Uruguaios bebem água salgada enquanto latifúndio e imperialismo dominam reservas hídricas do País

Povo uruguaio protesta em frente à residência presidencial contra distribuição de água salobra. Foto: Eita Abramovich/AFP/Metsul

Uruguaios bebem água salgada enquanto latifúndio e imperialismo dominam reservas hídricas do País

Com a chegada de uma nova seca no Uruguai, milhões têm passado sede ou sido forçados a beber uma mistura de água salobra com água doce, usada pelo velho Estado uruguaio para encher os reservatórios do país. O governo, que não forneceu nenhuma alternativa efetiva para a solução da crise hídrica, responsabiliza única e exclusivamente a seca pela crise, enquanto o latifúndio uruguaio monopoliza 80% dos reservatórios de água do país.

Em meio à desgraça para as massas, o monopólio de tecnologia ianque (Estados Unidos, USA) Google avança com um acordo de compra de 29 hectares de terra no Uruguai para a construção de um banco de dados que usará 7,6 milhões de litros de água diariamente para resfriamento das máquinas. 

A crise hídrica se instalou há meses no país, e no dia 19 de junho o governo chegou a decretar estado de emergência na capital, Montevidéu. Apesar disso, segue a ignorar as causas fundamentais da crise. O latifúndio, que usa cerca de 80% da água do país para a produção de commodities como arroz e soja, vendidos no exterior e retornado na forma de superlucros para poucos latifundiários, segue intocado. 

Além disso, a Google segue com sinal verde para avançar com um projeto de pilhagem escancarada da Nação uruguaia. Serão 29 hectares de terra comprados pela gigante de tecnologia ianque (o que por si só poderia ser configurado como um escandaloso ataque à soberania nacional) no distrito de Canalones, sul do Uruguai, voltados para a construção de um centro de dados. O empreendimento, uma vez pronto, exigirá o uso de uma quantidade de água correspondente ao consumo diário de 55 mil pessoas para o resfriamento dos servidores. 

O velho Estado uruguaio justifica a miséria das massas com o velho discurso do “incontornável problema ambiental”. Encenando uma postura de quem quer solucionar o problema, o presidente reacionário do Uruguai, Lacalle Pou, emplacou a proposta de encher os reservatórios do país com água provinda do encontro do Rio da Prata com o oceano Atlântico. São inúmeras as reclamações das massas populares do país, que se recusam a beber a mistura salgada e são obrigadas a comprar o líquido engarrafado. Até mesmo os órgãos sanitários do governo admitem a impropriedade da mistura para consumo, sobretudo para gestantes, crianças, idosos e bebês. 

Outra medida insuficiente foi a entrega de dois litros de água gratuitamente por dia para 21 mil famílias (dois litros para uma família, e não por pessoa) pobres ou vulneráveis. O número estimado de pessoas que não conseguem comprar água no país é de 500 mil. 

O agravamento da crise ocorreu após essas medidas cosméticas e são a comprovação da ineficácia desses protocolos, típicos do malabarismo político que não quer tocar no cerne de um problema. Independente da gravidade da seca, a verdadeira origem das mazelas do povo uruguaio, dentre elas as constantes crises hídricas, é sabida desde Artigas. Está no saqueio descarado às riquezas naturais e recursos estratégicos do Uruguai pelo latifúndio serviçal do imperialismo e pelas próprias empresas monopolistas da grande burguesia local ou de capital estrangeiro, problemas patentes em qualquer país órfão de uma Revolução Democrática, Agrária e Anti-Imperialista. A solução, portanto, perpassa o fim do sistema latifundiário e a expulsão dos saqueadores da Nação, lado a lado com a distribuição das terras para os camponeses pobres e a Nova e Verdadeira Democracia para o povo uruguaio.

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