USA: Protestos contra assassinato de jovem preto pela polícia

USA: Protestos contra assassinato de jovem preto pela polícia

Manifestantes exigem justiça por Jayland Walker. Foto: Reuters/Gaelen Morse

Nos dias 3 e 4 de julho, centenas de americanos protestaram em Washington, capital do Estados Unidos (USA), e nas cidades de Columbus e Akron, no estado de Ohio, contra o assassinato de mais um jovem negro pelas mãos da polícia ianque. Desta vez a vítima foi Jayland Walker, de 25 anos, assassinado no dia 25/06 por aproximadamente 60 tiros de pistola disparados por agentes da Polícia de Akron.

Um vídeo foi publicado no dia 03/07 e motivou a explosão de protestos em diferentes pontos de Ohio. A gravação mostra os agentes disparando mais de 90 tiros no jovem desarmado, que fugia aparentando desespero com a situação. Após a divulgação do ataque covarde, as massas enfurecidas protestaram em diversos pontos da cidade. Em torno de 50 pessoas se reuniram em frente a uma delegacia em Akron. Outras centenas se reuniram em frente ao Cleveland Clinic Akron General, hospital da cidade. Barricadas em chamas foram erguidas, vidraças foram quebradas e bloqueios de vias foram realizados. Manifestantes de outras cidades e parentes de outras vítimas da brutalidade policial no USA foram até a cidade para prestar solidariedade em revolta com o genocídio do povo preto.

A polícia ianque reprimiu o protesto com bombas de gás e spray de pimenta. No dia seguinte, 04/07, o prefeito reacionário de Akron decretou estado de emergência. Como resultado, 50 pessoas foram presas por protestarem sob justificativa de “desrespeitarem o toque de recolher”, decretado como forma de impedir as manifestações. Vídeos mostram dois manifestantes sendo espancados pela polícia durante as detenções que ocorreram ainda no dia 03/07. Um deles é Jacob Blake Sr., pai de Jacob Blake Jr., jovem assassinado pela polícia em 2020. Como resultado da violência policial, Jacob Blake Sr. teve uma convulsão e teve que ser hospitalizado. 

No dia 04/07, em Columbus (cidade do distrito de Ohio), centenas marcharam até o Escritório de Governo da cidade. As massas ergueram cartazes contra a violência policial e entoaram o nome de Jayland Walker. 

Em Washington, capital do país, também no dia 04/07, os manifestantes bloquearam vias, elevaram seus gritos de ordem contra a brutalidade policial e incendiaram a bandeira do USA. Os agentes da repressão bloquearam a manifestação ao chegar em torno da Colina do Capitólio, quando então começaram confrontos entre manifestantes e policiais.

Bandeira do USA incendiada por manifestantes. Foto: Twitter/Wayward.streamer

90 tiros contra jovem negro

Jayland Walker estava em seu carro quando uma viatura ordenou que ele parasse por ter cometido uma infração de trânsito. O jovem, contudo, não parou imediatamente, e os policiais iniciaram uma perseguição ostensiva atrás do carro de Jayland. Minutos depois, o jovem encostou o carro, mas sob a agressiva abordagem por parte de em torno de quatro agentes, tentou fugir. Segundos após o início da fuga, desarmado, a pé e de costas para os agentes, Jayland foi covardemente executado.

Um vídeo de uma câmera corporal de um dos assassinos mostra que, depois de o perseguirem por cerca de somente dez segundos, os policiais desferiram em torno de 90 tiros, continuando a disparar mesmo depois do jovem cair. 60 dos 90 projéteis atingiram Jayland. A defesa da vítima acrescentou que os policiais ainda algemaram o jovem já severamente baleado antes de tentarem prestar qualquer auxílio.

Jayland Walker trabalhava como entregador de aplicativo na DoorDash e havia, há pouco tempo, perdido sua esposa em um acidente de carro. “Jayland era um jovem muito bondoso, ele nunca causou problema nenhum. Nós amamos o Jayland, ele era meu sobrinho querido e nós sentimos falta dele”, declarou Lajuana Walker-Dawkins, tia da vítima.

O assassinato de Jayland Walker é mais um crime cometido pela polícia do USA contra o povo pobre do país, em especial contra as massas pretas e latinas, habitantes dos bairros mais sujeitos à incursões terroristas feitas pelos agentes de repressão do Estado imperialista ianque. 

A fuga de Jayland, cinicamente usada pelos policiais assassinos para justificar sua ação brutal, ocorreu por conta dos incontáveis casos de mortes causadas pela ação das forças de repressão ianques. A polícia que abordou Jayland foi a mesma que, em 2016, assassinou Philando Castile após ele seguir cada ordem dada durante uma blitz; a mesma que estrangulou Eric Garner até a morte sob a mera suspeita de estar vendendo cigarros sem o selo de imposto; e a mesma que, no caso mais recente que gerou ondas de protesto no USA, sufocou George Floyd sob a acusação de que ele havia usado uma nota de 20 dólares falsa no mercado. Em um país com este histórico, não é de se estranhar que um jovem, pobre e preto, se desespere ao ser abordado durante a noite por quatro agentes da assassina e sanguinária polícia ianque. A revolta organizada contra o Estado imperialista ianque, por sua vez, é a única capaz de impedir a continuidade do genocídio perpetuado à séculos contra o povo.

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