Manifestantes tomam as ruas para exigir liberdade para Mumia Abu-Jamal. Foto: Emma Lee
No dia 24 de abril, no dia do 67º aniversário de Mumia Abu Jamal, militantes e ativistas realizaram a primeira de duas manifestações na Filadélfia exigindo sua libertação da prisão, onde ele está cumprindo atualmente uma pena perpétua pelo suposto assassinato de 1981 do policial da Filadélfia Daniel Faulkner. Também ocorreram manifestações na cidade de Oakland, Califórnia.
Abu-Jamal, jornalista, ativista e membro do Partido dos Panteras Negras, escreveu sobre a brutalidade policial e tornou-se um apoiador do grupo MOVE, cuja sede na Filadélfia Ocidental foi bombardeada pela cidade da Filadélfia em maio de 1985.
Abu-Jamal, atualmente, se encontra com a saúde debilitada e se recuperando de uma cirurgia cardíaca no início daquela semana.
Entretanto, Johanna Fernandez, professora de história no CUNY-Baruch College em Nova York, disse que Abu-Jamal permanecia forte frente à repressão e ao seus problemas de saúde. Ela também exigiu o fechamento do departamento de antropologia da Universidade de Princeton por conta do papel exercido junto à Universidade da Pensilvânia no mau trato dos restos mortais das crianças mortas quando a Filadélfia lançou uma bomba sobre a organização MOVE em 1985.
“Os ossos de uma criança, espero que essa criança assombre essas instituições e seus professores até seus túmulos”, disse Fernandez.
Os ativistas e democratas que apoiam Abu-Jamal dizem que novas provas encontradas e liberadas pelo procurador do distrito da Filadélfia mostram que Abu-Jamal foi incriminado, e eles estão procurando que seja revisto pelo Tribunal de Justiça da Filadélfia. Seis caixas foram liberadas como parte do processo de apelação em andamento do Abu-Jamal.
Fernandez, que também é membro de sua equipe jurídica, disse em uma entrevista que as novas provas mostram má conduta do promotor, parcialidade racial na seleção dos jurados e supressão das provas de exculpação.
Uma prova inclui a nota manuscrita de uma testemunha-chave da acusação no julgamento original. Se trata do taxista chamado Robert Chobert que pediu dinheiro ao advogado de acusação e disse que estava disposto a assinar qualquer coisa, de acordo com Fernandez.
“Isto sugere que Robert Chobert foi subornado pelo promotor na época”, disse Fernandez. “Este caso precisa ser revisto imediatamente, dada a magnitude das novas provas”. Em casos anteriores em que este tipo de evidência surgiu, o réu ou foi liberado ou teve um novo julgamento imediato”.
Quem foi Mumia Abu-Jamal?
Mumia Abu-Jamal ficou conhecido enquanto jornalista pela sua colaboração com uma rede de emissoras populares e antirracistas, especialmente pelo seu programa de rádio, chamado “A voz dos sem voz”. Por meio desses veículos de comunicação denunciava a violência policial contra as massas.
Na década de 1970 Jamal passou a compor uma lista de pessoas que ameaçavam a segurança nacional. É, portanto, um prisioneiro político do Estado imperialista ianque, condenado à morte e só em 2008 a Corte Americana converteu a sentença de morte em prisão perpétua por considerar que “foram dadas instruções erradas ao júri”.
Hoje aos 67 anos, 40 anos depois da sua prisão, no dia 3 de março Jamal testou positivo para Covid-19 enquanto estava preso na Instituição Correcional Estadual. De lá para cá, ele já perdeu quase 15 quilos, encontra-se altamente debilitado e mesmo assim, o tratamento médico lhe foi recusado.
Manifestação em Oakland, Califórnia, pela libertação de Abu-Jamal.