Moradores homenageiam, em evento do MFP (USA), mulher proletária vitimada pelo feminicídio
Na noite do dia 8, em Austin (Texas), o Movimento Feminino Popular (MFP) do USA e membros da comunidade de East Riverside fizeram uma vigília por Veneranda Martinez-Gutierrez, uma mãe solteira de três filhos que foi assassinada por seu ex-marido, Florencio Barron, em um posto de gasolina do bairro.
Para a vigília, ativistas se reuniram perto do local de sua morte com uma faixa que dizia Honra a Veneranda e montaram um pequeno memorial com sua foto rodeada de velas e flores.
Durante toda a noite, ativistas falaram sobre a necessidade de as mulheres se organizarem para lutar contra a “quarta montanha” (opressão sexual) que as aflige: “Devemos organizar as mulheres contra os abusadores e trabalhar para a revolução. Devemos nos unir com a luta do proletariado. Vamos continuar lutando contra o velho sistema de exploração”, disse uma membra do MFP do país.
As ativistas, ainda, percorreram o bairro de Riverside levando informações sobre a morte da Veneranda e solicitando doações para a família cobrir as despesas do funeral e para sustentar seus filhos, agora vivendo com outros membros da família. O MFP angariou mais de 700 dólares, doados pelos trabalhadores e trabalhadoras do bairro.
Ativistas angariam fundos para pagar pelas despesas do funeral, e apoiar a família de Veneranda
Veneranda, mãe solteira e proletária
O trágico homicídio ocorreu por volta das 5h30 da manhã, em 6 de dezembro, em um posto de gasolina, no bairro proletário de East Riverside, em Austin. Veneranda era conhecida na comunidade por vender, todos os dias, desde cedo, os famosos tamales (prato típico mexicano) em uma banquinha no posto de gasolina, muitas vezes acompanhada de seus filhos.
Seu ex-marido, Florencio Barron, que há perseguia há meses, apareceu no local armado, com o intuito de matar os filhos de Veneranda. Veneranda morreu protegendo as crianças das balas, e, após matá-la, Barron se suicidou. Os três filhos da mulher presenciaram o acontecimento.
Ativistas seguram cartaz escrito “Honra à Veneranda”, em frente ao posto de gasolina em que ela trabalhava
A trabalhadora já havia denunciado seu ex-marido diversas vezes à polícia, mas nada foi feito. Esse departamento da polícia da cidade de Austin é o mesmo que tinha na sua folha de pagamento um policial que abusava da própria filha.
Os detalhes do incidente devastaram e enfureceram as massas, não só pela perda de um membro querido da comunidade, mas também devido ao curso dos acontecimentos que levaram à sua morte.
Numerosas pessoas que conheceram Veneranda pessoalmente, ou através da compra de seus tamales, foram profundamente afetados pela tragédia, e se juntaram à vigília para fazer uma doação e refletir.
Claudia Rodriguez, membro da comunidade, cliente e vizinha de Veneranda, contou ao portal de notícias revolucionário Incendiary News como a trabalhadora e mãe solteira chegava ao posto de gasolina todas as manhãs cedo com seus três filhos para vender tamales. Ela vendia todas as manhãs antes de se apressar para garantir que seus filhos chegassem à escola a tempo.
“Ela era uma mulher muito forte, sempre cuidando de seus filhos. Sempre tentando fazer o melhor por eles”, afirmou Rodriguez, enquanto abraçava seu próprio filho ao seu lado.
Apesar do triste momento, o MFP marcou a noite com discursos combativos, não deixando o luto pela morte da moradora se transformar em derrotismo, mas sim para reforçar a revolta dos moradores locais contra o sistema de exploração, que afeta ainda mais a mulher proletária, através da manutenção da estrutura de exploração e opressão da mulher.