atinja o limite da guerra total – indesejável para quem, ao contrário dos EUA, não alicerça sua hegemonia no caos.
Quinto relógio: o da desmoralização das sedizentes democracias do Atlântico Norte. Por um prisma, como bem apontou Prabhat Patnaik, é assustador o contraste entre a indignação que predomina entre o povo dos EUA contra o genocídio em Gaza e a adesão monolítica de seu sistema político aos crimes do supremacismo judaico. Milhões de estadunidenses foram às ruas bradar contra tais crimes e ao menos um (o jovem militar Aaron Bushnell, cujo nome e sacrifício é dever de todos recordar) entregou sua vida em protesto contra eles.
A política parlamentar ianque, no entanto, se restringe a sublegendas do sionismo mais ferrenho. Se Donald Trump tem um destacado membro desse lobby (Jared Kushner, seu genro) à mesa, Kamala Harris tem outro (Douglas Emhoff, seu marido) na cama.
Isso não se explica sequer pela razão de estado. O interesse estratégico dos EUA seria manter uma relação normal com os países da região, o que implicaria prescindir de Israel ou, ao menos, contê-lo. Em lugar disso, o que se vê é a incapacidade de impor limites a um aliado muito menor, ao preço até da perda de seus mais próximo e tradicionais cúmplices e braços militares muçulmanos: Arábia Saudita e Turquia. Intensifica-se a dependência de Israel para com os EUA, mas também a dos EUA para com Israel. Morrerão abraçados, e não por amor.
O que restava da democracia ianque está sendo corroído também pela degradação da vida civil. Já nos primeiros protestos contra a guerra, o Estado ianque prendeu milhares de pessoas que não cometiam crime algum e apenas exerciam um direito supostamente assegurado por sua Constituição. Entre elas, 500 dignos e valorosos judeus, entre os quais 20 rabinos – dado crítico para Israel, que, para sobreviver, precisa da adesão dos judeus de outros países (especialmente dos EUA) tanto ou mais que de ar.
Sob intensa pressão do lobby sionista no Congresso e também de alguns financiadores de suas instituições, as reitoras das universidades de Harvard, Columbia e Pensilvânia foram levadas a renunciar a seus cargos por não reprimir protestos estudantis contra Israel.
Em Hollywood, retornam com força total – agora, contra quem ouse tecer qualquer crítica a Israel – as listas negras, como não se via desde o fim do macartismo. Isto num país que tem como mito fundador o culto à liberdade absoluta de expressão, e em meios nos quais sempre foi livre a crítica mais dura às guerras travadas pelos próprios EUA, do Vietnã ao Iraque.
Em escala um pouco menor, ocorre o mesmo na Europa Ocidental.
Sexto relógio: o do fim do atual sistema de organizações multilaterais públicas e privadas. Israel, Estado cuja pretensa legitimidade perante o direito internacional reside unicamente numa resolução das Nações Unidas, descumpre, há tempos e sem consequência alguma, todas aquelas mediante a mesma organização lhe manda fazer ou deixar de fazer algo. Neste último ano, esgotou e inovou a lista de infâmias possíveis. Eis alguns de seus atos aberrantes que ninguém, incluída a Alemanha nazista, fôra, até então, capaz de cometer: i) massacre, a tiros de metralhadora, de centenas de famintos na fila da entrega de alimentos da ajuda humanitária; ii) bombardeios recorrentes a hospitais, casas, escolas e campos de refugiados; iii) assassinatos (propositais) de centenas de jornalistas, profissionais de saúde, funcionários da ONU e da Cruz Vermelha; iv) assassinato do negociador da contraparte (Haniyeh); v) declaração do secretário geral da ONU como persona non grata; vi) massacre de dezenas de milhares de civis palestinos, em sua maioria crianças, e expansão do modus operandi para o Líbano; vii) destruição de toda a infraestrutura de saúde, educação, transporte e abastecimento de eletricidade e água em Gaza; viii) explosão teleguiada de objetos de uso cotidiano (pagers e walkie-talkies) de membros do Hezbolá. Este último ato se enquadra em qualquer conceito de terrorismo por atingir quem quer que passasse pelos locais públicos (mercados, parques, ruas…) onde se deram as explosões.
A par de constituir a dimensão dolorosa do processo histórico desencadeado há um ano, esses fatos evidenciam a falência de um sistema incapaz de coibi-los.
Aprovadas por ampla maioria, todas as resoluções do Conselho de Segurança da ONU mandando cessar o genocídio ou constituir o Estado palestino são vetadas pelos EUA. As da Assembleia Geral, onde não há poder de veto, são simplesmente ignoradas.
Merece também menção a pusilanimidade do Comitê Olímpico internacional ao permitir que Israel enviasse aos jogos de Paris representantes que, ademais – e como quase toda sua população adulta – integram as forças militares que perpetram o genocídio em Gaza.
O sistema de organizações internacionais ainda existente, centrado na ONU, esgotou sua capacidade e sua credibilidade, como antes ocorrera com a Sociedade das Nações.
Sétimo relógio: o da penetração sionista na América do Sul, expresso em reiteradas exibições de poder e arbítrio no Brasil, Uruguai e, sobretudo, Argentina, além de ações encobertas no Chile. Há artistas e jornalistas censurados e cidadãos presos sem motivo legítimo.
A cumplicidade das instituições policiais, militares e de inteligência vem, entre outros fatores, de sua relação com a indústria bélica e de vigilância/espionagem israelense. Sob os auspícios de Israel e dos EUA, elas se prestam a perseguir as comunidades árabes (mormente sírio-libanesas) do Brasil, Paraguai e Argentina, especialmente (mas não apenas) na tríplice fronteira.
Proliferam as viagens de juízes das cortes superiores desses dois países a Tel Aviv; e, no mesmo ritmo, as prisões arbitrárias de cidadãos de origem árabe – acusados, via de regra, de colaborar com o Hezbolá. Tal acusação nem sempre é falsa. O que não se justifica é persegui-los e tratar como terrorismo coisas que vão da legítima expressão de apoio político ao reles e habitual delito de contrabando, enquanto correm soltas a participação de brasileiros no exército sionista e a colaboração de banqueiros bilionários, como os Safra e os Dayan, com aquele Estado.
No âmbito parlamentar e na sociedade como um todo, as igrejas neopentecostais sionistas são agentes de pressão e propaganda. A existência e fortalecimento delas é outra estratégia conjunta de Israel e dos EUA para disseminar um arremedo de american way of life para pobres do qual é parte uma extravagante leitura bíblica favorável ao sionismo.
A convergência, porém, não é total. Israel, agora, faz o que quer não só no Oriente Médio, mas também no que se supunha o quintal geopolítico dos EUA, onde nenhum outro país poderia entrar. Isto ficou patente nas últimas eleições presidenciais brasileiras (2022) e argentinas (2023), em que os candidatos dos ianques eram, respectivamente, Lula e Sérgio Massa; e os dos israelenses, Bolsonaro e Javier Milei.
Na hipótese mais benigna, o sionismo está a organizar uma rota de fuga de criminosos de guerra, tão maior que a pós-1945 quanto maior é a proporção deles em Israel que na Alemanha, onde nem toda a população tinha que servir à Gestapo e às SS. Na mais aterradora, preparam o terreno para uma nova ocupação colonial quando ruir o que hoje existe na Palestina ocupada.
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O destino da Palestina e do mundo depende do quão rápido os povos façam trabalhar os ponteiros de cada um desses relógios. Alea jacta est.