Desde o dia 11 de abril o povo de Minnesota, na cidade de Brooklyn Center, estremece as bases do Estado imperialista em protestos após o assassinato do jovem preto, Daunte Wright, pela polícia. O assassinato arbitrário do jovem ocorre em menos de um ano desde o assassinato de George Floyd, na cidade vizinha, em Minneápolis e enquanto corre o julgamento de seus assassinos policiais na mesma cidade.
Daunte Wright tinha 20 anos de idade e era pai.
A morte do jovem se deu em um momento que a região que se encontra a cidade de Brooklyn Center, a poucos quilômetros de Minneapolis, se encontrava no limite das tensões entre o Estado imperialista e as massas populares, devido ao julgamento do assassino de George Floyd na cidade em que ocorreu o crime.
A morte de Daunte veio para romper o véu de “a justiça está sendo feita” que tentava se criar pela mídia monopolista e Estado em volta do espetáculo montado para o julgamento de Derek Chauvin.
A comoção que resultaria na morte de Daunte começou com algo simples: de acordo com a família, ele foi parado enquanto dirigia o carro da mãe, que tinha pendurado no parabrisa um acessório purificador de ar, o que viola as leis de segurança na estrada do estado de Minnesota.
Enquanto era interrogado pelos policiais, Daunte mantinha o contato com sua mãe por uma chamada de telefone e com o irmão através de troca de mensagens. Os dois sabiam que o jovem havia sido parado pelos policiais e estavam dispostos ajudar fornecendo informações sobre o veículo. A namorada de Daunte, mãe do seu filho, estava no banco do carona.
A mãe de Wright afirma que, pelo telefone, ouviu os policiais pedindo para que ele saísse do carro.
Havia um mandado para sua prisão, por não ter comparecido a uma audiência online pelo aplicativo zoom. Logo após os policiais confirmarem essa informação, Daunte foi morto.
A policial responsável pelo assassinato, Kim Poter, “confundiu” a arma de teaser pela arma de fogo. A informação foi dada pela polícia local. Entretanto, o pai de Daunte questiona: como pode uma profissional de 26 anos de ofício confundir algo do tipo e alvejar mortalmente um jovem negro por “engano”. Além disso, houve a tentativa, por parte dos chefes de polícia, de esconder a identidade da policial das massas.
No dia 11/04, poucas horas depois de Daunte ter sido morto, centenas já protestavam do lado de fora da sede da polícia em Brooklyn Center. Diante disso, a Guarda Nacional foi mobilizada para a repressão das massas, e um toque de recolher foi declarado até o próximo dia.
Não se intimidando, os manifestantes responderam às balas de borracha e gás lacrimogêneo atirando pedras e outros objetos contra o Departamento de Polícia de Brooklyn Center e carros da polícia.
O governador de Minnesota impôs um toque de recolher das 19h às 6h de terça-feira para três condados que incluem Brooklyn Center, Minneapolis e a capital de St. Paul. A “maior presença policial” na história de Minnesota foi chamada para patrulhar as Cidades Gêmeas, disse ele.
Um dia depois, em 12/04, à noite, centenas de pessoas se manifestaram em frente ao departamento de polícia em um dos bairros operários de Minneapolis pelo segundo dia consecutivo.
Em confronto com a polícia que em menos de um ano assassinara George Floyd, e que tentava impedir agora o direito ao protesto das massas com gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e spray de pimenta; a multidão rebelada atirou fogos de artifício, tijolos, garrafas e outros projetos contra as forças de repressão.
A operação conjunta das forças do velho Estado locais que já se encontrava em peso na cidade e atuava durante o julgamento de Derek Chauvin, para reprimir qualquer eventual levantamento das massas, se chama “Operação Rede de Segurança”.
Em 13/04, 60 pessoas foram presas durante confrontos com a polícia, que envolveram desde fogos de artifício a outros objetos para a autodefesa dos manifestantes, que respondiam aos dispositivos de repressão empregados pelas forças do Estado imperialista, depois da declaração de dispersão do protesto.
Os manifestantes também atacaram as cercas da delegacia de Brooklyn Center, dentro das quais se encontravam os policiais.
Em outras cidades do USA, protestos em solidariedade
Em Columbus, Ohio, manifestantes invadiram a sede da polícia, que foi trancada com algemas, de acordo com o jornal estudantil The Lanternus, em rechaço ao assassinato de Daunte. A polícia os atacou com spray de pimenta.
Dezenas de pessoas marcharam no centro de Sacramento, Califórnia, enfrentando a polícia em um complexo comercial lá,
Uma multidão também se manifestou em Chicago no dia 13/04 à noite, exigindo justiça para Daunte Wright e Adam Toledo, um garoto de 13 anos morto por um policial de Chicago no final de março.
Em Seattle, quase uma centena de pessoas realizaram uma vigília em homenagem à Wright, sendo que uma pessoa foi presa por “desenho a giz” na calçada, atividade proibida na cidade.
Em Dallas, Texas, os manifestantes bloquearam as estradas. Enquanto os manifestantes marchavam para a Associação de Polícia de Portland, no Oregon, desencadearam fogos de artifício e a polícia declarou um motim, de acordo com o vídeo do Twitter. E na Filadélfia, mais de 200 pessoas marcharam.
Na cidade de Nova York, manifestantes bloquearam estradas e a Ponte de Manhattan em solidariedade ao povo de Minnesota e em rechaço ao assassinato pela polícia de Daunte.
Cerca de 200 manifestantes marcharam em direção a uma delegacia de polícia em Portland, Oregon. A polícia atirou balas de borracha e bombas atordoantes, ordenando que a multidão se dispersasse, com as massas então respondendo com fogos de artifício e atingindo as janelas da delegacia com outros objetos.
Em Louisville, Kentucky, onde Breonna Taylor foi baleada pela polícia há pouco mais de um ano, os manifestantes bloquearam o trânsito com mesas e cadeiras, entoando o nome de Wright.
E em Los Angeles, o xerife do condado declarou que planejava pedir que a Guarda Nacional seja colocada em prontidão para os próximos dias.
Veja aqui as imagens dos protestos em Minnesota:
Manifestantes resistem à repressão policial.
Manifestantes escala uma viatura policial.
Manifestante se emociona durante vigília realizada em homenagem à Daunte Wright.
Policial atira spray de pimenta em manifestantes por trás das grades da delegacia de polícia.