USA: Milhares protestam contra assassinato de jovem preto

USA: Milhares protestam contra assassinato de jovem preto

Milhares marcham em Mineápolis após assassinato de jovem preto. Foto: Unicorn Riot

Dois dias após o assasinato do jovem preto Amir Locke pela polícia do Estados Unidos (USA), milhares de estadunidenses protestaram em Minneapolis, a partir do dia 4 de fevereiro, e continuam protestando. As manifestações denunciam as ações bárbaras e cotidianas da polícia contra a população preta que compõem as massas proletárias do país e exigem que os policiais envolvidos fossem condenados. O crime ocorreu na mesma cidade em que George Floyd foi morto após ser asfixiado por policiais, dois anos antes.

Os protestos como um todo começaram na noite do dia 04/02, quando centenas de manifestantes se reuniram do lado de fora da casa da chefe de polícia interina Amelia Huffman cantando os nomes de Locke e Breonna Taylor, que foi morta em 2020 numa operação do mesmo tipo, conhecida como “batida sem avisar”, na qual os policiais podem adentrar na casa de quem quer que seja, legalmente, arrombando portas.

No dia 11 de fevereiro, um protesto com uma centena de pessoas foi até a 5ª Delegacia de Polícia de Minneapolis e pelo distrito de Uptown. As massas marcharam levantando barricadas nas ruas em que passava e deixando uma série de pichações denunciando o assassinato do jovem Amir Locke, assim como de outros dois jovens pretos assassinados em 2021 em Mineápolis, Dolal Idd e Winston Smith. 

O prédio da 5ª Delegacia foi rodeado por cercas de ferro e blocos de concreto na maior parte dos últimos 20 meses, desde a rebelião em resposta ao assassinato de George Floyd pela polícia de Mineápolis. Na delegacia, os manifestantes atiraram balões com tinta vermelha contra a instituição e picharam consignas como “Amir Locke”, “fica melhor pegando fogo” [sobre o prédio da delegacia] e “Atirar de volta!”. No USA é comum muitos terem porte de arma, e se auto-defenderem contra a violência policial.

Em 09/02, dezenas protestaram em frente conselho encarregado de inspecionar e treinar os chamados “policiais da paz” (como foram “renomeadas” as forças policiais após o assassinato de George Floyd) em Mineápolis. E em 08/02, milhares de estudantes saíram das suas aulas nas cidades de Mineápolis e São Paulo (cidade vizinha) para participarem dos protestos contra o assassinato e centenas marcharam até o prédio onde Locke foi morto.

Três dias antes, em 05/02, milhares de manifestantes marcharam pelo centro da cidade após uma manifestação do lado de fora do Centro Governamental do Condado de Hennepin. “Amir Locke” foi pichado nas portas de metal que estavam fechadas em frente à 1ª Delegacia. Dois manifestantes foram presos no protesto por “danos à propriedade”.

“Por que você acha que Derek Chauvin [policial assassino de George Floyd] está dentro de uma cela agora mesmo? A razão é porque queimamos aquela maldita delegacia! Nenhuma quantidade de protesto pacífico nos levará à justiça! Você vai ouvir de pessoas que falam de marchas pacíficas, pessoas que fazem parte de organizações liberais sem fins lucrativos [ONGs] que se dizem ‘ativistas celebridades’, até mesmo alguns deles trabalham para a própria cidade [o Estado]. Algumas dessas pessoas tentarão controlar sua raiva. Mas eu lhes peço, eu lhes suplico: sintam sua raiva plenamente. Fique furioso. Fique furioso!”, exclamou um manifestante durante o protesto no dia 05/02.

Jovem foi morto enquanto dormia

Amir Locke, de 22 anos, foi assassinado pela polícia de Minneapolis, que invadiu o apartamento onde ele dormia e o matou nove segundos depois de abrir a porta. O mandado de prisão preventiva que os policiais alegavam que estavam cumprindo não citava Amir Locke, mas sim o seu primo. Locke estava apenas visitando seu primo.

Na noite em que assassinaram Locke, policiais entraram silenciosamente no apartamento de seu primo com uma chave fornecida pelo locador e começaram a gritar diversos comandos quando um policial chutou o sofá em que Locke dormia. Locke carregava consigo uma arma de porte legal que utilizava para se proteger contra roubo de carros em seu emprego de entregador. A polícia atirou contra Locke logo que este acordou com os gritos e sua mão se inclinou para pegar a arma, para sua proteção, imaginando que tratava-se de um assalto contra a residência.

O mandado de “batida sem avisar”, que causou a morte de Locke, foi emitido pelo juiz Peter Cahill, mesmo juiz que presidiu a condenação do policial Derek Chauvin no assassinato de George Floyd, tão aclamado como “exemplo de penalização ao crime”. 

A equipe que invadiu o apartamento incluiu os oficiais Nathan Sundberg e Kristopher Dauble, que atualmente estão sendo processados por disparar contra cidadãos de dentro de uma van à paisana durante os protestos contra o assassinato de George Floyd.

Em novembro de 2020, sob pressão das revoltas de maio em resposta ao assassinato de George Floyd, a polícia de Minneapolis anunciou restrições aos mandados de busca e apreensão. Entretanto, as forças militares reacionárias voltaram a reprimir as massas como usualmente.

Locke estava dormindo no sofá de seu primo (alvo da batida) e estava a uma semana de se mudar para Dallas para estar mais perto de sua mãe, Karen Locke, que estava o apoiando no início de uma carreira musical.

Sua mãe declarou sobre o assassinato: “Vou sentir falta de poder ver meu filho crescer e se tornar um homem, isso é o que vou sentir falta”.

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