O governo do Donald Trump, atual chefe do imperialismo ianque, impôs novamente sanções contra os setores de petróleo e financeiro do Irã. Uma vez em vigor, o governo ianque irá impedir de atuar no mercado local as empresas, nacionais ou estrangeiras, que realizarem comércio com estes setores da economia iraniana.
Para evitar que o preço do petróleo se eleve incontrolavelmente, o USA garantiu que ao menos oito países (entre eles, China, Itália, Índia, Japão, Turquia e outros) não serão afetados temporariamente pelas sanções ao realizarem negócios com o setor petroleiro iraniano. “Eu quero ir um pouco mais devagar. Eu não quero aumentar o preço do petróleo”, afirmou Trump ao monopólio Reuters.
Essa medida deve-se ao fato de o Irã ser o terceiro maior exportador de petróleo do mundo e, uma vez impedido de comercializar com todos no mercado mundial, o preço desta commoditie imediatamente subiria por haver menos oferta no mercado para a mesma demanda. Com a liberação desses oito países, alguns dos maiores importadores de petróleo do mercado mundial, o USA baixa também a demanda por petróleo, estabilizando o preço.
A medida, no fim das contas, destina-se mais diretamente ao resto dos países da chamada União Europeia (a segunda maior importadora de petróleo iraniano), além da Inglaterra – o que não deixa de impactar seriamente a economia iraniana, totalmente frágil e dependente da exportação de petróleo. A exportação dessa mercadoria corresponde a 40% de toda a riqueza produzida pelo país.
As sanções atingem diretamente 700 empresas e indivíduos iranianos e, segundo o governo ianque, medidas mais duras devem ser aplicadas nos próximos meses.
O que pretendem os imperialistas ianques
Essa sanção aplicada por Trump é semelhante à que aplicou o governo de Barack Obama entre os anos de 2012 e 2015 – agressão que, na época, foi justificada como “necessária” para pressionar o governo iraniano a firmar um acordo que limitasse o desenvolvimento do seu armamento nuclear (programa movido pelo governo para desenvolver bombas atômicas e dissuadir as ameaças de guerra do USA). O acordo não impedia o Irã de produzir mísseis balísticos e nem energia nuclear para fins civis.
Trump, por sua vez, impõe as sanções seis meses após romper esse mesmo acordo nuclear, firmado pelo governo reacionário de Obama em 2015. Segundo Trump, o acordo era “o pior do mundo” porque permitia que o Irã seguisse desenvolvendo a energia nuclear para gerar eletricidade, além de permitir produção e desenvolvimento de mísseis.
Na realidade, o objetivo de Trump, ao sair do acordo nuclear e impor novamente essas sanções, é criar mais dificuldades para o governo iraniano gerar energia e estrangular sua economia, para força-lo a abandonar sua atuação nas guerras e conflitos criados pelo USA no Oriente Médio Ampliado.
O objetivo imediato dos ianques, sobre esse ponto, é impedir que o Irã volte a atuar na guerra de agressão travada na Síria. Ali, as milícias xiitas dirigidas pelo Irã (servindo aos imperialistas russos) foram decisivas para derrotar os grupos mercenários financiados pelos ianques (o USA intenta derrubar Assad e colocar lá um governo submisso aos seus interesses e não aos dos russos).
Outro objetivo do USA com a agressão econômica é eliminar qualquer chance de que o Irã seja capaz de desenvolver armas nucleares e, assim, deixa-lo vulnerável a ameaças e agressões.
Irã dobra aposta, massas marcham nas ruas
Hassan Rohani, presidente do regime semicolonial e semifeudal iraniano (serviçal do imperialismo, principalmente o russo), disse que o Irã continuará exportando petróleo apesar das sanções. O ministro de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o USA “se arrependerá” por impostas as sanções e que serão forçados a mudar de política.
Já o líder supremo da República Islâmica, Ali Khamenei, afirmou que o USA é perdedor e que está fraco e decadente.
“Nesses 40 anos, o lado derrotado foi o USA e o vitorioso foi o Irã. Eles começaram o ataque, mas não atingiram seus objetivos, por isso são perdedores”, afirmou em discurso, no dia 3 de novembro. “O USA de hoje é muito mais frágil do que o de 40 anos atrás.”, arrematou.
Já as massas populares do Irã realizaram contundentes protestos. Milhares de pessoas reuniram-se em frente à antiga embaixada do USA, em Teerã, no dia 4 de novembro, para comemorar a histórica invasão popular ao prédio realizada em 4 de novembro de 1979, durante a chamada “Revolução iraniana”.
Bandeiras do USA e de Israel – enclave mantido pelos ianques no Oriente Médio – foram incendiadas e, aos milhares, foi bradada a palavra de ordem Morte ao USA!, Nós pisoteamos o USA! e Não negociaremos!.
A “Revolução iraniana” foi um grande levante das massas populares que combateram o regime autocrático e pró-imperialismo ianque encabeçado pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, que impunha um regime de miséria e repressão brutais. Essas lutas das massas convergiram com uma agitação dos xiitas insatisfeitos com a “abertura cultural pró-ocidental” que o regime realizava na época. Assim, o levante passou a ser dirigido por um setor xiita da grande burguesia e do latifúndio ligados ao social-imperialismo soviético, dando lugar ao atual regime, instaurado em 1979.
Desde então, quando perdeu essa importante semicolônia, o imperialismo ianque tem no Irã um objetivo a ser conquistado a curto prazo, isto é, subverter o atual regime e colocar em seu lugar um outro gerente de turno subserviente aos interesses do USA.