O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, participa de uma coletiva de imprensa conjunta com Donald Trump, na Casa Branca, 13/11/2019. Foto: Joshua Roberts/Reuters.
Nos dias 10 e 14 de dezembro, a União Europeia (UE) e o Estados Unidos (USA) anunciaram, respectivamente, a imposição de sanções contra o seu suposto aliado, a Turquia. A princípio suas razões eram distintas mas, no fundo, representam o mesmo objetivo: punir o país por suas ambições crescentes de ser uma “potência regional”, intolerável para os imperialistas.
O alvo das sanções da UE foram funcionários, empresas e navios envolvidos nos esforços turcos em explorar os recursos abaixo do fundo do mar Mediterrâneo oriental. Esta é a região onde foram descobertas ricas reservas de gás natural e de petróleo e é reivindicada pela Grécia e Chipre como sendo águas exclusivas destes dois países. Outra questão candente ocorre no mar Egeu, por conta da proximidade de um arquipélago grego com a costa da Turquia.
No entanto, um comunicado divulgado pela UE no dia 11/12 pontuou que havia um descontentamento mais amplo com a postura geopolítica da Turquia. Nele, afirma-se que o país havia “se envolvido em ações e provocações unilaterais e escalou sua retórica contra a UE”. E deixando, com isto, em evidência serem suas pretensões regionais um motivo para a represália.
Já no caso do imperialismo ianque o argumento utilizado foi a aquisição feita pela Turquia do sistema de defesa antimísseis S-400 russo. Isto desencadeou as penalidades impostas a partir da Lei de Combate aos Adversários da América por meio de Sanções do USA.
A compra de armamento russo já havia sido a razão pela qual a Turquia já havia sido excluída, inclusive, do programa de desenvolvimento e treinamento de caças F-35 do USA, em 2019. Também estão sendo punidas as intervenções militares e políticas turcas na Síria, Líbia e no Cáucaso.
Apesar de não serem por si só particularmente rigorosas, as sanções promovem, em seu conjunto, uma pressão política com uma punição aos movimentos recentes do país. E a sua interferência externa, além de prejudicarem a economia nacional, afastando potenciais investidores.
PUNIR E FREAR AS AMBIÇÕES REGIONAIS TURCAS
Nos últimos anos o expansionismo reacionário das classes dominantes turcas, representadas na figura do presidente Recep Tayyp Erdogan, se colocou em evidência principalmente no Norte da Síria. Esta, por sua vez, é uma região invadida e ocupada pelas tropas turcas em 2019, sob o pretexto de combater os curdos, as quais sofreram retaliação tanto destes como do exército sírio.
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Tratando-se a Síria de uma semicolônia do imperialismo russo, base de suporte do governo de Bashar al-Assad, a Turquia acabou por ser tutelada, nesta situação, pelos russos.
Em vista de fortalecer sua posição na região, frente aos avanços russo, os ianques tentaram criar uma zona militar conjunta com os turcos nessa região, mas fracassaram. Em sequência, abandonaram seu apoio aos grupos paramilitares curdos, até então seus “aliados” na Síria.