José Múcio Monteiro Filho foi empossado como novo ministro da Defesa, ao agrado dos altos mandos das Forças Armadas reacionárias. O propósito de sua nomeação ao cargo por Luiz Inácio é conciliador e apaziguador com o golpismo que galopa posições na caserna. A história já deu múltiplos exemplos de onde isso acaba.
Múcio foi do Arena, o partido da ordem do regime militar fascista. Não à toa, é tido com “muito apreço” – nesses termos – pelo boquirroto ultrarreacionário Hamilton Mourão. Bolsonaro foi mais sentimental que seu ex-vice: “Eu sou apaixonado por você, José Múcio”, disse durante a cerimônia de despedido de Múcio do Tribunal de Contas da União, complementando: “Se a saudade bater, venha para cá”. O ex-presidente, hoje em autoexílio, chegou a convidá-lo para ser ministro à época. Os militares da reserva que compuseram o governo Bolsonaro também declararam agrado com a nomeação.
Que ninguém pense que Múcio, aos 74 anos, terá postura diversa, agora de enfrentamento às intromissões golpistas dos generais da ativa na vida política nacional – embora tenha sido isso o prometido por Luiz Inácio, no que respeita à “normalidade institucional”.
No dia 2, após ser empossado, Múcio tratou os acampamentos em frente aos quartéis como “manifestações da democracia”. A título de ilustração, nesses acampamentos, estampam-se faixas com consignas como “Intervenção militar já!” e, enquanto isso, as investigações revelaram que os fascistas que intentaram explodir um caminhão, em Brasília, saíram do acampamento em frente ao Quartel-general. É também esclarecedor constatar que essa é exatamente a mesma opinião dos altos mandos das Forças Armadas reacionárias.
Questionado o que fará se houver intromissões de oficiais da ativa na vida nacional, alheia às ditas “missões institucionais” das Forças Armadas, Múcio não deu resposta. E nem poderia dá-la. Sua política é conciliar, ou seja, permitir que se faça.
Múcio disse, ainda no dia 2, que tem familiares nos acampamentos, e que as Forças Armadas “sempre se posicionaram a favor da democracia” – sempre, entenda-se, inclusive entre 1964-1985, durante o regime militar fascista. Rigorosamente no mesmo tom dos generais golpistas e, inclusive, do bolsonarismo.
Com um ministro da Defesa assim, nomeado com a promessa de “normalizar a relação com as Forças Armadas”, o que se pode esperar do próximo período no que depender exclusivamente da velha democracia? Maior tutela, que será sempre acompanhada do crescimento do moral golpista nas forças e na opinião pública de direita, de que os generais é que devem tomar à frente do País, o que vem sempre acompanhado do anticomunismo e antessala da extrema-direita. É nisso que resultará a conciliação com os generais intervencionistas.
Imagem de destaque: José Múcio Monteiro em cerimônia de posse no Ministério da Defesa. Foto: Reprodução/TV Brasil