Exemplo de um drone MQ-4C, o modelo que foi abatido pela Guarda Revolucionária do Irã. (Foto: U.S. Navy/Northrop Grumman/Bob Brown/Agência Reuters)
Na madrugada do dia 20/06, a Guarda Revolucionária do Irã abateu um drone de vigilância ianque com um sistema de mísseis terra-ar depois que a aeronave violou seu espaço aéreo e ameaçou sua soberania e segurança nacionais. O drone foi derrubado ao passar sobre a província iraniana de Hormozgan, no Estreito de Ormuz, próximo ao Golfo de Omã.
Após o incidente, Donald Trump publicou, em sua conta oficial numa rede social, que “o Irã cometeu um erro muito grande”, e logo em seguida o preço do petróleo no mercado disparou, temendo uma nova crise petrolífera. Na bolsa de Nova York, o barril do petróleo chegou a aumentar 6,3%, alcançando o valor de quase 60 dólares a unidade.
O comandante-chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, defendeu a derrubada do drone ao dizer que as fronteiras do Irã são a “linha vermelha” de sua corporação e que não toleraria que as desrespeitem e invadam. Segundo ele, a ação de defesa do Corpo dos Guardiões da Guarda Aérea do Irã (IRGC) foi uma evidência de “como a nação iraniana lida com seus inimigos”.
A Guarda Revolucionária foi assim batizada após a “revolução islâmica” de 1979 no Irã, e apesar do nome, não é uma força revolucionária. Ao contrário, a Guarda compõe as Forças Armadas e é parte do Estado de grandes burgueses e latifundiários locais a serviço do imperialismo, principalmente russo. No entanto, tem cumprido o papel de defender a integridade territorial e a soberania da nação iraniana em períodos de agressões e provocações do imperialismo ianque.
Sequência de provocações e agressões ianques
O ataque ocorreu uma semana depois de o USA culpar o Irã pela explosão de dois navios petroleiros também no Estreito de Ormuz, no dia 13/06. Os ianques primeiro lançaram acusações e só depois começaram a buscar evidências para comprová-las, e tentou forjar uma evidência com o argumento falho de que os fragmentos recuperados de um dos navios teria uma “semelhança” com minas usadas no Irã. Por isso, o Irã já estava em estado de alerta quanto a possíveis novas afrontas dos ianques.
Em seguida, no dia 17/06, o governo iraniano anunciou que, em breve, ultrapassará o limite da quantidade de urânio enriquecido em seu estoque, o que significaria romper com um dos principais pontos do acordo nuclear de 2015 e daria condições de o país desenvolver seu programa de desenvolvimento de armas nucleares, como armas defensivas. Em 2018, Trump já havia retirado o USA do pacto nuclear, bem como impôs sanções econômicas ao Irã e limitou o comércio exterior do país principalmente no que diz respeito à venda de petróleo (motivos suficientes para o Irã romper com o pacto).
Além disso, de acordo com a emissora iraniana Irib, o secretário do conselho de segurança iraniano, Ali Shamkhani, informou também no dia 17 que diversos agentes da CIA foram presos após se descobrir um grande esquema de espionagem contra o Irã.
Após esse anúncio, o Pentágono anunciou imediatamente o envio de mais de 1 mil soldados para o Oriente Médio, mesmo já tendo despachado, em maio de 2019, um contingente de 1,5 mil soldados para a mesma área, crescendo exponencialmente sua ocupação militar na região. A região do Golfo de Omã é responsável por um terço da produção mundial de petróleo e é também uma das principais vias de transporte desse petróleo, sendo de grande interesse econômico para o imperialismo ianque.
No dia 19/06, horas antes da derrubada do drone, congressistas do USA denunciaram o seu Secretário de Estado, Mike Pompeo, e diversas autoridades militares do Pentágono de tentarem convencê-los sobre uma conexão entre o Irã e a Al-Qaeda. Segundo o monopólio de imprensa The New York Times, a intenção é utilizar novamente a autorização dada pelo Congresso do USA em 2001, após os atentados do 11 de setembro, para uso de força militar em solo estrangeiro a fim de permitir o USA a declarar guerra ao Irã sob a justificativa de confrontar a Al-Qaeda e seus aliados. Essas ameaças ianques se assimilam imensamente com os antecedentes à guerra de invasão e ocupação ao Afeganistão, em 2001, e, posteriormente à guerra colonial no Iraque, em 2003, podendo se repetir, dessa vez, com o Irã.