‘Um inocente a mais, a menos, tanto faz’: fala de PM do RJ revela o modo de atuar assassino e terrorista das forças de repressão

Capitão da PM Anderson Santos Orrico. Foto: Reprodução

‘Um inocente a mais, a menos, tanto faz’: fala de PM do RJ revela o modo de atuar assassino e terrorista das forças de repressão

O capitão da Polícia Militar (PM) Anderson Santos Orrico, chefe da seção de recursos humanos da Diretoria de Recrutamento e Seleção de Pessoal (DRSP) da Polícia Militar do Rio de Janeiro (RJ) é investigado por ter incentivado policiais a matarem mais na época que foi chefe do serviço reservado (P2) do 21° Batalhão de Polícia Militar (BPM). As informações são de uma investigação do Ministério Público. 

Os incentivos dados por Orrico remontam ao ano de 2020, quando o PM chefiava o P2 do 21° BPM. Mensagens da época revelam que Orrico estimulava o assassinato inclusive de inocentes. “Porra, tinha que largar o bambu! Um inocente a mais, um inocente a menos, tanto faz”, afirmou ele no dia 18 de julho de 2020 por mensagem no grupo do Whatsapp “Corujas assassinas 21”. Coruja é o apelido dado a policiais do P2. 

Outras mensagens incentivaram a prática em outras ocasiões: “Nosso ritmo é bala. Se tiver como matar, empurramos”, declarou ele no dia 15 de maio de 2020. “Dá para matar hoje. Tem bastante matéria prima”, declarou em 22 de julho de 2020, após avisar de uma suspeita de roubo de carga na região do centro da cidade. 

As mensagens foram encontradas no celular do também PM Adelmo da Silva Guerini Fernandes, que foi subordinado de Orrico no 21° BPM e foi preso em 2020 acusado de ser integrante de um grupo paramilitar na comunidade Asa Branca, em Jacarepaguá, zona oeste do RJ. As investigações também revelaram que Guerini fazia parte de uma patrulha do 21° BPM responsável por conduzir extorsões, sequestros, torturas e assassinatos no município. 

A partir da investigação, uma operação foi deflagrada e prendeu 11 PMs em maio de 2022, além de realizar mandados de busca e apreensão contra Orrico. Policiais do 24° BPM, de Queimados, e do 15° BPM, em Caxias, também foram acusados de integrar as quadrilhas, evidência da generalização do fenômeno de grupos paramilitares e de extermínio nos batalhões da corporação. 

Ao todo, cerca de R$ 133 mil foram encontrados na sala de Orrico no 21° BPM e na casa do policial. Mesmo assim, o PM não foi expulso da corporação. O PM foi transferido para a Diretoria Geral de Pessoal, onde ficou dez meses até ser transferido, no dia 15 de março deste ano, para a DRSP, onde atua como responsável pelo recrutamento de novos policiais. Após uma semana depois de assumir o novo cargo, Orrico recebeu uma Medalha de Bons Serviços. 

É o segundo escândalo envolvendo um PM no RJ em menos de um mês, após a divulgação do caso de Rafael Nascimento Dutra, PM acusado de chefiar um grupo de extermínio na Baixada Fluminense. Os casos confirmam a denúncia de AND ao revelar a generalização de grupos de extermínio nos batalhões da corporação e a carta branca para matar dada aos matadores e mentores das quadrilhas e bandos paramilitares desde a própria força de repressão.

Dados de 2022 revelam que, entre 2011 e 2021, foram 262 PMs expulsos ou submetidos ao Conselho Disciplinar por envolvimentos com grupos paramilitares no estado. A cifra dos que foram submetidos ao conselho, mas não necessariamente expulsos, chega a 96. Quantos mais haverão atuando impunemente e sendo impulsionados a assassinar friamente o povo pobre das favelas e periferias do Brasil?

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